Inundações no RS
Segundo evento climático em menos de um ano afeta região
[Atualização] Temporais no RS: confira situação das estradas, energia elétrica, água e serviços no estado
Tragédia climática já deixou ao menos 90 pessoas mortas no estado e afeta a prestação de diversos serviços.
Os temporais no Rio Grande do Sul já deixaram 90 mortes confirmadas desde o início das chuvas, em 29 de abril. Além disso, o estado registra problemas como estradas bloqueadas, falta de água e luz e impactos em serviços públicos.
Veja abaixo informações dos mais recentes boletins divulgados pela Defesa Civil nesta terça-feira (7).
- Mortes confirmadas: 90
- Mortes em investigação: 4
- Desaparecidos: 131
- Feridos: 362
- Municípios afetados: 397 (de 497)
- Pessoas em abrigos: 48.297
- Desalojados (em casa de amigos e parentes): 156.056
- Pessoas afetadas: 1.408.993
Os números correspondem à situação do estado no momento da atualização dos dados.
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Estradas
As polícias rodoviárias Federal e do RS somam 148 trechos de estradas bloqueados, parcial ou totalmente. São 54 pontos em rodovias federais e 94 pontos em rodovias estaduais.
Porto Alegre está sem conexões com o interior do estado pelas rodovias BR-290 (Sul, Centro e Fronteira Oeste do RS), BR-116 (Vale do Sinos e Serra), BR-448 (Vale do Sinos) e BR-386 (Região dos Vales e Norte). Os únicos acessos possíveis são pela rodovias ERS-040 e ERS-118.
O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) divulgou um mapa com cada trecho bloqueado.
A CCR ViaSul suspendeu a cobrança da tarifa em todas as praças de pedágio nas rodovias BR-101 (Três Cachoeiras), BR-290/Freeway (Santo Antônio da Patrulha e Gravataí) e BR-386 (Montenegro, Paverama, Fontoura Xavier e Victor Graeff). Ainda assim, é necessário parar para registrar a isenção.
Energia
O estado registra, pelo menos, 451 mil pontos sem luz. Na área de concessão da CEEE Equatorial, são 206 mil imóveis sem energia. Já na região atendida pela RGE Sul, são 245 mil imóveis afetados.
Água
A Corsan, que fornece água para 6,5 milhões de pessoas em 317 municípios, soma 649 mil imóveis sem abastecimento.
Em Porto Alegre, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) afirma que quatro das seis estações de tratamento de água estão fora de operação. O órgão não informou estimativas de quantas pessoas são afetadas.
Telefonia e internet
A operadora Tim afirma que há 20 municípios sem serviços de telefonia e internet. A cobertura da Vivo está prejudicada em 172 cidades. Na Claro, são 19 municípios sem sinal.
As operadoras liberaram pacotes de internet grátis para clientes no Rio Grande do Sul para permitir que a comunicação seja mantida em meio aos temporais que atingem o estado.
Nível dos rios
- Guaíba (Porto Alegre): 5,27 metros
- Rio Taquari (Muçum): 7,44 metros
- Rio Caí (Feliz): 3,51 metros
- Rio Uruguai (Uruguaiana): 9,71 metros
Escolas
O estado soma 790 escolas afetadas pelos temporais em 216 municípios, afetando 273 mil estudantes. Do total de colégios, 388 foram danificados pela chuva e pelas cheias e 52 servem de abrigos
Rede estadual
As aulas na rede estadual já foram retomadas nas seguintes regiões: Uruguaiana, Osório, Erechim, Rio Grande, Palmeira das Missões, Três Passos, São Luiz Gonzaga, São Borja, Ijuí, Caxias do Sul, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Cruz Alta, Bagé, Santo Ângelo, Bento Gonçalves, Santa Rosa, Santana do Livramento, Vacaria, Soledade e Carazinho.
Ainda não há previsão de retomada nas regiões:Porto Alegre, São Leopoldo, Estrela, Guaíba, Cachoeira do Sul, Canoas e Gravataí.
Rede municipal
Em Porto Alegre, as aulas estão suspensas até sexta-feira (10).
Rede privada
O sindicato que representa as escolas particulares recomenda que instituições da Região Metropolitana e de outras localidades afetadas pela chuva suspendam as aulas até sábado (11).
Aeroporto
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, está fechado por tempo indeterminado, com todas as operações suspensas. Imagens mostram alagamentos em áreas de espera, de circulação de passageiros e até de pouso de aviões.
Passageiros que já tinham viagens aéreas marcadas com origem ou destino em Porto Alegre podem solicitar compensação às companhias aéreas.
Rodoviária
A Estação Rodoviária também está fechada, por causa de alagamentos, e as viagens estão suspensas.
Combustíveis
Segundo o sindicato que representa os postos de gasolina de Porto Alegre e região, não há previsão de desabastecimento de combustíveis.
