Por Hubert Gebara *
Os condomínios clube são estrelas de primeira grandeza no mercado imobiliário brasileiro. Acontece o mesmo em outros países. As grandes tendências do comportamento urbano apontam para uma vida cada vez mais centrada nessas comunidades que representam a melhor equação entre todas as que uma cidade moderna – com todas as suas implicações para o bem e para o mal – pode oferecer. Insegurança, lentidões em razão do excesso de veículos nas ruas e, do lado bom, um lazer diversificado intramuros, fazem desse tipo de moradia um legítimo sonho de consumo para um número cada vez maior de eleitos.
Mas qual é a definição de condomínio clube? É importante definir esse produto que não existia alguns anos atrás? Talvez uma das melhores definições seja a de que ele não é hotel.
O mercado começa a testar na prática – e não apenas no marketing – que alguns pontos de venda de destaque nos anúncios não funcionam no dia a dia dessas comunidades.
Alguns desses itens sofisticados, como aqueles mais comuns em spas, acabam por cair no desuso. Esse insucesso talvez seja da própria natureza do condomínio: ele não é hotel. A vida do dia a dia tem seu próprio modelo e pode faltar tempo para usufruir tudo quanto esteja disponível no empreendimento.
Enquanto perdura esse choque de realidade, o chamado condomínio clube pode sair muito caro para seus moradores. Itens capazes de abaixar essa conta poderiam doravante ocupar o espaço que merecem nas estratégia de marketing. Por maior que seja o poder aquisitivo dos condôminos, o condomínio não pode esquecer da preservação de recursos.
Iluminação com sensores de presença, energia solar, reuso de água, emprego de materiais sustentáveis e outros itens desse elenco ecologicamente correto não podem ficar fora do esforço de vendas.
Embora imprescindível em condomínios de padrão médio e baixo, o hidrômetro de medição de água individualizada cabe em qualquer condomínio de luxo. Precisamos urgentemente delimitar a diferença entre luxo e esbanjamento.
Água e energia elétrica, que existem de forma mutuamente dependente, precisam ocupar um lugar acima do conceito trivial de classes sociais – porque poderão ser vida ou morte para todos se pensarmos quão imprevisível pode ser o futuro. No mundo globalizado e ultra tecnológico que vivemos, água e energia elétrica correspondem à comida.
Alguns condomínios estão recorrendo ao lençol freático para obter suplemento de água, enquanto os apagões estão de novo por aí.
O sonho chinês pretende ser diferente do sonho americano, que os chineses resumem como “casa grande, carro grande e fast food para todos”. O sonho brasileiro – e os nossos condomínios clube – precisam encontrar um formato próprio, que não seja apenas o reino dos spas.
(*) Hubert Gebara é vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, presidente eleito da Fiabci Brasil e diretor do Grupo Hubert.
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