Moradores de condomínio na Serrinha reclamam de atraso para entrega de apartamentos
Entrave entre Caixa Econômica e Construtora gerou atraso de quase 2 anos no empreendimento
O sonho de morar na casa própria acabou se tornando um pesadelo para um grupo de pessoas que resolveu adquirir um apartamento localizado no bairro da Serrinha, em Fortaleza. Previsto para ser concluído em dezembro de 2011, o condomínio Brisas da Serra, empreendimento da construtora Época Engenharia, composto por 3 torres de apartamentos e pertencente ao programa 'Minha Casa, Minha Vida', da Caixa Econômica Federal, ainda não foi totalmente entregue aos moradores, pois o terceiro bloco do empreendimento ainda não foi concluído. A denúncia chegou à redação web do Diário do Nordeste através da ferramenta Vc Repórter. Para piorar a situação, a obra da torre pendente está parada há mais de 1 ano, segundo os proprietários dos apartamentos.
Fernando Almeida, um dos que adquiriu o imóvel e espera sua conclusão, disse que o valor referente à entrada do negócio já foi quitado. "Eu já paguei R$ 20 mil, mas tem gente que já pagou R$ 40 mil. O total do valor do imóvel é de R$ 110 mil e a entrada já foi paga", reclama.
Fernando disse também que a construtora e a Caixa Econômica Federal se eximem de culpa pelo atraso nas obras. "A construtora joga a culpa na Caixa, que diz que a culpa é da construtora. Enquanto isso, o tempo passa e ninguém consegue uma resposta convincente", desabafa, acrescentando que muitos proprietários já entraram na Justiça, mas que também não obtiveram êxito.
Segundo Brandon Santos, também proprietário de uma unidade na torre que enfrenta o problema, o contrato de venda do imóvel diz que o empreendimento tinha que ser entregue aos proprietários até o dia 31 de dezembro de 2011, com ressalva para um eventual atraso de 180 dias.
"A última torre não tem qualquer previsão de término. Vários contatos foram realizados com a construtora e não obtivemos nenhuma satisfação; apenas o que nos repassam é que trata-se de um desentendimento com a Caixa Econômica Federal e nós, clientes, estamos pagando por isso", protesta.
Moradores das duas outras torres também passam por transtornos
Mesmo as famílias que já estão instaladas no Brisas da Serra não escapam de passar por alguns problemas. O aposentado Nilo Gomes mora em uma das torres desde março de 2012, mas sua chegada ao local também não foi de forma tranquila. "Foi preciso eu 'invadir' o apartamento, mesmo quando ele ainda não estava totalmente concluído. Eles (construtora) já haviam adiado a entrega por duas vezes, então resolvi entrar 'na marra'. Então, outras pessoas foram invadindo, invadindo, até que, no dia 31 de março daquele ano, houve um 'coffee break' e a torre foi entregue oficialmente concluída", relata.
Segundo Nilo, a construção, mesmo após terminada, ainda tem alguns problemas no acabamento. "Tem uma parte externa que é toda revestida de cerâmica. Parte dessa cerâmica já caiu e nós que tivemos de recolocar. Há outra parte que está na iminência de cair e a gente já tem medo até de passar por perto", conta.
O problema da torre inacabada também prejudica os moradores das duas outras torres, de acordo com o aposentado. Ele conta que uma academia e um salão de festas estão previstos para serem construídos no local onde as obras estão paradas. "No panfleto que recebemos, nos prometeram 2 salões de festas e uma academia. Só temos um salão de festas, porque o outro salão e a academia estão previstos para ser construídos no Jasmin (torre inacabada). A gente pagou por isso e não tem direito", reclama.
Caixa diz que empresa não apresentou módulo à instituição
Através de sua assessoria, a Caixa Econômica Federal disse que financiou apenas os módulos I e II do condomínio. Segundo o órgão, a apresentação do terceiro módulo à instituição ainda está pendente por parte da construtora. Ainda de acordo com a Caixa, assim que o módulo for apresentado pela construtora ao banco, o financiamento será liberado.
Representante da construtora diz que problema deve ser resolvido até o início de janeiro de 2014
Alexandre Moura, engenheiro responsável pela obra e coordenador da construtora Época Engenharia, afirmou que a empresa já está buscando reunir os moradores a fim de que eles apresentem toda a documentação necessária para que seja possível dar entrada no financiamento junto à Caixa.
Ainda segundo o engenheiro, no momento em que o financiamento for aprovado pela Caixa, as obras terão sequência. Alexandre também disse acreditar que, entre o final de dezembro e o início de janeiro, o problema estará resolvido. O responsável pela obra, entretanto, rebate as acusações de que os serviços estejam atrasados.
"Na verdade, estamos investindo cerca de R$ 2,5 milhões com recursos próprios, sem nenhuma verba da Caixa, só para poder antecipar a obra", disse, alegando que o prazo de conclusão da obra só pode ser estipulado após o financiamento da Caixa ser aprovado e que o valor pago pelos proprietários foi utilizado em despesas administrativas de venda, como compra do terreno e documentação.
Indagado sobre o problema das falhas nos acabamentos, Moura disse que nunca foi notificado sobre o problema e que a construtora providenciará o reparo do defeito tão logo seja comunicado pelos moradores.
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/
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