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Odirley da Rocha

Como era administrar um condomínio nos anos 80?

Artigo mostra as mudanças positivas pelas quais o mercado condominial passou. Moradores, síndicos, administradoras e construtoras tiveram que se adaptar

29/01/21 12:33 - Atualizado há 3 anos
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Artigo mostra as mudanças positivas pelas quais o mercado condominial passou. Moradores, síndicos, administradoras e construtoras tiveram que se adaptar

Por Odirley Rocha*

Vamos viajar no tempo e entender como era o dia a dia dos condomínios na década de 80. Você que entrou no mercado condominial nos últimos anos não vai acreditar na realidade que eu vou mostrar. Então senta que lá vem história do mercado condominial:

  • Quando o síndico precisava conversar com o seu gerente de contas ou com a sua administradora, tinha que se deslocar para a agência da administradora mais próxima do condomínio e, muitas vezes, pegar um ônibus. Era preciso reservar pelo menos uma tarde da sua semana para fazer isso. Muitas vezes era apenas uma dúvida sobre um pagamento que se resolvia em poucos minutos, porém não se tinha a facilidade de comunicação que temos hoje.
  • A administradora tinha um exército de pessoas para levar e trazer seus documentos. Imagina que tudo na época era papel e qualquer informação virava uma carta que tinha que levar e trazer para o condomínio e ainda o mensageiro precisava achar o síndico no lugar certo para assinar o recebimento do documento.  
  • Durante uma boa época, os documentos eram datilografados (para você que nasceu depois dos anos 90, pesquise no Google por "máquina de escrever", ah!). Então imagina o profissional da administradora datilografando um documento e chegando quase no final do texto, quando errava uma frase. O que ele precisava fazer? Começar o texto todo novamente.
  • Como não havia telefone, a rotina dos prestadores de serviço era visitar os condomínios só para checar se estava tudo OK, caso contrário já executavam seu serviço. Então, uma boa parte do dia dos profissionais do mercado condominial era passar pelos condomínios sem a garantia de que realmente era necessário. Era comum passar o dia visitando condomínios e nenhum deles ter problema e, consequentemente, não ter serviço.
  • Muitas convenções, na época, não permitiam que o proprietário alugasse seu apartamento. Imagine você comprar um imóvel e jamais poder alugá-lo? Várias pessoas foram pegas de surpresa, pois sempre moravam em residências e não sabiam que os condomínios tinham suas regras próprias.
  • Outras convenções não permitiam pets no condomínio. Alguns criavam gatos e cachorros escondidos e, quando descobertos, levavam multas. Nesse momento, iniciava um problema de convivência dentro do condomínio. 
  • O síndico tinha um papel fundamental na gestão. Nessa época, milhares de pessoas iam morar pela primeira vez em um condomínio, então não entendiam que precisavam seguir regras específicas. Eram muito comuns as questões das advertências e multas devido à quebra das regras.
  • A cobrança em cima do condomínio para aplicação das leis, normas e exigências governamentais eram poucas e, consequentemente, quase não existiam para o síndico.
  • Os condomínios tinham poucas vagas de garagem. Imagine que era comum um condomínio de 60 apartamentos ter apenas 30 vagas ou mesmo nenhuma.
  • Áreas de lazer no condomínio para quê? Não existia uma preocupação com o lazer dentro da estrutura condominial.
  • Câmeras de vigilância com gravação das imagens e registro dos acessos de entradas eram coisas só de filmes, pois nessa época não havia tanta violência.
  • Quem decidia quem entrava ou não no condomínio, não era o morador, não era o regimento interno, não era o síndico, mas o porteiro. Geralmente, ele trabalhava há anos no condomínio e conhecia todo mundo. Como os apartamentos, muitas vezes, não podiam ser alugados, o porteiro era o responsável por liberar os visitantes e os prestadores de serviço.
  • A taxa condominial aumentava todo mês e, em muitos casos, ultrapassava os 30%. Por quê? Nessa época havia inflação diária. Você só saberia quanto iria pagar quando recebesse por baixo de sua porta o boleto da administradora de condomínio.
  • Tinha convenção que já deixava reservado um espaço para a moradia do zelador no condomínio. Ele morava no local de trabalho e era muito comum resolver problemas fora do seu horário de expediente. O principal motivo de ter esse espaço reservado para o trabalhador era o de resolver problemas emergenciais.

Creio que muitas situações do passado citadas neste artigo não estão mais presentes hoje. A insegurança presente na sociedade atual exige condomínios mais seguros. Os moradores tiveram que se adaptar, os síndicos tiveram que estudar, as administradoras precisaram se aperfeiçoar e as construtoras se adequaram às novas realidades do mundo condominial

Posso contar com a sua ajuda?

Gostaria muito que você compartilhasse aqui nos comentários o que você via nas convenções do passado que não estão listadas aqui nesse artigo. Tenho certeza que isso ajudará muitas pessoas a entenderem as mudanças que tivemos. Conto com você, de coração!

(*) Especialista em segurança e futuro condominial, tem MBA em Gestão de Segurança Empresarial e é diretor de relacionamento do Porter Group (https://portergroup.com.br/)

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