Canto de galo rende ameaça de prisão em condomínio de Brasília
A mudança de um galo para a amoreira de uma casa do condomínio Quintas do Sol, no Lago Sul, em Brasília, trouxe dor de cabeça a uma professora: incomodados com o canto do animal, os vizinhos se queixaram à administração. Na notificação entregue a Lígia Alves, de 50 anos, no final de agosto, o síndico chega a falar que a perturbação de silêncio é passível de até três meses de prisão.
Segundo Lígia, que mora sozinha no condomínio há quase dez anos, o galinho apareceu há dois meses, mas só começou a cantar em agosto.
"Eu tocava, mas ele sempre voltava. Até achei que era uma galinha, a princípio. Não sei de onde veio. Só sei que agora canta todo dia de manhã. Começa às 4h30. É um 'cococorocó' e dali duas ou três horas repete. É bem na minha janela, mas não me incomoda", afirma.
A professora diz que chegou a perguntar aos vizinhos se a ave os atrapalhava, mas ninguém confirmou. Ela só soube da insatisfação após receber a carta do síndico, José Orlando Vilela. Já no primeiro trecho, o desconforto provocado pelo animal fica claro: “barulho excessivo causado pelo irritante e insistente canto de um galo durante várias e várias horas da noite e do dia, perturbando a tranquilidade e o sossego dos moradores vizinhos”.
O G1 procurou Vilela, mas não o encontrou no condomínio. Servidores da administração disseram, no entanto, que alguns moradores estiveram no local para reclamar do canto insistente e contínuo do animal. O número de queixas não foi revelado.
Lígia diz temer pela integridade do bicho. "Já me afeiçoei a ele, chamo de 'meu galinho'. Apesar de ter me apegado, acho que vou ter que passá-lo adiante, para preservá-lo. Às vezes em um galinheiro, com outras galinhas, ele é mais feliz, não é?", brinca. "Já até chorei. Na sexta cheguei tarde e ele não cantou entre 18h e 4h. Logo pensei: mataram meu galinho! Aí ele cantou e fiquei aliviada. Eu falo que ele é meu, mas não é meu. Mas é que gosto dele."
A professora afirma que alguns vizinhos chegaram a insistir para que ela não se desfaça do animal.
"Tenho uma pessoa que mora aqui que atira com espingarda de chumbinho. Não sei se é ela, mas, se for, não quero que ela faça mal ao galo. Agora, acho que uma pessoa não pode ouvir o canto de um galo, não pode morar em um canto desses. Tem que morar no meio da cidade, não numa área quase rural."
Lígia diz que agora o objetivo dela é achar um bom novo lar para a ave. "Preciso encontrar uma casa para este galinho antes que façam dele um assado", diz .A solução para o problema parece, no entanto, estar próxima: Lígia diz que um homem que trabalha como 'Marido de aluguel' soube da história e se dispôs a levar o galo para a chácara dele. A data da mudança ainda não foi combinada.
Fonte: http://g1.globo.com/
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