Ceasa
A Ceasa de Porto Alegre alagou, mas não há risco de desabastecimento de legumes, verduras e frutas nos mercados.
Barragens
Barragens de água para usinas hidrelétricas sofreram impactos em diversos pontos do estado.
Nível de Emergência (risco de ruptura iminente, exigindo providências para preservar vidas):
- UHE 14 de Julho, em Cotiporã e Bento Gonçalves
- UHE Passo Fundo
- Barragem de São Miguel, em Bento Gonçalves
- Barragem Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra
- Barragem do Arroio Barracão, em Bento Gonçalves
Nível de Alerta (anomalias representam risco à segurança da barragem):
- UHE Machadinho
- UHE Barra Grande
- Capané, em Cachoeira do Sul
- Barragem do Assentamento PE Belo Monte
Nível de Atenção (anomalias não comprometem a segurança da barragem no curto prazo):
- UHE Dona Francisca, em Nova Palma
- UHE Castro Alves, em Nova Roma do Sul/Nova Pádua
- UHE Monte Claro, em Bento Gonçalves/Veranópolis
- UHE Bugres - Barragem Divisa, em Canela
- UHE Bugres - Barragem do Blang, em Canela
- UHE Canastra, em Canela
- PCH Furnas do Segredo, em Jaguari
- Barragem do Saibro, em Viamão
- Samuara, em Caxias do Sul
- Dal Bó, em Caxias do Sul
- Assentamento PE Jânio Guedes, em São Jerônimo
- Assentamento PE Tupy, em Taquari
- Filhos de Sepé, em Viamão
Fonte: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/05/07/temporais-no-rs-confira-situacao-das-estradas-energia-eletrica-agua-e-servicos-no-estado.ghtml
[06/05/2024] Enchente isola Porto Alegre e aprofunda gestão da pior crise climática do Brasil
Águas cobrem ruas e avenidas da capital gaúcha em pontos que nunca haviam sido alcançados pelas cheias e expulsam de casa milhares de moradores
O Rio Grande do Sul está envolto há dias numa tarefa dramática: ao mesmo tempo que conta seus mortos — já são 78, segundo números mais atualizados da Defesa Civil —, corre para localizar gente desaparecida, manter vivo quem se feriu e resgatar “ilhados”, para que mais ninguém entre nas estatísticas macabras que causam dor a uma população que ainda se recuperava da passagem de um ciclone, que deixou 54 óbitos e um rastro de destruição por onde passou, em 2023. O estado enfrenta o segundo evento climático em menos de um ano — só que desta vez mais forte e sem precedentes.
Até o momento, 780 mil pessoas foram atingidas de alguma forma pela maior enchente registrada na história do estado — e que coloca o Brasil na lista dos países mais afetados pela desordem do clima. Os números do caos seguem: ao menos 261 mil pontos estão sem energia elétrica e outras 854 mil residências gaúchas não têm água. Os serviços de telefonia e internet não estão funcionando em dezenas de municípios.
Segundo a Defesa Civil, há 110 trechos de rodovias com bloqueios totais ou parciais pelo rompimento de pontes, acúmulo de água ou desabamento de encostas — entre elas, algumas das principais vias que cortam o Rio Grande do Sul, como as BRs 116 e 386.
A água serpenteou pelo interior do estado ao longo dos últimos dias e, agora, chega com mais força à capital, Porto Alegre, que se vê isolada por terra — com a rodoviária e importantes vias de acesso tomadas por água e lama — e pelo ar, com o aeroporto Salgado Filho fechado sem nenhum avião autorizado a fazer pouso ou decolagem.
Porto Alegre ilhada
Mesmo mais estruturada, a situação de Porto Alegre preocupa. O lago Guaíba, cartão-postal que margeia a capital gaúcha, é o repositório do aguaceiro que escorreu pelo interior e fez subir o seu volume ao nível inédito de 5,3 metros, na tarde de domingo (5).
As águas cobrem ruas e avenidas de norte a sul da capital, incluindo o Centro Histórico, inundam pontos que nunca haviam sido alcançados pelas cheias e expulsam de casa um número ainda incerto de moradores. As aulas escolares foram suspensas, e as escolas da capital viraram abrigos temporários.
O Sarandi, bairro da zona norte com 91,3 mil moradores, foi o primeiro a receber a ordem de evacuação. O transbordamento de um dique deve levar um volume expressivo de água à região, causando destruição às moradias e colocando quem estiver por lá em perigo, alertou o Centro Integrado de Coordenação de Serviços (Ceic), órgão da prefeitura de Porto Alegre.
Corrida por resgates
O rápido aumento do nível do Guaíba e de seus afluentes provoca uma corrida por resgates em Porto Alegre e nas cidades vizinhas de Eldorado do Sul e Canoas.
Moradores ilhados têm usado as redes sociais e grupos de WhatsApp para compartilhar sua localização em pedidos por socorro, e usuários atualizam mapas online com endereços de pessoas isoladas.
