Bicicletários obrigatórios
No Recife, revisão da lei de edificações deve entrar em vigor em 2017
Bicicletários serão obrigatórios
Mais espaço para as bicicletas nos condomínios e estabelecimentos comerciais do Recife. É o que prevê a revisão da lei de edificações, em vigor há 10 anos, já aprovada na Câmara de Vereadores e que pode passar a vigorar em 2017.
O novo texto estabelece a exigência de bicicletários nos edifícios, oferecendo o número de vagas equiparado à quantidade de apartamentos.
Para as lojas, restaurantes e demais pontos de lazer ou serviços, devem ser oferecidos 20% das vagas destinadas ao estacionamento de veículos.
A medida deve valer apenas para novas construções, mas sinaliza a adequação daquelas já existentes.
Para quem costuma pedalar, a mudança é vista com bons olhos. Já síndicos e empresários demonstram preocupação, alegando dificuldades estruturais e peso no bolso.
No edifício Barão de Souza Leão, no bairro de Boa Viagem, são 198 unidades habitacionais e mais 15 lojas, o que implicaria em cumprimento aos dois segmentos.
Hoje, moradores e clientes contam com apenas 20 paraciclos.
“A ideia é boa, mas a nossa realidade é bem difícil. Não dispomos de espaço físico e acabamos ocupando a calçada do lado de fora, sem oferecer segurança”, revelou o síndico Aldo Bispo. O prédio, erguido há 40 anos, se mostra distante da priorização às bicicletas.
Pela lei, as novas construções deverão indicar, já no projeto, as áreas destinadas a veículos automotores e de bicicletas.
Os modelos devem seguir a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos), passível de ajustes. A promessa é de ampliação na fiscalização, até mesmo com a aplicação de multas.
Novos empreendimentos no Recife já começam a se adequar à geração sobre duas rodas. Outros, ainda destoam.
No edifício Morada dos Rios, na Iputinga, Zona Oeste, não existe uma vaga sequer. “Somos obrigados a subir pelas escadas e apertar a bicicleta no quarto ou na cozinha. Acaba sendo um transtorno utilizá-la”, revelou a moradora Fernanda Santos, 33.
A Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) acompanhou de perto a construção do Projeto de Lei.
Conforme a entidade, o conceito replica exemplos bem-sucedidos de outras cidades, a exemplo de Curitiba, no Paraná, e a capital São Paulo. “Uma vaga dedicada a um carro é capaz de abrigar, no mínimo, 10 bicicletas.
"O que a lei nos traz agora simboliza a necessidade de repensar o nosso espaço, seja público ou privado, pensando-se em mais mobilidade e qualidade de vida”, defendeu Guilherme Jordão.
Para ele, não existiriam problemas também no comércio. “Essa valorização atrairia mais clientes”, assegurou.
No edifício Pier Maurício de Nassau, no bairro de São José, os bicicletários existem, mas ainda não conseguem atender à demanda. São 76 apartamentos, com a maioria dispondo da média de três bikes.
“A bicicleta se tornou um meio de transporte para muita gente. Não apenas para o lazer, mas também como ferramenta para quem trabalha mais perto”, opinou o encarregado de operações Valmir Pereira, 48.
E quem não encontra espaço, acaba recorrendo a outros métodos, como fixá-las nas paredes de áreas comuns.
O empresário Ricardo Guilherme, 40, diz que usa a bike para o lazer e aprovaria a ampliação.
“Também seria uma forma de incentivar o uso”, disse.
Fonte: http://www.folhape.com.br/