Prédio embargado em Patamares é totalmente interditado; Crea investiga
Edifício tinha sido embargado por problemas na documentação pela Sucom. Local só tinha autorização para construir cinco pavimentos, mas possui 10.
O prédio situado no bairro de Patamares, em Salvador, embargado pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom) por problemas na documentação, agora foi interditado. Ninguém pode entrar e circular pela obra até que a situação seja regularizada. O edifício tem 10 andares, no entanto, a autorização era para a construção de apenas cinco.
Na documentação da obra, aparecem os nomes de Antônio Carlos dos Santos e também de Solange de Jesus e Noerlange de Jesus, mãe e filha, os mesmos responsáveis, com base na documentação, pelo prédio Jardim Brasília, no bairro de Pernambués, que já foi esvaziado e compromete outros dois residenciais vizinhos. Os três foram interditados pela Defesa Civil de Salvador (Codesal).
As famílias que moravam nos prédios de Pernambués tiveram que deixar os apartamentos e ainda não sabem se a construção vai ter que ser demolida.
O engenheiro civil que assinou o documento de responsabilidade técnica pelos dois prédios, o de Patamares e o de Pernambués, é Ney Pereira de Souza, que já prestou esclarecimentos ao Conselho Regional de Engenharia. Os técnicos do Crea vão começar uma investigação sobre o caso, que ainda não tem prazo pra ser concluída.
No caso de Patamares, o edifício está em fase de acabamento e, por isso, ainda está sem moradores.
Prédios comprometidos
Na documentação dos prédios de Patamares e de Pernambués, as licenças têm indícios de irregularidades. De acordo com a Sucom, os responsáveis pelas duas obras desobedeceram o limite de construção dos prédios para não pagar tarifas devidas. Eles têm mais pavimentos do que o autorizado pelo alvará de construção.
Além disso, segundo a Sucom, o "habite-se" do Jardim Brasília, documento que autoriza a ocupação do condomínio, é falso, e o caso será levado à Justiça. Os códigos, as datas e as referências não se assemelham aos documentos oficiais normalmente expedidos pelo órgão. "Houve falsificação do documento público, no caso um alvará, e quem o faz vai ter que responder na Justiça", aponta Murilo Aguiar, diretor de Fiscalização da Sucom.
O síndico do prédio e o advogado dos moradores afirmam que não conseguem localizar Antônio Carlos. Eles devem entrar com uma ação no Ministério Público da Bahia e aguardam laudo da Defesa Civil para saber o que vai acontecer com os imóveis. "O senhor Antônio Carlos não aparece. Ele simplesmente sumiu. Nós estamos judicializando a questão, indo ao Ministério Público, que, com certeza, dever somar esforços para buscar os responsáveis", diz o advogado Alexandrinho Costa Filho.
Em nota, a Caixa Econômica Federal disse que o imóvel não teve a construção financiada pelo banco e que atua como agente financeiro nas compras individuais dos apartamentos. A nota esclarece ainda que a responsabilidade por qualquer vício de origem na construção é do construtor. O banco Santander esclareceu que o financiamento imobiliário está atrelado a um seguro obrigatório e em caso de dano irreparável ao imóvel, o seguro quita o financiamento. Já o banco bradesco, também em nota, informou que não financiou nenhum apartamento no edíficio.
Moradores dos três prédios esvaziados por risco de desabamento começaram a retirar os bens no dia 25 de maio após quatro dias que deixaram os apartamentos por determinação da Codesal. As rachaduras do prédio cresceram significativamente. Os moradores informaram que a obra não foi realizada por uma construtora e não sabem onde poderão encontrar o responsável pela construção.
O advogado Ricardo Maurício, especialista em direito do consumidor, esclareceu que nesse caso os moradores devem procurar a polícia.
"Além dos danos materiais e danos morais pelo constrangimento, há crimes aqui configurados. Indícios de crimes, de falsificação de documentos, crimes contra a ordem econômica. Infelizmente os consumidores terão que se dirigir ao Ministério Público e à Delegacia de Defesa do Consumidor", explicou o advogado.
A evacuação contou com equipes da Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom) e da Guarda Municipal. Segundo a Defesa Civil, os moradores que deixaram as residências poderão ir para os abrigos disponibilizados pela prefeitura. Segundo a Sucom, a obra do prédio Jardim Brasília começou em agosto de 2009. Dois meses depois, foi feita a primeira denúncia e o material de construção da obra estava sendo colocado na rua.
A Sucom informou que nesse primeiro momento não houve questionamento sobre a estrutura do imóvel. Mas, na época, vizinhos do prédio já notavam irregularidades.
Ainda segundo a secretaria, a licença autorizava a construção de um prédio de seis pavimentos. A obra tinha uma previsão de seis pavimentos e já estava no sétimo pavimento. Com isso ela foi embargada, a proprietária foi comunicada do embargo e deveria realmente atender o órgão público que seria paralisar o serviço imediato. Mesmo embargada pela Sucom, a obra foi concluída, os apartamentos foram vendidos e começaram a ser habitados sem a liberação da prefeitura.
Fonte: http://g1.globo.com/
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