Quadrilhas invadem condomínios e moradores estão entre os suspeitos
Em São Paulo, ladrões invadem apartamentos quando os moradores estão fora. Eles entram sem armas e chegam pela porta da frente como visitantes.
As quadrilhas que invadem grandes condomínios mudaram a maneira de agir. Antes, os bandidos entravam armados, rendiam moradores e funcionários para roubar os apartamentos. Agora, eles entram, levam tudo e ninguém percebe. A reportagem é de César Galvão, em São Paulo.
O dono do apartamento só conseguiu tomar uma atitude ao chegar em casa: ligar o celular e gravar. Na sala, papéis e documentos espalhados pela mesa e pelo chão. Em um quarto, não dava nem para andar.
O prédio onde o comerciante mora tem seguranças particulares, câmeras, alarmes e controle na portaria. Mesmo assim, no mês passado, os ladrões entraram.
"Eu saí pra trabalhar, às 6h da manhã, quando retornei às 17h encontrei a porta toda estraçalhada, toda arrebentada", conta o comerciante Renato Amaral Oliveira.
A policia diz que os roubos a condomínios, quando os bandidos entram armados e rendem os moradores, diminuíram. Neste ano foram seis roubos, bem menos do que no ano passado, quando aconteceram 14 casos.
Os números não significam que há mais tranquilidade para quem mora em prédios. Os ladrões só mudaram a maneira de agir. Agora eles invadem apartamentos quando os moradores estão fora, entram sem armas e chegam pela porta da frente como se fossem visitar alguém.
Em agosto, ladrões invadiram este condomínio de alto padrão. A investigação mostrou que os bandidos estavam escondidos neste carro preto, importado, dirigido por uma mulher loura. É um carro clonado, que a polícia suspeita que tenha sido usado na invasão de outros dois condomínios. O carro entrou, deixou os ladrões na garagem e saiu depois de 12 minutos.
Às 13h47 da tarde do dia 11 de agosto, uma terça-feira, as câmeras de segurança mostram os dois bandidos no elevador de serviço. No vídeo, é possível, é possível reparar que um está de camiseta listrada. Eles mexem nos celulares e olham para baixo o tempo todo para evitar as câmeras, mas um deles se distrai e olha pra cima.
No 20º andar os dois saem. O de camiseta escura leva uma bolsa vazia. Pouco depois das 16h o bandido que estava de camiseta escura pega o elevador. Ele agora está de chapéu e óculos escuros e leva a guitarra da dona do apartamento. A bolsa que estava vazia fica cheia.
Quase na mesma hora o bandido que estava de camiseta listrada aparece com outra roupa no elevador de serviço. Ele agora usa a camisa do dono do apartamento, um boné da dona da casa e leva uma mala de rodinhas. Dentro das malas estão R$ 10 mil em jóias, três óculos importados, duas bolsas de grife, uma máquina fotográfica e US$ 6,5 mil em dinheiro.
Depois de quase três horas dentro do condomínio os bandidos roubam o carro da família e vão embora. A familia acha que quem planejou a ação conhecia muito bem os hábitos da casa.
"Sabia que não tinha ninguém em casa, sabe o horário que eu saio para trabalhar, sabe o horário que eu volto. Foi tudo planejado", diz a comerciante Tahiene Tarcys Dix.
A polícia investiga vários casos assim. A principal hipótese é que um morador seja integrante da quadrilha.
"Ladrões geralmente moram na região, são amigos de escola, amigos do bairro e aí fornecem informações e eles entram com facilidade do morador, colocando o ladrão dentro do condomínio", afirma o delegado José Clésio Oliveira Filho.
Fonte: http://g1.globo.com/
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