BH X Eleição de síndica
Moradores acionam Justiça para anular assembleia
Moradores do Edifício JK entram na Justiça para anular assembleia que elegeu síndica
Maria das Graças Lima está no cargo há 37 anos. Segundo moradores, durante assembleia, a atual síndica exigiu que a candidata à vaga desse um cheque caução de R$ 4 milhões, mas advogado conseguiu impugnar esta cláusula
Moradores do tradicional Edifício JK, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, entraram na Justiça para anular a assembleia que elegeu Maria das Graças Lima síndica do condomínio. Ela está no cargo há 37 anos. A eleição aconteceu no dia 4 de novembro em uma reunião tumultuada.
A reunião, realizada no auditório do Cruzeiro Esporte Clube, na Rua dos Guajajaras, teve participação de 30 dos 5 mil moradores que residem no edifício. A votação foi presidida pelo advogado do conjunto, Ércio Quaresma.
"Não deu tempo de concorrer. Eles falaram que a gente estava concorrendo, mas não foi verdade, não tínhamos nem chapa formada, porque não avisaram que teria assembleia com o tempo mínimo necessário para nos organizarmos. Por tudo isso, nós acabamos reunindo mais moradores e entramos já com uma assessoria jurídica condominial paga, a gente está com esse grupo de trabalho para viabilizar que a assembleia possa acontecer de maneira democrática. A ação pede a anulação da assembleia", disse a tradutora Julieta Boedo, única moradora do JK que tentou concorrer com a síndica à vaga.
A moradora ainda contou que a atual síndica, Maria das Graças Lima, exigiu um cheque caução de R$ 4 milhões para que a chapa opositora pudesse participar do pleito. O advogado de Julieta conseguiu impugnar esta cláusula.
"Na verdade, a gente quer concorrer para a administração, mas percebemos que a maneira como as eleições são feitas, com as assembleias, é um esquema para perpetuar a mesma administração a de eterno. A gente viu que não teria como concorrer", contou Julieta.
A defesa de Maria das Graças Lima negou falta de transparência nas eleições e disse que moradores não tiveram competência para a formação de uma chapa contrária à da síndica.
"A princípio, cumpre esclarecer que o Condomínio do Conjunto Kubitschek é um dos maiores de Belo Horizonte, quiçá de Minas Gerais, tratando-se de conjunto arquitetônico composto por dois blocos, denominados Bloco A e Bloco B, que somam mais de mil unidades residenciais, com aproximadamente 5.000 (cinco mil) moradores de culturas e posições sociais heterogêneas, além de imóveis comerciais e Terminal Turístico, razão pela qual a Síndica tem de administrar com mãos de ferro, mas sem abusos, tratando todos de maneira isonômica, tratamento este que alguns pouquíssimos condôminos, não concordam, e por isto, insistem em travar oposição à administração da Sra. Maria Lima das Graças", falou a defesa, na ação.
Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1952, o conjunto Governador Juscelino Kubitschek tem 1.086 apartamentos de 13 tipos diferentes.
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