Assassinato no RJ
Síndica que ordenou morte de morador teve ajuda
[05/07/2021] Após confissão de homicídio, defesa apresenta carta em que suspeito inocentaria síndica da Barra do crime
Documento foi entregue à Justiça depois da audiência de instrução e julgamento, na qual Leonardo Lima confessou o crime – o que antes afirmava ter feito sob coação e a mando de Priscilla de Oliveira
A defesa da síndica Priscilla de Oliveira, suspeita de ser a mandante da morte do empresário Carlos Eduardo Monttechiari, morador do prédio que ela administrava na Barra da Tijuca, anexou uma carta ao processo que tramita na Justiça e na qual Leonardo Lima, investigado por matar Monttechiari, inocentaria Priscilla.
O documento foi entregue à Justiça depois da audiência de instrução e julgamento, que ocorreu na segunda-feira (28), e na qual Leonardo confessou o crime – o que antes afirmava ter feito sob coação-, apontou Priscilla como a mandante da ação e ainda revelou o nome de uma terceira pessoa envolvida no crime, uma amiga da síndica que teria arrumado a arma e as placas frias do carro de Leonardo.
“Essa carta foi enviada pelo Leonardo através de uma advogada para Priscilla. Ele escreveu recentemente, há pouco menos de 40 dias da audiência”, disse o advogado Norley Thomaz Lauand, que defende Priscilla.
No documento, datado do dia 28 de maio, o ex-administrador do London Green Park diz que Carlos Eduardo Monttechiari ameaçava Priscilla, e que as ameaças se voltaram para ele depois que o empresário descobriu o romance de Leonardo com Priscilla. Ele ameaçava contar tudo para a mulher do administrador e teria chegado a pedir dinheiro para não fazê-lo.
Advogado considera irrelevante
Na carta, ainda segundo Leonardo, ele diz que teria ido ao encontro com Monttechiari armado porque sabia que o empresário usava uma pochete em que parecia estar armado e que, durante o encontro, este simulou que iria sacar, o que teria levado uma reação do administrador.
Procurado pelo G1, o advogado de Leonardo Lima, Daniel Barbosa Marques da Silva disse que viu a movimentação no processo, mas a considera irrelevante.
“O que vale é o que ele disse em juízo”, disse sobre a audiência de instrução e julgamento realizada na 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro e presidida pela juíza Elizabeth Machado Louro.
Já o advogado da síndica Priscilla de Oliveira diz que que continua acreditando na inocência de sua cliente.
“Até agora não há nenhum motivo plausível para o cometimento desse crime. Nenhuma fraude foi constatada na gestão da Priscilla, ela não teria o que temer. Acredito que o Leonardo sofre de algum distúrbio mental para inventar tantas histórias e vamos solicitar algumas diligências nesse sentido”, disse ao G1 o advogado da síndica, Norley Thomaz Lauand.
Suposta envolvida também depôs na audiência
A amiga da síndica, apontada por Leonardo como participante do crime, chegou a depor na audiência de instrução e julgamento da segunda-feira(28), mas sem apresentar nenhum dado relevante para o caso. Como a fala de Leonardo foi posterior à dela, a mulher não foi confrontada sobre a possível participação no crime.
Segundo o advogado de Leonardo, ele está arrependido do que fez é só quer contribuir com a verdade.
“Ele diz que já estragou a vida dele e agora quer organizar as coisas. Falar tudo o que sabe”, diz Daniel Marques da Silva.
A defesa de Leonardo segue agora na expectativa de o Ministério Público editar ou não sua denúncia diante do novo depoimento de seu cliente.
Defesa de síndica estranha nova narrativa
Caso não haja alteração da denúncia, ela segue para a apresentação das alegações finais para a juíza do caso decidir se Leonardo e Priscilla vão a júri popular ou não.
A defesa de Priscilla Oliveira viu com estranheza a mudança do depoimento de Leonardo e disse que vai contestar o relato dele.
“Continuamos acreditando na inocência da Priscilla, pois até agora não há nenhum motivo plausível para o cometimento desse crime. Nenhuma fraude foi constatada na sua gestão, ela não teria o que temer. Acredito que o Leonardo sofre de algum distúrbio mental e iremos solicitar algumas diligências nesse sentido”, disse ao G1 o advogado da síndica, Norley Thomaz Lauand.
