Caso Eddy Jr.
Vizinha que proferiu ofensas racistas pede indenização a prédio
Aposentada que chamou youtuber Eddy Jr. de 'macaco' pede R$ 50 mil em danos morais na Justiça contra condomínio
Em outubro de 2022, Eddy Jr., Elisabeth e o filho dela se envolveram em confusão em condomínio de São Paulo. Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Paulo (DHPP) investiga caso como injúria racial. Idosa alega que 'sofreu com barulhos' do vizinho e tenta danos morais
A aposentada que se envolveu em uma confusão com o humorista Eddy Jr. e o chamou de “macaco” pede R$ 50 mil em danos morais na Justiça, pela 29ª Vara Cível de São Paulo, contra o condomínio onde moram, em São Paulo.
Segundo apurado pelo g1, Elisabeth Morrone argumenta na Justiça que sofre há meses com a suposta omissão do condomínio com relação a barulho do apartamento do vizinho. A mulher alega que o estresse causou “severo prejuízo à sua saúde, dentre outros problemas”.
No pedido, o advogado detalha que a confusão envolvendo o youtuber em outubro do ano passado causou duas multas a ela nos valores de R$ 1.646,13 e R$5.259,64.
“A autora era atormentada pelo seu vizinho praticamente todas as noites com ruídos constantes. A importunação causada já foi objeto de dezenas de relatos consignados no livro de registro do condomínio”, escreveu.
Para embasar a causa, foi apresentado na ação um pacote de depoimentos dados por moradores e funcionários do prédio no inquérito que ainda está em andamento pela Polícia Civil.
Procurado pelo g1, o condomínio não encaminhou posicionamento até a última atualização desta reportagem. A defesa de Elisabeth não foi localizada.
Um atestado médico de 16 de dezembro de 2022 apontou que a aposentada tem um misto de ansiedade e depressão e que faz tratamento no Caps (Centro de Atenção Psicossocial) desde outubro. O documento diz que ela teve alívio nos sintomas e não tinha previsão de alta.
Em outubro, Eddy Jr. gravou um vídeo sendo xingado pela vizinha, no prédio em que mora, no bairro da Barra Funda, na Zona Oeste. Na sequência do registro da época, Elisabeth dispara várias ofensas contra o rapaz como "imundo", "cai fora, macaco", "cai fora bandido", "cagão bundão". A aposentada foi proibida de frequentar o mesmo ambiente que Eddy Jr. e está sendo investigada.
Em dezembro, o youtuber publicou nas redes sociais que, ao ver pela primeira vez Elisabeth e o filho dela na rua depois dos ataques racistas, acabou agredindo o rapaz, que tem deficiência intelectual leve. Em nota, na ocasião, a produção de Eddy Jr. afirmou que o artista não iria se manifestar sobre o ocorrido.
Entenda o caso
Na madrugada de 18 de outubro, Eddy Júnior gravou um vídeo sendo xingado pela vizinha, a aposentada Elisabeth. Ele publicou o vídeo em redes sociais e contou que desde abril sofria perseguições da mesma vizinha.
A aposentada é alvo de uma investigação na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), onde o artista prestou depoimento após os xingamentos que recebeu na entrada do elevador do prédio.
Dias depois, a Justiça decidiu que Elisabeth Morrone mantenha distância de ao menos 300 metros do influencer, sob pena de prisão preventiva.
A medida protetiva foi solicitada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Paulo (DHPP) e proíbe também que a agressora mantenha qualquer tipo de contato com o vizinho do andar de cima, mesmo por intermédio de terceiros.
O juiz também definiu que Elisabeth está proibida de frequentar o mesmo ambiente que Eddy Junior, especialmente nas áreas comuns do Condomínio United Home & Work.
Câmeras de segurança
A Polícia Civil reuniu câmeras de segurança da madrugada do dia 18 de outubro, quando Eddy saiu com a cachorra de estimação e filmou sendo xingado pela aposentada.
As análises das câmeras mostraram que por volta das 2h27 um homem com um instrumento saiu do apartamento de Eddy. Por volta de 2h50, Elisabeth deixou o apartamento e foi para o elevador. Um minuto depois, Eddy também saiu do imóvel dele com a cachorra na coleira. As câmeras não estavam com horários certos.
Em seguida, os dois foram para o térreo, onde foram registrados os vídeos de Eddy pelo celular. A polícia ouviu Eddy, vizinhos do apartamento e funcionários do prédio.
Nova vítima
Outra moradora do condomínio do influenciador digital Eddy Júnior afirmou ter sofrido ataques racistas da mesma vizinha que o insultou.
A advogada Nayara Cruz contou que ela e o filho foram discriminados pela aposentada. Ela também foi ouvida na delegacia. Um boletim de ocorrência foi registrado pelo marido em 2021 contra a aposentada.
“Ela me abordou, me questionando por que eu estava na academia, porque o uso da academia era restrito a moradores. Eu falei que era moradora, e ela me questionou quanto eu paguei pelo meu apartamento. Teve um outro episódio que ela foi agressiva com o meu filho, que estava no hall brincando com outras crianças. Ela chamou o meu filho de vagabundo e disse que ele não poderia ficar no hall do prédio”, relatou a vítima.
Anteriormente, a defesa de Elisabeth Morrone afirmou que desconhece o caso de Nayara Cruz e que por isso não vai se pronunciar.
Investigação
Anteriormente, o advogado de Elisabeth Morrone enviou uma nota pelo celular. Disse que a cliente é inocente.
Segundo o advogado, as desavenças com o músico jamais tiveram relação com racismo ou qualquer preconceito.
A defesa da aposentada diz que Eddy costumava fazer barulhos e que já foi multado diversas vezes e que naquela terça-feira (18), Elisabeth, que é idosa e tem um filho especial, estava de roupão porque era de madrugada e ela foi acordada. Segundo a nota, ela reagiu às provocações do músico e que o vídeo publicado em redes sociais foi editado.
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/02/07/aposentada-que-chamou-youtuber-eddy-jr-de-macaco-pede-r-50-mil-em-danos-morais-na-justica-contra-condominio.ghtml