Remoção de publicidade em prédios pode aumentar condomínios no Rio
Instituição no Jardim Botânico pode perder 40% de sua renda com medida. Prédio no Centro da cidade pode aumentar taxa mensal em 30%.
Há oito anos a instituição espírita Aliança do Divino Pastor (ADP) fechou um contrato, com uma firma de publicidade, para que fosse colocado um outdoor sobre o portão de entrada da casa, no número 94 da Rua Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Desde então, cerca de 40% do orçamento da entidade são pagos pelos anúncios de filmes, que nunca podem ter temas violentos ou sexuais, segundo a presidente da ADP, Sara Gamper.
No entanto, com o decreto da prefeitura publicado na quarta-feira (2), que proíbe parte da publicidade em 22 bairros do Centro e da Zona Sul, que compõe a recém-criada Zona de Preservação Paisagística e Ambiental 1 (ZPPA-1), a ajuda de custo pode acabar para a ADP e para muitos condomínios que se beneficiam dos outdoors.
A nova medida, chamada Rio Limpo, tem como objetivo valorizar e preservar o patrimônio paisagístico e cultural do Rio, diminuindo a poluição visual e a degradação ambiental, segundo a Secretaria especial de Ordem Pública do Rio (Seop). Outdoor e letreiros publicitários instalados nas coberturas e laterais de prédios nessa região devem ser removidos imediatamente. As lojas e empresas que descumprirem a regra serão multadas.
De acordo com Sara, caso haja realmente a retirada da publicidade, a instituição vai sofrer bastante com o impacto e pode vir a ter problemas.
“Quando fechamos este contrato, há oito anos, foi uma tranquilidade para nós, porque antes chegávamos a ter dificuldade para honrar os compromissos da casa”, contou.
A presidente da ADP explicou ainda que a instituição não recebe qualquer auxílio do governo, seja federal, estadual ou municipal, mas é mantida pelos sócios e por doações.”Caso aconteça, vai ser um impacto muito grande, porque temos uma creche com 30 crianças, fazemos trabalhos sociais, ajudamos idosas...”, enumerou.
O advogado Fernando Fernandes também se mostrou irritado com a decisão da prefeitura e já está envolvido em reuniões com outros condôminos para avaliar a situação do edifício onde tem escritório, no número 200 da Avenida Beira Mar, no Centro do Rio. “O nosso condomínio vai quase dobrar, porque o edifício é pequeno”, afirmou.
De acordo com Fernandes, a publicidade rende de R$ 15 mil a R$ 18 mil por mês para o prédio, o que representa mais de 30% do orçamento do condomínio. “Hoje pagamos R$ 700, mas com isso, o valor da taxa mensal por apartamento deve passar a R$ 1 mil, R$ 1,1 mil”, contou.
O número 194 da Avenida Franklin Roosevelt, também no Centro, é mais um dos que deve perder a ajuda de custo dada pelos outdoors, e alguns dos condôminos acreditam que a propaganda estampada ali não atrapalha a cidade.
“Não prejudica em nada. É claro que tem que ter algumas características específicas para não poluir. Por exemplo, se fica afastado, se está na lateral do prédio, coisas assim, não tem problema”, afirmou o advogado Antônio Vitagliano.
Outra polêmica que o decreto da prefeitura tem criado entre os administradores dos edifícios é a remoção das armações da fachada dos prédios. Fernandes não aceita a imposição e diz que vai brigar por isso. “Isso é ilegal. A propaganda eu tiro, mas a armação não vou tirar não”, afirmou.
Ele contou que o primeiro contrato com o prédio foi feito há mais de 10 anos e a armação foi colocada em troca de quatro meses grátis para o primeiro anunciante.
Fonte: http://g1.globo.com
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