O crime
Priscilla de Oliveira e Leonardo Lima, supervisor do condomínio e apontado como amante dela, teriam tramado a morte do empresário Carlos Eduardo Monttechiari. Isso teria ocorrido depois que Monttechiari acusou Priscilla de desviar dinheiro do London Green Park.
Uma câmera de segurança registrou o crime, ocorrido na manhã do dia 1º de fevereiro. A princípio, a polícia tratava o caso como um latrocínio – roubo seguido de morte.
Mas a 27ª DP (Vicente de Carvalho) concluiu que o Carlos Eduardo, que já tinha sido síndico do condomínio e era opositor de Priscilla, tinha marcado para 5 de fevereiro uma assembleia a fim de apresentar um dossiê com provas contra a gestora.
Roubo quase milionário
"A vítima descobriu, com notas fiscais falsas ou fantasmas, que estavam sendo desviados mais de R$ 800 mil do orçamento do condomínio”, explicou o delegado Renato Carvalho.
Quatro dias antes da reunião, porém, o empresário foi baleado. Ele estava dentro do carro, na frente do terreno que alugava, na Vila Kosmos, na Zona Norte, quando um homem o abordou e atirou.
Atingido no tórax e no abdômen, Carlos chegou a ser hospitalizado, mas morreu no dia seguinte.
A polícia afirma que o autor dos disparos é Leonardo Lima, supervisor contratado do London Green Park, casado e amante de Priscilla.
Amassado no carro levou ao autor
Nas imagens do crime, os investigadores perceberam que o carro de onde o assassino desceu tinha um amassado na lataria. Após rastreá-lo, descobriram que o automóvel estava no nome da mulher de Leonardo.
“Esse veículo foi vinculado a um funcionário que tinha um caso extraconjugal com a síndica”, emendou o delegado.
Testemunhas disseram que Leonardo tentou modificar o veículo: colocou rodas novas e tirou adesivos. Mas o amassado na lateral permanecia.
Ao receber voz de prisão, Leonardo tentou fugir, mas acabou capturado. Ele estava com o mesmo carro usado no dia do crime.
Leonardo e Priscilla não tinham antecedentes criminais. A Polícia Civil ainda investiga quem é o motorista que ajudou o assassino a fugir.
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Priscilla de Oliveira e Leonardo Lima, supervisor de imagens do condomínio e amante da mulher, são investigados pela morte do empresário Carlos Eduardo Monttechiari na manhã do dia 1º de fevereiro
A síndica Priscilla de Oliveira e Leonardo Lima, supervisor de imagens do condomínio e amante dela, são suspeitos pela morte do empresário Carlos Eduardo Monttechiari na manhã de 1º de fevereiro. A polícia investiga a participação de outras pessoas depois que o homem teria mencionado sobre uma amiga da síndica que cedeu a arma usada no crime.
Carlos Eduardo foi baleado dentro do seu carro na Vila Kosmos, na Zona Norte. O empresário foi atingido no tórax e no abdômen e chegou a ser hospitalizado, mas morreu no dia seguinte.
De acordo com a 27ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro, evidências demonstram que a vítima descobriu fraudes no orçamento do condomínio feitas pela síndica. Além disso, Carlos chegou a marcar uma assembleia de moradores com a intenção de denunciar o caso. O valor desviado pela mulher pode chegar a R$ 800 mil.
Inicialmente, o caso foi tratado como uma tentativa de latrocínio, roubo seguido de morte. Entretanto, após depoimento de uma testemunha, com quem a vítima falava ao telefone no momento do crime, os agentes identificaram o possível autor.
O casal foi preso em março na Barra da Tijuca, Zona Oeste, depois que o carro do supervisor foi identificado como o mesmo utilizado no homicídio.
A investigação também trabalha com a hipótese de que o crime foi ordenado por Priscilla com o apoio da amiga citada por Leonardo, que teria confessado ser o autor durante depoimento à justiça.
Em entrevista ao G1, os advogados da síndica disseram: “Continuamos acreditando na inocência da Priscilla, pois até agora não há nenhum motivo plausível para o cometimento desse crime. Nenhuma fraude foi constatada na sua gestão, ela não teria o que temer. Acredito que o Leonardo sofre de algum distúrbio mental e iremos solicitar algumas diligências nesse sentido”.
A defesa do homem sustenta que ele teria sido incitado e se deixou levar pela grande preocupação da síndica em relação às acusações de fraude.
Fontes: https://www.correiobraziliense.com.br e https://g1.globo.com/