Agressão à moradora no RJ
Zelador ouviu os gritos da vítima durante ronda
'Se eu demoro mais 10 ou 15 minutos, ela não estaria viva', diz zelador que socorreu vítima de agressões na Barra
Zelador contou que ouviu os gritos durante uma ronda no prédio e que chamou a polícia
O zelador do prédio onde a paisagista Elaine Perez Caparroz foi agredida no fim de semana prestou depoimento na manhã desta quarta-feira (20) na 16ª DP, na Barra da Tijuca. Juciley de Souza Andrade contou que o socorro à vítima foi feito por ele e pelos outros funcionários do prédio e que, ao contrário do que havia sido divulgado, não foi chamado por moradores do condomínio.
"Se eu demoro mais 10 ou 15 minutos, acho que ela não estaria mais viva não. Porque se o socorro demorasse mais um pouco ela não estaria viva", explicou o funcionário.
Ele contou que estava fazendo uma vistoria habitual pelo prédio durante o horário entre 3h30 e 4h quando escutou os gritos de Elaine.
"Eu praticamente salvei a vítima. Eu vinha descendo e fazendo a minha ronda e escutei o pedido de socorro e me desloquei até o apartamento. Primeiro apertei a campainha e nada de atender. Então comecei a bater na porta muito forte, então a vítima parou de pedir socorro. A minha intenção era quebrar a porta. Mas eu desci e chamei a viatura para o policial me acompanhar", explicou o funcionário.
Juciley desceu até a portaria e ligou para a polícia. Quando ele voltava ao apartamento, encontrou Vinícius Batista Serra, com quem Elaine jantou na noite anterior. Eles conversavam havia oito meses por uma rede social e marcaram de se encontrar na casa dela. Elaine disse que acordou com socos. Segundo o zelador, a roupa dele estava suja de sangue.
"Eu rendi e mandei ele sentar e aguardar a chegada da polícia. Ele não reagiu", explicou o funcionário do condomínio.
Ao retornar ao imóvel, ele contou que estava acompanhado por um policial e se chocou com o estado de Elaine, que estava consciente, mas muito machucada e coberta de sangue.
"O apartamento ficou totalmente destruído. Tinha sangue nas paredes, no banheiro. Ela estava com uma parte do corpo para o quarto e outra para o banheiro", explicou Juciley.
Segundo ele, a vítima chegou a pedir água, mas ele e o policial acharam melhor não dar e aguardar orientações dos profissionais de saúde da ambulância chamada para socorrê-la.
Elaine Caparroz ainda prestará depoimento, que ainda não havia sido tomado antes porque desde domingo (17) a vítima estava no CTI do Hospital Casa de Portugal, que fica no Rio Comprido, Zona Norte. Na terça-feira (19), Elaine teve leve melhora e saiu do CTI.
Na terça-feira, os investigadores ouviram o síndico e a subsíndica do condomínio onde mora Elaine. A subsíndica disse que as câmeras do prédio não registraram nenhuma imagem que possa ajudar na investigação. A polícia está checando câmeras das ruas próximas.
Já o síndico confirmou que Vinícius se identificou como Felipe, na portaria. Os porteiros devem depor na próxima quinta-feira (21).
Os pais do agressor Vinícius Batista Serra também foram intimados, mas não apareceram na delegacia. Vinícius está preso preventivamente, sem prazo para sair, e vai passar por um exame psiquiátrico, já que alegou ter sofrido um surto.
“Não acredito nessa possibilidade. Ele já tem um perfil violento, tanto é assim que um segurança, na medida que a vítima gritava pedindo socorro, pediu para ele abrir a porta e ele disse que não abriria. Só se arrombasse”, disse a delegada.
O estudante de direito já tinha sido acusado de violência, há três anos, pelo pai, depois de bater no irmão com deficiência e no próprio pai. Nesta terça, a delegada que investiga o caso confirmou que recebeu a informação de que Vinícius teria batido também na mãe, mas ela não quis prestar queixa contra o filho. O depoimento dos pais é importante para a polícia tentar traçar um perfil do agressor.
Fonte: g1.globo.com