Fuzil e máscaras foram usados para assaltar edifício em Porto Alegre.
O ataque protagonizado por homens usando máscaras de palhaço em um prédio de luxo no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, na manhã de ontem, surpreendeu pela ousadia e calma com que agiram os criminosos.
Depois de ingressar no local pela garagem, como se fossem moradores, eles ficaram por duas horas dentro do Edifício Vivendas Bela Vista, onde saquearam pelo menos três apartamentos.
Com alto poder de fogo – eles carregavam pistolas, submetralhadoras e pelo menos um fuzil –, o grupo se movimentou no prédio de nove andares demonstrando conhecer a rotina, informações dos moradores e o que havia nos apartamentos. Para a polícia, é certo que eles tinham um alvo prioritário no local. Zero Hora apurou que seria um empresário. Do apartamento dele, foram roubadas joias e o maior valor em dinheiro do total que foi recolhido entre as demais vítimas.
O ingresso no edifício foi por volta das 7h. Dois carros entraram pela garagem, na Rua Liberdade, usando, provavelmente, um controle remoto – não está descartado que alguém possa ter facilitado a entrada do bando. De acordo com informações preliminares fornecidas à polícia, prestadores de serviço e até corretores de imóveis teriam acesso a esses controles. Há um apartamento para alugar no prédio. E há outro sendo reformado. O Vivendas não conta com serviço de empresa de segurança. O porteiro foi rendido e levado junto durante o ataque aos moradores, que foram todos reunidos no apartamento do terceiro andar e amarrados.
Bando era liderado por homem com distintivo da Polícia Federal
Além de agir com extrema calma e de portar armas pesadas, os criminosos tiveram o cuidado de esconder o rosto com máscaras, vestir luvas cirúrgicas e levar embora a CPU da central que capta imagens das câmeras de segurança do condomínio. O homem identificado como líder do grupo usava terno escuro e um distintivo, identificado por testemunhas como sendo da Polícia Federal.
O grupo se dividiu dentro do edifício. Enquanto uma parte mantinha os moradores rendidos e roubava bens nos apartamentos, outra monitorava os acessos do prédio, abordando também quem tentava sair ou entrar no Vivendas. Eles não agiram com violência, mas deixaram para trás vítimas nervosas e intimidadas, principalmente, receosas pelo grau de informação que demonstraram ter sobre a rotina dos moradores. Surgiram suspeitas ao menos em relação a um funcionário do condomínio.
Por volta das 9h, o grupo deixou o prédio em pelo menos dois carros. A saída foi registrada por câmeras de um prédio vizinho. Mas a imagem não permitiu a identificação precisa dos veículos. Policiais da 10ª Delegacia da Polícia Civil percorreram a pé possíveis trajetos que podem ter sido usados para a fuga dos criminosos, e listaram a presença de mais câmeras de segurança da região. As imagens serão solicitadas pela polícia. Até o final da tarde, só uma das vítimas havia feito registro na 10ª DP.
Por se tratar de ação de quadrilha organizada, a investigação do caso foi repassada, ontem à tarde, para a Delegacia de Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Delegado fala sobre assalto:
O delegado Joel Wagner deve marcar depoimentos para os próximos dias. A polícia já está comparando detalhes da ação com outros ataques a condomínios na Capital ocorridos em anos anteriores a fim de verificar possíveis semelhanças que possam levar a pistas da quadrilha.
– Vamos ouvir vítimas e começar a comparar a ação com outras ocorridas – afirma.
Sem revirar, criminosos sabiam o que procuravam
Uma equipe da Delegacia de Repressão a Roubos e Extorsões do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) acompanhou a realização da perícia no edifício onde uma quadrilha realizou assalto na manhã de ontem, no bairro Rio Branco. Conforme o titular da delegacia, Joel Wagner, é cedo para falar em suspeitos.
Segundo os apontamentos preliminares, pelo menos sete assaltantes, distribuídos em dois carros, participaram do assalto, que durou cerca de duas horas. Ao menos três apartamentos foram invadidos, mas os itens levados e o valor em dinheiro ainda não foram divulgados pela polícia.
Como a ocorrência foi repassada ao Deic, os investigadores devem chamar vítimas e testemunhas a depor – apenas algumas já foram ouvidas pelos policiais – e analisar possíveis imagens de câmeras de segurança. Preliminarmente, o delegado Wagner diz que o número de assaltantes condiz com o porte do alvo – apartamentos em bairro de luxo. Ele reforça que será investigado um possível repasse de informação privilegiada.
– É bem provável que alguém tenha repassado informações ao bando, pela forma como eles entraram (pela garagem do prédio). Mas vamos ter que investigar bem isso – concluiu Wagner.
O comandante do 9º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Francisco Vieira, suspeita que uma mesma quadrilha, especializada em roubos a prédios de luxo, esteja envolvida no assalto de ontem. Segundo Vieira, o grupo foi desmembrado e o líder segue preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), mas os demais integrantes teriam sido soltos.
Outros casos semelhantes
Três agentes da Polícia Civil deixaram o prédio por volta das 12h30min. Peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) também saíram do condomínio no mesmo horário. Segundo o diretor do IGP, Paulo Ricardo Ost Frank, foram periciados apenas dois apartamentos.
O órgão mantém contato com a Polícia Civil para verificar se há necessidade de outras perícias no prédio, já que ainda não se sabe com exatidão quantos apartamentos foram invadidos. Ele diz que as residências não estavam reviradas, o que indica que os criminosos “sabiam o que queriam”.
Não é a primeira vez que um condomínio é alvo de bandidos na região. Em novembro de 2009, assaltantes disfarçados de vendedores de flores invadiram um prédio no bairro Bela Vista, fizeram uma mulher refém e fugiram levando dinheiro e pertences dos moradores.
Em abril de 2011, um grupo de 10 criminosos invadiu um prédio, no bairro Mont’Serrat, e manteve moradores de sete apartamentos reféns por duas horas.
Fonte: http://boainformacao.com.br/
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