Aluguel e a pandemia
No RJ, inquilinos estão com dificuldade de pagar aluguel
Inquilinos com dificuldade de pagar aluguel lotam administradoras
Mais um efeito do novo coronavírus na economia do Rio de Janeiro começa a causar problemas. Nas últimas semanas, as administradoras de imóveis, Shopping Centers e proprietários de imóveis têm recebido pedidos de inquilinos, tanto comerciais quanto residenciais, para redução do aluguel dos imóveis que ocupam, com medo do grande impacto que a COVID19 e suas consequências – como a queda vertiginosa da bolsa de valores – estão acarretando. Aquele meme que diz que o vírus “vai falir mais gente do que matar”, é mencionado pelo pessoal do segmento.
“São pedidos de redução, e até de isenção”, diz Wilton Alves, diretor de locação de uma grande administradora de imóveis no Centro do Rio de Janeiro. “Começou com inquilinos de casas e apartamentos, mas agora é uma enxurrada de pedidos de lojistas, restaurantes e até escritórios”, completa Alves. Ainda segundo ele, são inquilinos de imóveis em diversos bairros do Rio.
Valdemar Barboza, gerente do Shopping Center Paço do Ouvidor, é outro que está apreensivo. “Vejo uma redução do número de frequentadores dos shoppings, e embora comerciantes sejam famosos por chorar pitangas, não há como negar os efeitos do coronavírus”. Barboza comentou que até janeiro as coisas estavam melhorando: “alugamos muitas lojas que estavam vazias, mas agora as ligações de candidatos diminuíram bastante”. Para a ABRASCE, associação brasileira de shopping centers, os Shoppings exercem uma “função social”, agindo como “facilitador da vida das pessoas, ao oferecer serviços essenciais para a cidade”.
“Nosso percentual de inadimplência subiu de 8% para 21% este mês”, disse ao DIÁRIO Gidi Levanon, diretor de uma empresa administradora de imóveis próprios. “Os donos de lojas estão com dificuldade de pagar o aluguel, e neste momento temos que ser compreensivos.”. Segundo o executivo, que administra uma carteira de 300 milhões de reais em imóveis na capital, “quando vemos real necessidade, estamos dando descontos provisórios de até 25%”.
Dono de uma cadeia de lojas de moda jovem, X. pediu para seu nome ser mantido em segredo. Disse ao DIÁRIO que fez um pedido de redução de 50% no valor do aluguel de suas lojas em Campo Grande, Tijuca e Centro, tendo em vista a expectativa de enorme queda das vendas. “Já caíram 50% e temo que se aproximem de zero durante o período de pico do coronavírus. Somos uma marca estabelecida, e mesmo assim a dificuldade que se anuncia pode acabar com nosso comércio.”
Lucio Pinheiro, corretor especializado em imóveis comerciais também está assustado. “Três locações comerciais que eu tinha fechadas, foram canceladas pelos inquilinos. Uma psicóloga, um bar e uma empresa de informática”. Segundo ele, além da queda do número de clientes buscando imóveis pra alugar e da suspensão de negócios que estavam fechados, mesmo os clientes interessados estão evitando visitar imóveis neste período.
Adames Torres, da Sergio Castro Imóveis de Laranjeiras, disse ao DIÁRIO que teve uma queda na procura da ordem de 25% desde o início de fevereiro, mas disse que diversos proprietários estão baixando o valor dos alugueis pedidos em seus imóveis. “Quem não baixar preço não vai conseguir alugar. E uma forma que encontramos de continuar fechando negócios foi conceder carência de 2 meses, que é quando esperamos que as coisas já se tenham estabilizado”. Perguntado sobre os pedidos de desconto, Torres disse que foram dezenas nos últimos dias: “neste momento os proprietários ainda não estão vendo os pedidos com bons olhos, mas se perderem os inquilinos, vão demorar pra conseguir outros”.
“É uma pena que isso ocorra na hora em que as coisas no mercado imobiliário estavam decolando”, pontua André Toledo, da Block Imóveis do Recreio dos Bandeirantes. Segundo ele, são dezenas de emails de inquilinos pedindo desconto no aluguel, e há quem peça isenção neste período: “tem inquilino dizendo que não tem de onde tirar”. Toledo complementa fazendo o coro com Torres sobre os proprietários de imóveis “Ou ajustam pra baixo o valor pedido, ou vão ficar sem alugar”.
Fonte: https://diariodorio.com/