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Convivência

Ataque racista em BH

Vizinha chamou trancista de 'macaca fedida'

sexta-feira, 3 de setembro de 2021
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Trancista negra denuncia vizinha por ataque racista durante briga em BH; 'me chamou de macaca'

A investigação tramita na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Belo Horizonte

"Ouvir xingamentos racistas e insultos perto da minha filha, no dia do aniversário dela, foi triste demais".

O desabafo é da trancista Daniela Conceição dos Santos, de 38 anos, ao relatar os xingamentos racistas que ouviu de uma vizinha, durante uma discussão, em junho deste ano, dentro de um condomínio no bairro Serra Verde, na Região Norte de Belo Horizonte.

A Polícia Civil investiga o caso.

Segundo Daniela, a filha dela, de 10 anos, começou a chorar quando brincava com as amigas na área comum do prédio. A criança disse à mãe que a sobrinha de uma moradora teria "zoado" o cabelo dela.

A trancista procurou a menina e pediu para que ela não "mexesse" com sua filha.

"Falei educadamente, não briguei, só pedi para que ela não 'zoasse' minha filha mais e voltei para casa onde eu estava com cliente fazendo tranças. Quando cheguei em casa com minha filha, a tia da menina, que mora no condomínio, começou a bater na minha porta, me xingar, chutar a porta e me insultar, até que em um momento ela me chamou de 'macaca fedida'", contou a trancista.

Segundo Daniela, a vizinha que teria feito os xingamentos racistas também é negra.

De acordo com a vítima, a confusão aconteceu no dia 13 de junho, data que seria comemorado o aniversário da filha, mas após o ocorrido, ela decidiu não fazer a festa. "Não tinha clima", disse.

No dia seguinte, a trancista procurou uma delegacia da Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência.

O advogado de Daniela, Jean Tulio Cardoso Neto, disse que trata-se de injúria racial.

"Apesar de se tratar de mais um infeliz episódio de racismo, a conduta se adequa juridicamente ao crime de injúria racial, que é uma ofensa qualificada pela utilização de elementos referentes à cor da vítima e tem pena reclusão de até 3 (três) anos e multa", disse ele.

Em nota, nesta quarta-feira (1º), a Polícia Civil informou que instaurou procedimento para apurar o caso e ouvir os envolvidos. A investigação tramita na 1ª Delegacia de Belo Horizonte e "mais informações serão repassadas em momento oportuno", segundo a corporação.

"Não desejo nem para meu pior inimigo, sentimento muito ruim. Eu ensino meus filhos que todos somos iguais e merecemos respeito, ficamos muito tristes".  

https://g1.globo.com/

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