Barulho em festa
Polícia põe fim à reunião em apartamento no DF
PMs acabam com festa no DF, são xingados e acusados de violência
Corporação foi chamada por conta de barulho em um prédio no Guará, na madrugada de domingo (23/8). Vídeo mostra confusão
Uma reunião de amigos em um apartamento na QI 12 do Guará I terminou em confusão na manhã desse domingo (23/8). Policiais militares foram acionados pelo síndico do prédio devido ao barulho que os moradores teriam feito durante toda a madrugada. Ao encerrarem a festa, porém, os PMs foram xingados e reagiram com uma abordagem que os civis qualificaram como violenta.
Imagens feitas por moradores registraram a confusão (confira aqui).
Segundo a moradora do apartamento, que pediu para não ser identificada, ela e o marido receberam um casal de amigos na noite de sábado (22/8). O encontro de amigos durou toda a madrugada, seguindo até a manhã seguinte, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus.
Ao Metrópoles, ela admitiu que o grupo ouviu músicas e conversou em tom elevado durante a festa, mas alega que “não foi algo que impediria alguém de dormir”. “Estávamos bebendo com amigos no apartamento, mas não era uma festa absurda. Ouvimos música na televisão”, disse.
A mulher conta que tem dois filhos pequenos, e eles conseguiram dormir com o barulho. Já ela foi para cama “por volta de 2h, pois tinha que trabalhar no outro dia”. “Quando saí, umas 8h, já vi o síndico chegando ao meu apartamento”, contou.
Segundo a moradora, o marido “fica um pouco agressivo” quando bebe e, portanto, ela teria dito para ele não receber o síndico. “Quando ele chegou, não tinha mais nenhum tipo de barulho. Eu falei para o meu marido não abrir a porta. Aí, o síndico foi embora, mas voltou depois com a PM”, narrou.
Discussões
Em um primeiro vídeo feito por um dos presentes no apartamento, um policial aparece com uma arma de fogo na mão, na porta da residência, enquanto discute com o morador do local. Durante a conversa, o morador se exalta e chama o militar de “vagabundo”. Após o xingamento, outro PM solicita reforço.
“Meu amigo falou que não iria falar com eles, porque o policial estava com a arma em punho. Então, fechou a porta e ligou para o 190. Depois, chegaram mais policiais, em quatro viaturas. Quando abriram a porta, os PMs invadiram e um deles agrediu a minha amiga”, relatou a moradora.
Uma segunda gravação registrou o momento em que os militares entram no apartamento, de maneira violenta. De acordo com a moradora, durante a abordagem, policiais dispararam com uma arma de choque contra a sua amiga que filmava a confusão.
“Um policial alegou que ela jogou uma garrafa nele, mas como ela iria fazer isso com os policiais todos armados ali?”, questionou.
O que diz a PMDF
Segundo a PMDF, a corporação foi acionada pelo síndico do bloco para atender a ocorrência. Conforme relatos ouvidos pelos militares, moradores “tiveram que ir ao hospital, pois estavam passando mal devido à perturbação”.
Quando os policiais chegaram ao local, de acordo com a corporação, “de longe, já puderam ouvir a música e as conversas”. O síndico ainda teria tentado dialogar com os moradores, mas sem sucesso. Pelo lado de fora, militares disseram ter ouvido frases ofensivas e palavrões direcionados a eles.
“Os policiais tentaram entrar em contato com os moradores e, só após a terceira tentativa, o proprietário do imóvel abriu a porta do apartamento, mas já os recebeu com atitude hostil, não deixando os policiais falarem, questionando a presença dos mesmos. Após chamá-los de vagabundos, fechou a porta e a trancou”, informou a PMDF, em nota.
Ainda conforme a corporação, o grupo foi algemado no apartamento por demonstrar “grande resistência”. “Na ação, um policial ficou ferido na mão, e foi necessário o uso do Spark (arma de choque) para conter uma das pessoas”. A PM não informou contra quem foi feito o disparo com a arma de choque.
O morador e o casal de amigos foram encaminhados à 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), onde foi registrado um boletim de ocorrência por perturbação, resistência e desacato.
A primeira versão deste texto constava que os autores assinaram um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foram liberados em seguida, mas um dos conduzidos à DP entrou em contato para dizer que eles apenas prestaram esclarecimentos e foram autorizados a voltar para casa, sem assinar TCO.
Fonte: https://www.metropoles.com/