Boca a boca
Síndico profissional chegou a seis condomínios graças a indicações
Ricardo dos Santos tem 41 anos e é síndico profissional, além de ser advogado por formação.
Sua história é um pouco diferente das que costumamos contar por aqui. Ele, antes de ser síndico, trabalhava em administradora de condomínio e via a atuação dos síndicos, tanto profissionais como moradores, “do outro lado do balcão” - o lado do prestador de serviços.
“Enquanto trabalhava para a administradora, conseguia ver os pontos positivos e negativos de diversos gestores. Quando apareceu uma oportunidade de ser síndico profissional, conciliei a atividade com o meu trabalho na administradora. Assim fui adquirindo experiência”, conta o advogado.
Depois de passar seis anos administrando três condomínios, Ricardo decidiu ser o momento de se dedicar apenas à gestão condominial.
“Em 2014, passei a ser síndico do condomínio onde moro. Era um empreendimento novo, ajudei na implantação como síndico morador e voluntário, sem nenhuma remuneração extra. Depois de dois anos, conversamos e passei a ser síndico profissional”, pontua ele.
No condomínio ao lado, os moradores também se interessaram pela gestão de Ricardo, onde ele também conseguiu o posto de síndico profissional.
Atualmente, ele cuida de mais de 1.100 apartamentos na cidade de São Paulo, distribuídos entre seis condomínios.
“Desde o meio do ano passado aumentamos em três condomínios atendidos. Tudo isso por indicação de clientes e ex-clientes. É muito gratificante ver que meu serviço é lembrado depois de anos”, ressalta o gestor.
Estilo de gestão
Mesmo tendo os clientes espalhados pela cidade de São Paulo, ele conta que está diariamente em contato com os condomínios, e que ele ou seu assistente estão quase todos os dias nos clientes.
“É de extrema importância que o síndico tenha comprometimento e que isso transpareça tanto na parte administrativa como na parte de relacionamento. O morador e os funcionários gostam quando o síndico está lá. E não só fazendo visita, mas estando atento, fazendo vistoria das áreas comuns, mesmo”, acredita ele.
Além de um assistente, ele conta ainda com uma equipe que trabalha no atendimento telefônico aos moradores e fornecedores, respondendo e-mails e cuidando da parte administrativa, como solicitações de orçamentos, por exemplo.
Dos fornecedores com quem trabalha, espera sempre um serviço bem executado e com foco no todo.
“Não adianta eu chamar a empresa que cuida do portão porque ele deu problema se o profissional só olhar o que deu errado. Tem que prestar atenção nos trilhos, no motor, ver se está tudo ok. Se não, dali a duas semanas, estamos com problemas novamente. E isso é algo que desgasta o relacionamento”, explica.
Com relação aos cuidados com os funcionários, Ricardo aposta em um bônus de R$ 100 por mês para quem não se atrasar e nem faltar sem justificativa.
“A gente acha que R$ 100 não é representativo, mas pode chegar a 10% do salário de um zelador ou porteiro. Também acho importante a gente dar um feedback sempre do trabalho desses profissionais. Você saber se está acertando ou errando, e como consertar, ajuda muito na vontade do funcionário trabalhar no dia-a-dia”, reflete.
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Mesmo focando em bons fornecedores e oferecendo bônus para os colaboradores, ele conseguiu enxugar em quase 15% a arrecadaçào mensal de um dos condomínios cuidados por ele.
"Síndico profissional tem que saber olhar as contas e conseguir negociar um bom contrato e também perceber quando o preço do parceiro está correto, de forma que todos estejam satisfeitos com a negociação", ensina.
Compras conjuntas
Quando assumiu a gestão do condomínio vizinho ao seu, Ricardo viu, ali, uma oportunidade de economia.
Juntou-se com outros dois síndicos da sua rua e, assim, passaram a negociar em conjunto a contratação de diversos serviços.
“Contratamos juntos serviço de jardinagem, manutenção de bombas, limpeza de caixa d’água, desobstrução de esgoto, entre outros itens. Um serviço que antes eu pagava R$ 900 agora pago R$ 500. Pode parecer pouco, mas com essa economia fizemos o envidraçamento da churrasqueira sem nenhum custo extra”, calcula o gestor.
Outra economia foi a troca das lâmpadas de um dos condomínios por LED. Além da economia de quase 20% na fatura mensal, está sendo estudada a venda das lâmpadas para outro empreendimento que ainda use as fluorescentes.
Com esse tipo de ação, ele conseguiu diminuir em 15% o valor da taxa condominial de um dos condomínios onde é síndico.
“As economias pequenas sempre se somam e dão um resultado legal no final do ano. Não podemos ignorar isso”, acredita Ricardo.
Relacionamento entre os moradores
Ricardo acredita ser a falta de convivência entre os moradores uma das principais causas dos problemas de relacionamento.
“Acho que aproximar os moradores é uma ótima ferramenta para melhorar o clima no condomínio”, explica ele.
Por isso, sua gestão costuma promover eventos sociais nos condomínios.
“Noites de pizza, bazar de negócios, esse tipo de encontro ajuda muito a fazer com que as pessoas se conheçam, troquem ideias e contatos e assim, naturalmente, fica mais fácil de resolverem problemas entre si”, teoriza.
Ele contou também que esses eventos ajudam inclusive quando precisa chamar os moradores para conversar, quando há algum dissabor entre eles.
“Se entre eles já houver alguma amizade, é bem mais fácil resolver qualquer questão”.
Quanto ao barulho, uma preocupação de dez entre dez gestores de condomínios, Ricardo explicou que prefere focar em um trabalho de longo prazo, e que faz uso da campanha do SíndicoNet “Não parece, mas incomoda”.
“Explicar que aquele salto alto de noite, ou arrastar móveis, ou ainda a falta de um tapete pode estar atrapalhando a qualidade de vida do seu vizinho é importante, sim. E é bom avisar, às vezes a pessoa não está fazendo por mal”, explica.
Sobre a série "Síndico do mês"
Esse é o oitavo case publicado pelo SíndicoNet sobre "gestores da vida real". Nossa ideia é mostrar como é o dia-a-dia dos síndicos brasileiros. O primeiro a participar foi um gestor jovem, que optou por ser síndico para agregar a sua vida profissional. O segundo foi o síndico do Copan, um cartão-postal de São Paulo. O terceiro, um gestor preocupado com a representatividade no seu condomínio. O quarto, um porteiro que chegou ao time A dos síndicos profissionais. O quinto, um síndico que passou de morador a síndico profissional. O sexto, um síndico que deixou seu condomínio em dia com o meio ambiente um síndico que deixou seu condomínio em dia com o meio ambiente. A sétima, uma gestora que aposta em planos customizados para seus clientes. O oitavo, um administrador focado em manutenção e melhorias. A nona síndica aposta numa gestão de perto dos condomínios que ela administra. Quer participar? Escreva para gente aqui!