Cartão de visita
Conheça os porteiros de prédios conhecidos no Recife
Conheça histórias de porteiros que cuidam de prédios famosos do Recife
Ele está ligado em tudo: no uso do elevador, na luzes acesas no hall de entrada, nas correspondências dos moradores e, claro, quem entra e quem sai do condomínio. O porteiro é peça central de um edifício, seja ele residencial ou empresarial, e, assim como outros profissionais, possui o seu dia, comemorado nesta quinta-feira (9). O NE10 foi atrás de porteiros de edifícios icônicos da capital pernambucana para saber histórias curiosas que envolvem o cotidiano deles.
São “só” 10 anos de portaria no edifício Holiday, mas Denio de Saboya Lima, 71 anos, mora no “prédio-pessoa” de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, há quatro décadas. Antes, porém, participou de um momento histórico do século 20, estando em missão de paz, em 1967, como soldado do exército brasileiro no Egito, durante a Guerra dos Seis Dias, que envolveu árabes e israelenses.
“Você sabe se algum brasileiro ganhou o Prêmio Nobel da Paz?”, pergunta, já sabendo que a resposta é negativa. Ele, então, tira da carteira para exibir, orgulhoso, um certificado que recebeu da comissão do Nobel que o agraciou com uma medalha de prêmio internacional da paz, em 1988. “Quando Israel atacou o Egito, prendeu soldados, inclusive eu”, relembra.
Depois que voltou ao Brasil, passou a morar de aluguel no Holiday, situação que permanece até hoje. Aposentado pelo INSS, decidiu aceitar o convite para trabalhar como porteiro e, desde então, é responsável pelo prédio que possui 17 andares, 477 apartamentos e cerca de 2,5 mil pessoas circulando diariamente.
“A gente recebe presente de morador, principalmente no Natal, como panetone e até dinheiro”, diz.
Sobre confusões entre moradores que já presenciou, Denio comenta que prefere se manter neutro e não tomar partido de ninguém. “Eu não posso me meter. Se a briga for grande, chamam a polícia e eles se resolvem”, diz. Veja o porteiro contando dois casos que envolveram mortes no Holiday abaixo:
Edson Sergio da Silva – ed. Píer Duarte Coelho
“Até que enfim lembraram da gente”, comemora Edson Sergio da Silva ao saber que existe o Dia do Porteiro. Na profissão há nove anos, está há mais de um no posto do edifício Píer Duate Coelho, a primeira construção das “torres gêmeas” recifenses, localizadas no Cais de Santa Rita, área central da capital.
Em jornada de trabalho 12x36 (trabalha 12 horas e descansa as 36 horas depois), ele diz que a portaria o coloca em contato com gente que talvez não tivesse a chance de conhecer fora da profissão.
“São pessoas de nível alto, que fazem a sociedade brasileira e pernambucana e ajudam o desenvolvimento do nosso País, como políticos e empresários. São situações interessante e boas”, acredita.
Profissão de porteiro nem sempre tem a importância reconhecida
Porteiro que virou artista plástico faz exposição no Aeroporto do Recife
“Levantando a bola” dos moradores, Edson também relembra o estranho dia em que maços de dinheiro foram arremessados pela janela da torre, após uma operação da Polícia Federal que investigava o então diretor-presidente da Hemobrás, morador do prédio. “Quando cheguei para trabalhar de manhã, as cédulas já estavam no chão. Aqui também chega muita intimação de Oficiais de Justiça”, solta.
Entre casos curiosos que envolvem a rotina de portaria, Edson relembra o dia em que ajudou, de maneira inusitada, uma adolescente a escapar de um assalto na frente do prédio. Veja no vídeo abaixo:
Carlos Fernando Albuquerque – ed. Apolo XXI
O nome composto parece de personagem de novela mexicana, mas Carlos Fernando Albuquerque passa longe da interpretação ao falar de sua rotina aparentemente pacata no edifício Apolo, imponente e antiga construção localizada no bairro de Santo Amaro, Centro do Recife. No posto há 29 anos, o porteiro entrou no prédio pela primeira vez como auxiliar de serviços gerais. Tanto tempo no mesmo lugar o fez traçar “perfis” de moradores.
“Aqui mora muito estudante, principalmente os que vêm do interior. Também moram muitos evangélicos”, analisa. O prédio fica bem em frente à Assembleia de Deus, que fica ao lado de outra igreja neopentecostal, a Universal do Reino de Deus.
O prédio em formato redondo possui 21 andares e 126 apartamentos, o que dá uma média de mais de 1 mil moradores. Para decorar o nome e a fisionomia de todos, Carlos precisou de seus muitos anos na portaria.
“Eu sei quem é a maioria. Agora, gente novata eu tenho que pedir o nome e anotar”, confessa.
Além da vida dentro do prédio, Carlos Fernando é um grande observador da vida fora do condomínio. Ele relembra que a localização centralizada do Apolo XXI o permite ver acontecimentos históricos, como os cortejos que levaram o caixão de Eduardo Campos e Naná Vasconcelos.
“Também vi o de Luiz Gonzaga, em 1989. Passou bem aqui na frente”, recorda-se.
Veja o porteiro comentando os desafios da profissão e o que o orgulha no vídeo abaixo:
Fonte: http://entretenimento.ne10.uol.com.br/