Caramujos no DF
Condomínios têm infestação de animal. Veja cuidados!
Condomínios no DF têm infestação de caramujos africanos trazidos ao Brasil para uso como escargot
Espécie é invasora de áreas rurais, se reproduz facilmente e pode transmitir doenças, como meningoencefalite. Veja cuidados para tratar da infestação
Moradores de condomínios na região do Jardim Botânico e do Tororó estão preocupados com uma infestação de caramujo africano, espécie invasora, que se reproduz facilmente e pode transmitir doenças como a meningoencefalite.
Segundo o biólogo Felipe Bianchi, os animais chegaram ao país há cerca de 40 anos, para uso na culinária, mas acabaram descartados.
"Eles foram trazidos na década de 1980 pra alimentação como escargot, mas [os responsáveis] perceberam que não tinham as mesmas características, além de transmitir doenças. Então, começaram a soltar", conta.
Os caramujos costumam ficar em áreas rurais e de transição, como próximo ao Jardim Botânico, e são considerados uma praga porque podem destruir plantações. Especialistas e autoridades indicam que os animais trazem risco e o manuseio deles deve ser cuidadoso (veja orientações abaixo).
Infestação
O biólogo Felipe Bianchi afirma que, no calor, os caramujos se entocam e se reproduzem. "Eles botam 400 ovos por ano, são hermafroditas, e fazem autofecundação. Não tem como saber a quantidade de indivíduos", explica.
Já em dias chuvosos e com temperatura mais baixa, como esta quarta, os bichos aparecem porque o clima facilita a locomoção deles. A administradora Cidália Prado mora há três anos em um condomínio no Tororó e diz que sempre encontrou os caramujos, principalmente nos terrenos desocupados.
"Eu já vi uma vizinha aqui atrás que pegou um saco cheio de caramujos. Vem a preocupação, porque a gente sabe que eles transmitem doenças, né?", diz.
Cuidados
Um dos principais riscos trazidos pelos animais é que, assim como no caso dos caracóis, eles podem carregar o parasita que causa a meningoencefalite, doença que provoca febre, náuseas, confusão mental e pode levar a inflamações no cérebro.
A espécie também pode transmitir a estrongiloidíase, doença que causa sintomas como tosse seca, dispneia ou broncoespasmo, edema pulmonar, diarreia e dor abdominal. A infecção em humanos ocorre por meio da ingestão do muco (gosma) que o caramujo libera para facilitar o deslizamento.
Por isso, é preciso tomar muito cuidado ao lidar com os animais. Além de não haver predadores para eles, a espécie é resistente a venenos.
"A gente aconselha sempre a usar luva, colocar esse caramujo numa sacola com sal ou em uma lata, e jogar álcool e fogo. Depois, é importante quebrar a casca e enterrar os restos do caramujo", diz Felipe Bianchi.
Segundo o biólogo, entre as dicas para evitar que eles apareçam é manter o lote limpo e a grama cortada. Árvores costumam ser um atrativo para os animais, porque fazem sombra e criam um microclima agradável. Restos de obra e entulhos também atraem os caramujos africanos.
A Secretaria de Saúde do DF também tem orientações para o combate à praga. Veja abaixo:
Ao detectar o caramujo, as pessoas devem catar os animais e os ovos, com as mãos protegidas por sacos plásticos ou luvas. Coloque em sacos plásticos fechados, depois quebre a concha deles para evitar que tenham ovos, façam um buraco no solo e tampem com cal. Se acharem apenas os ovos, devem fazer o mesmo procedimento.
- Não pegar os caramujos sem proteger as mãos com luvas ou sacos plásticos;
- Não deixar que crianças brinquem com eles;
- Lavar bem as hortaliças e deixar de molho por 30 minutos em um litro de água misturado com uma colher de sopa de água sanitária, antes de serem consumidas;
- Não comer o caramujo africano encontrado livre no ambiente.
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