“Precisamos de resgate!!! Água subindo sem parar. Ficando sem bateria”, escreveu no X uma mulher de Eldorado do Sul, que estava em um apartamento com 20 pessoas enquanto a enchente ameaçava chegar ao segundo andar do prédio, no sábado (4).
Dezenas de voluntários que praticam esportes náuticos ou pescam no Guaíba se somaram às equipes do Exército, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil na busca por moradores que estão em comunidades tomadas pelo rio. Até este domingo, a cidade contabilizava mais de 4 mil resgates.
Moradora da Ilha da Pintada, Kaeli Moraes foi retirada de jet ski de sua casa com o marido e os três filhos quando o alagamento estava a cinco degraus de alcançar o segundo andar. Eles só conseguiram deixar o local porque o pai de Kaeli arrancou as grades da janela da sala, de dentro de um barco, e a família pôde pular para o telhado da residência em frente.
“Teve enchente em setembro, depois em novembro. E, agora, essa. Tudo só piora”, disse, mencionando as duas cheias do ano passado que também alagaram as ilhas da capital gaúcha.
Na Usina do Gasômetro, os moradores que chegam têm apenas a roupa do corpo, documentos e, em alguns casos, celulares. “De bens materiais, quem tinha bastante e quem tinha pouco ficou sem nada. Nessa hora, a gente tem que salvar a vida da gente”, disse o pescador Marcos Brandão, que, resgatado em um barco de pequeno porte, precisou abandonar o pitbull da família em uma laje ainda intacta.
Com o seu jet ski submerso em uma garagem, Fabiano Saldanha pegou emprestado o de um conhecido e, desde sexta-feira (3), calcula que o grupo formado por ele e três amigos socorreu cerca de 50 moradores das ilhas. Os jet skis, conta, circulam na altura dos fios dos postes de luz e passam por cima de carros submersos pelo labirinto de água que engoliu as vias, sob forte correnteza do Guaíba. “A gente entra nas ruas e só ouve ‘socorro’, ‘socorro’. É muito triste, é uma guerra”, relatou.
Equipes de socorristas de ao menos outros nove Estados do país atuam nas operações, sobretudo em localidades onde o socorro precisa chegar do céu. Em uma cena que viralizou nas redes sociais, um homem do Comando de Aviação do Exército quebrou o telhado de uma casa ilhada com um tijolo e içou um bebê em um helicóptero em Lajeado.
Como acompanhar o clima?
Para aumentar o nível de prevenção, a população do Rio Grande do Sul pode fazer um cadastro e receber alertas meteorológicos da Defesa Civil. Basta enviar o CEP da localidade por SMS para o número 40199. Uma confirmação vai ser enviada e o número ficará disponível para receber as informações.
Também é possível se cadastrar pelo Whatsapp: número (61) 2034-4611. Um robô de atendimento fará a interação e o usuário poderá compartilhar a localização atual ou qualquer outra de interesse para receber as mensagens da Defesa Civil.
Gabinete de crise
O governo federal montou um gabinete de crise para centralizar os trabalhos no Estado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou ao Rio Grande do Sul neste domingo, três dias após a primeira visita desde o início da crise, ao lado de 13 ministros e dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Repito e insisto: a devastação a que estamos sendo submetidos não tem precedentes. É momento de somarmos forças em prol do nosso Estado”, publicou o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), nas redes sociais, antes de se encontrar com Lula.
Já Lula, após visualizar a destruição do alto, prometeu linhas de crédito para recuperar o caixa de empresas assoladas pela tragédia e um regime diferenciado de envio de recursos financeiros ao Rio Grande do Sul, que vai demorar para ver seu chão seco e recuperado — em todos os sentidos.
Canal de doações via Pix
Diante da situação de calamidade pública enfrentada no Estado, o governo gaúcho reativou o canal de doações para a conta SOS Rio Grande do Sul. Foi restabelecida a chave Pix (CNPJ: 92.958.800/0001-38), a mesma utilizada no ano passado, vinculada à conta bancária aberta pelo Banrisul. As contribuições em dinheiro podem ser feitas por pessoas físicas e jurídicas que tenham condições de ajudar as vítimas das enchentes.
A gestão e fiscalização dos recursos ficarão a cargo de um Comitê Gestor, presidido pela Secretaria da Casa Civil e composto por representantes de órgãos do governo e entidades sociais. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário às vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura das cidades.
Com o canal oficial de doações, o governo centraliza a ajuda financeira, fornece segurança aos doadores e amplia a transparência da alocação do dinheiro, uma vez que a movimentação dos recursos passará por auditoria e fiscalização do poder público.
(Com informações de Reuters, Agência Brasil e Governo do Estado do Rio Grande do Sul)
Fonte: https://www.infomoney.com.br/politica/enchente-isola-porto-alegre-e-aprofunda-gestao-da-pior-crise-climatica-do-brasil/