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Segurança

City Câmeras

Projetos do estado de SP está empacado

segunda-feira, 18 de novembro de 2019
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Plano de Doria para interligar câmeras empaca

A 1 ano do prazo, sistema na capital tem 2.940 equipamentos e baixa adesão de condomínios

Anunciado em 2017 pelo então prefeito João Doria (PSDB), o sistema que integra, sem custo ao poder público, câmeras de vigilância privadas ao monitoramento da cidade tem adesão inferior a 30%. Para a gestão atual, o programa é exitoso.

O City Câmeras é um sistema que integra, sem custo ao poder público, câmeras de vigilância de estabelecimentos comerciais e condomínios ao sistema de monitoramento da prefeitura. A meta era chegar a 10 mil dispositivos até o fim da gestão. Quase três anos depois, menos de 30% do prometido foi alcançado.

A um ano do prazo, a prefeitura tem tido dificuldades em fazer crescer a rede, que, hoje, tem 2.940 câmeras integradas.

A administração municipal tentou fechar parcerias com entidades e tem feito reuniões com associações de bairro e conselhos de segurança, mas a evolução, até agora, foi pequena. Em maio deste ano, a prefeitura anunciou uma parceria com a Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de SP), que opera 16 mil condomínios na cidade.

A gestão Bruno Covas (PSDB) afirmou, na ocasião, que a cooperação poderia somar 25 mil câmeras ao sistema, à época com 2.623 equipamentos. Mas não deu certo, já que a rede só cresceu em 317 câmeras desde então.

“Eu confesso que o retorno foi fraco, a gente achou que teria uma repercussão melhor”, diz José Roberto Graiche Júnior, presidente da AABIC.

A parceria anunciada pela prefeitura não foi mais que um disparo de emails a síndicos de prédios, afirma Graiche. “A gente disparou algumas propagandas para os condomínios e esperou o retorno deles”, afirma. “Eu acho que as pessoas acabam nem olhando direito. Vai mais de alguém chegar perto, explicar o que é o programa, e aí a pessoa adere.”

Graiche ressalta que vai reforçar a divulgação porque acredita na ideia do City Câmeras, e diz que o que falta é que os síndicos se engajem de fato. “Você já tem todo o recurso de câmera, de proteção interna. As pessoas já fazem o monitoramento. Nada mais justo que você usar esse recurso e disponibilizar para a prefeitura o que você já tem.”

Até 2017, a prefeitura tinha 75 câmeras na cidade, compradas e operadas pela administração municipal, que custavam R$ 320 mil por mês.

Embora em número muito menor, técnicos da Secretaria de Segurança Urbana que falaram sob condição de anonimato disseram que o sistema anterior tinha suas vantagens. Primeiro, era possível controlar a câmera, virando-a para cima e para os lados e dando zoom em cenas importantes.

Além disso, a resolução das imagens era maior e o sistema era mais estável —os funcionários com quem a reportagem conversou afirmaram que não é raro que a transmissão do City Câmeras seja interrompida e que as imagens fiquem até 20 minutos fora do ar.

Com o alto número de câmeras, não há pessoal que assista às imagens, que servem mais para consulta depois que crimes tiverem ocorrido —o sistema é compartilhado com a Polícia Militar. As imagens ficam armazenadas por sete dias, o que também é alvo de críticas: o prazo de um inquérito policial, por exemplo, é de 30 dias.

Como contrapartida e estímulo a novas adesões, a prefeitura divulga no site do City Câmeras as empresas de segurança que participam do projeto.

Das 12 mil câmeras que a companhia Soberano opera na cidade, apenas duas foram cadastradas no City Câmeras, segundo o empresário Paulo Cesar Rodrigues.

“O que há é interesse para o usuário final, de ter um sistema conectado ao da prefeitura. De marketing, já fiz alguns orçamentos, fui procurado por ter meu cartão no site do City Câmeras. Mas, como ninguém fica assistindo, não tem efetividade grande. Se só vão ver as câmeras depois que o crime acontece, na minha opinião, a segurança falhou”, diz ele.

Já William Carlos da Silva, que tem cinco câmeras cadastradas, acha que falta divulgação. “A contrapartida que a prefeitura dá é colocar nosso nome no site, mas precisaria colocar nas mídias sociais, divulgar mais. A gente poderia usar como material de marketing, por exemplo. Não tem incentivo, não vimos os resultados”, diz ele.

Edmilson Alves está entrando agora no City Câmeras e está confiante. Já colocou 19 câmeras no sistema da prefeitura. “É um projeto piloto, vamos ver como é o resultado. Temos agentes rodando com carro, com moto, e o City Câmeras é uma ferramenta a mais para intimidar os ladrões”, diz.

O secretário de Segurança Urbana, José Roberto Rodrigues de Oliveira, diz que a meta de integrar 10 mil câmeras até 2020 ainda está de pé, e considera o programa exitoso.

“A gente tem que lembrar que tinha 75 câmeras a R$ 320 mil por mês. Hoje eu tenho 2.940 no sistema, e não gasto nem R$ 1 com isso. Só por isso, eu diria que já valeu a pena”, afirma. “Essa experiência é exitosa pela premissa de tirar o custo do poder público.”

“A nossa expectativa é que esse número cresça à medida que as pessoas conheçam e se sintam à vontade para compartilhar suas câmeras”, avalia ele, que diz que a prefeitura tem feito palestras e conversado com associações e conselhos de segurança de bairros.

“Hoje, no seu celular, você assiste às câmeras da sua casa e consegue identificar uma situação criminosa. Tem o aplicativo SP+Segura, onde pode denunciar uma situação”, diz ele. “Eu quero que o cidadão seja um parceiro nesse processo.”

Os sete dias de armazenamento são razoáveis, segundo ele, “porque poderia pedir 30, 90 dias, mas tudo isso é custo. Sete dias é o mínimo para que, se acontecer alguma coisa, a gente possa de imediato entender o que aconteceu”.

Questionado sobre as vantagens de ter câmeras operadas pelos próprios agentes municipais, Oliveira afirma que é melhor ter câmeras em maior quantidade. “Quando você compra o sistema na própria prefeitura, a tecnologia é muito ágil e logo fica obsoleto”, afirma.

Fonte: http://correiodopovo-al.com.br

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