Campinas amplia restrição do uso de água em condomínio contaminado
Laudo indica presença de gases tóxicos em solo no Mansões Santo Antônio. Prefeito anunciou criação de fundo para recuperações ambientais na cidade.
Após um novo laudo indicar que a contaminação do solo na região de um condomínio no loteamento Mansões Santo Antônio continua alta, a Prefeitura de Campinas (SP) decidiu nesta segunda-feira (18) ampliar a área de restrição do uso da água disponível no lençol freático da região. De acordo com a administração, a medida agora abrange as ruas Lauro Vannuci, Adelino Martins, José Augusto Silva, Hermantino Coelho até a Rua Jasmim.
O laudo concluído neste mês por uma empresa contratada pela Prefeitura indica que o local continua com alto nível de contaminação, 12 anos após um dano ambiental ser descoberto pelas autoridades. Antes do imóvel, o espaço era ocupado por uma fábrica de produtos químicos.
Segundo o estudo, iniciado em julho deste ano, os vapores de cloreto de vinila e benzeno são os mais preocupantes entre os cerca de 20 compostos químicos identificados. Os moradores correm risco de contrair câncer caso sejam expostos em período prolongado. "Uma chance em 100 mil de um caso de câncer através de um cenário padronizado de exposição. Acima de 30, 50 anos, e um período de exposição de 24 horas por dia" afirmou o engenheiro ambiental Rafael Campos. Das torres construídas para o imóvel, uma está habitada.
Durante apresentação do estudo, o prefeito Jonas Donizette (PSB) anunciou a criação de um fundo que poderá financiar recuperações ambientais. Ele poderá receber dinheiro de acordos extrajudiciais.
Além disso, o prefeito assinou uma portaria com a nomeação de um grupo de trabalho para companhar o caso, após validação do estudo pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Ele será formado por servidores das secretarias de Saúde, Desenvolvimento Sustentável, Negócios Jurídicos, Planejamento, Urbanismo e Comunicação.
Filtros não funcionam
A empresa contratada pela Prefeitura também verificou que os dispositivos instalados em 2011 para filtragem dos vapores no local funcionam parcialmente. A Construtora Concima, que colocou o equipamento, informou que foram investidos 90% do valor, mas não existem verbas para a execução dos trabalhos. Além disso, alegou não ter sido notificada sobre o relatório, mas que está aberta para ajudar na solução dos problemas, dentro das condições da empresa.
A Prefeitura se comprometeu a colocar os filtros em funcionamento. “Vão ser instalados para dar segurança aos moradores”, disse o secretário do Verde e Desenvolvimento Sustentável, Rogério Menezes. A instalação dever ser feita em até 180 dias. Segundo o secretário, desde a descoberta da contaminação os moradores são monitorados por meio de exames médicos.
O relatório feito pela empresa particular, que teve custos de R$ 370 mil, vai ser enviado para a Cetesb e para o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). Ele foi custeado por uma construtora como contrapartida de um empreendimento implantado no município.
A assessoria da Cetesb informou que a companhia fará uma análise completa da situação na região e das próximas ações a serem tomadas quando receber o estudo.
O caso
A contaminação no bairro foi descoberta em 2001, quando a construtora se preparava para explorar um conjunto residencial. Foram erguidas três das quatro torres previstas para o projeto, mas as obras foram embargadas depois de constatada a contaminação do solo.
A área onde foram construídos os edifícios foi ocupada por cerca de 20 anos por uma empresa de solventes e produtos de limpeza.
Fonte: http://g1.globo.com/s
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