Bicicletas em condomínios: um longo percurso
Magrela, camelo, bike... Seja lá como for chamado, esse veículo de duas rodas tem, cada vez mais, caído nas graças dos brasileiros, e vem se tornando mais comum nos meios urbanos. Motivos para isso não faltam: praticidade, baixo custo, prática de atividade física, preocupação ambiental são apenas alguns.
Esse novo panorama têm levado governantes de várias cidades a investirem na ampliação de estruturas que apoiem o uso de bicicletas. No entanto, para muita gente que faz uso constante do veículo, ainda não parece suficiente.
É o que aponta o Perfil do Ciclista Brasileiro, lançado no ano passado por iniciativa da associação Transporte Ativo. Foram entrevistados mais de cinco mil ciclistas, que utilizam a bicicleta como meio de transporte ao menos uma vez por semana. Entre eles, cerca de 60% aderiram a essa prática há menos de cinco anos. Um pouco mais de 70% pedala cinco ou mais dias por semana.
Motivação para começar a utilizar a bicicleta como meio de transporte urbano
42,9% - Rapidez e praticidade
24,2% - Saúde
19,6% - Custo
Motivação para continuar pedalando
44,6% - Rapidez e praticidade
25,9 – Saúde
17,7% - Custo
Problemas do dia-a-dia
34,6% - Educação no trânsito
26,6% - Falta de infraestrutura cicloviária
22,7% - Segurança no trânsito
Motivação para pedalar mais
50% - Infraestrutura cicloviária
21,5% - Segurança no trânsito
11,8% - Segurança pública
Principais destinos
88,1% - trabalho
76% - Lazer
59,2% - Compras
30,5% - Escola/faculdade
O Rio de Janeiro acompanha as médias nacionais. A futura capital da bicicleta, segundo os planos da prefeitura, ocupa a segunda posição entre as cidades onde os ciclistas mais saem para pedalar durante a semana (cerca de 80%), perdendo apenas para Recife (quase 90%) – número que deve continuar crescendo.
Nos últimos quatro anos a malha cicloviária foi ampliada de 150 para 380 quilômetros de comprimento, com a meta de alcançar 450 esse ano. Além disso, a implementação do projeto de compartilhamento de bicicletas Bike Rio, uma parceria da prefeitura com empresas privadas, colaborou bastante para o aumento de ciclistas pela cidade.
O reflexo desse panorama já vai, aos pouquinhos, sendo notado nos condomínios. É o que observa Henriette Krutman, síndica do Edifício Augusto César Cantinho, em Botafogo. “Vários moradores que utilizavam as bicicletas raramente, em geral nos fins de semana, agora fazem uso mais assíduo”.
Henriette pode falar sobre isso com a autonomia de quem tem pleno controle do espaço onde se guarda as bicicletas. Vencedora do Prêmio Secovi Rio de 2009, naquele ano ela instaurou uma espécie de operação choque de ordem no bicicletário do condomínio. Eliminou os veículos abandonados, melhorou o armazenamento e a distribuição, e foi além, chegando a disponibilizar uma bomba para encher os pneus.
Com 98 unidades, o condomínio conta com um espaço no subsolo que comporta 67 bicicletas – aliás, já houve ocasião em que o limite foi excedido. Para solucionar o problema, a administração definiu um espaço para os veículos excedentes nas áreas comuns das garagens. A disposição das bicicletas é determinada de acordo com frequência de uso. Todas as bicicletas são identificadas por uma espécie de crachá, que contém o número do apartamento à qual está vinculada.
Dessa maneira, os moradores podem armazenar suas bicicletas sem dor de cabeça. É assim para Cristiano Pontes, de 67 anos. Morando há apenas um ano no Augusto César Cantinho, o administrador, não ainda não vivia no edifício para avaliar as transformações executadas no bicicletário, mas de uma coisa tem certeza: a organização do espaço é uma tremenda mão na roda.
Cristiano, que costuma utilizar a bicicleta de duas a três vezes por semana, é só elogios para o sistema do condomínio, inclusive para a ideia de deixar uma bomba de ar disponível para os moradores. Ele conta que a ferramenta já foi muito útil durante o período em que a bicicleta de sua mulher apresentava um defeito na válvula da câmara do pneu.
Mas esse panorama é bem diferente do existente no condomínio onde morava anteriormente, com espaço superlotado, o que dificultava o acesso às bicicletas. “Só era fácil para quem conseguia guardar a bicicleta próxima à saída”, explica. Cristiano chegou a ter sua bicicleta roubada ao estacioná-la em sua vaga de garagem.
Há cerca de 20 anos pedalando frequentemente, o administrador assume que esses acontecimentos causam medo, mas acabam superados. Hoje, ele utiliza uma bicicleta velha para não chamar atenção. “Eu persisto porque acho que é um excelente meio de transporte”, justifica.
Fonte: http://www.secovirio.com.br/
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