Confecção de máscaras
Vizinhas de condomínio no Acre montam projeto
Amigas montam projeto e produzem mais de 12,3 mil máscaras faciais para pessoas carentes no Acre
Maithê Leite, Maria Mazzarello, Renata Beltrão e algumas vizinhas começaram a confeccionar máscaras no início da pandemia e distribuir gratuitamente em Rio Branco para ajudar famílias carentes.
Três amigas de Rio Branco e algumas vizinhas se juntaram para montar um projeto e produzir máscaras faciais para pessoas carentes durante a pandemia do novo coronavírus. Em pouco mais de um ano, o grupo já entregou gratuitamente mais de 12,3 mil máscaras para moradores de diversos municípios do estado.
O Projeto Máscara para Todos surgiu no início de 2020, logo após o surgimento da pandemia, e atendia apenas moradores do condomínio onde três das amigas moram. Com o aumento da demanda, as amigas se juntaram com outros projetos sociais e passaram a levar o acessório de uso obrigatório na pandemia para outras cidades.
Mas, antes de começar essa distribuição e produção, parte do grupo teve que aprender algo muito importante: costurar. A fisioterapeuta Maithê Leite foi uma das que começou a costurar com o incentivo das amigas.
Ela se uniu ao grupo em julho de 2020, mas apenas cortava o tecido para a mãe costurar. Contudo, a mãe dela sofreu uma lesão em um dos braços e Maithê Leite precisou colocar em prática o que via a mãe fazendo.
"Eu sempre a via costurar e ajudava a fazer alguns arremates e cortava tecidos para ela. Mas, aprendi rápido, em um dia que ela me ensinou eu já comecei a fazer. Claro que ficavam meio tortas no início", relembrou.
Outra que aprendeu foi a analista de sistemas Maria Mazzarello. Ela, Maithê e mais duas moradoras do condomínio perceberam que os funcionários não costumavam usar máscaras no início da pandemia ou tinham poucas para usar. Foi aí que surgiu a ideia de começar a fazer o acessório e distribuir gratuitamente no condomínio. A quinta voluntária é Renata Beltrão, que mora em outro condomínio.
"Tive que aprender a costurar também. Eu tinha uma máquina, mas estraguei e tive que comprar outra. Mas, isso foi antes da pandemia e quando a Renata me ligou falando da ideia disse que não sabia costurar e ela insistiu que dava para aprender. Comecei a ver vídeos na internet e fui fazendo", revelou.
As máscaras são confeccionadas com pano e são feitas para adultos e crianças. Para a produção, o Projeto Máscaras para Todos conta com doações de amigos e conhecidos e pessoas interessadas em ajudar as famílias carentes.
Produção
As amigas dificilmente se encontram pessoalmente para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Elas montaram um grupo em um aplicativo de mensagens e cada uma produz em casa, geralmente à noite após o trabalho e atividades em família.
"Temos hora para cumprir, acompanhar crianças na aula e outras coisas. Conseguimos fazer à noite e fim de semana. A gente não ser ver, cada uma vai fazendo e vai deixando. Não ficamos reunidas porque temos medo, algumas das meninas já pegaram a Covid, outras não", frisou Maria.
Os funcionários do condomínio gostaram das máscaras e a demanda foi aumentando. Pessoas de outros lugares passaram a pedir doações e as amigas distribuem. Porém, o grupo descobriu que algumas dessas pessoas estavam vendendo as máscaras para terceiros.
"A gente sabe que nem todo mundo tem condições de ter várias máscaras. Produzimos algo que seja agradável, sempre feito com muito carinho, embalamos, colocamos o nome do projeto. Temos um Instagram, por onde geralmente as pessoas pedem, mas já tivemos situações em que as pessoas pediam, a gente entregava e vendiam. Então, começamos, fechamos parceria com outros projetos como o Olhar Diferente, Fada Madrinha e outros", explicou Maithê.
A partir de então, o projeto passou a atender pessoas carentes por meio desses projetos solidários. Maithê reforçou que as amigas também entregam máscaras individualmente nos locais de trabalho, semáforos - quando acham alguém necessitado - ou nas ruas.
"A gente entrega conforme a necessidade das pessoas. Nosso sonho é que todos tenham máscaras. O último envio que fizemos foi para Tarauacá, quando uma médica do Saúde Itinerante foi para lá e quem estava à frente pediu doações e mandou na época da alagação. Entregaram nos abrigos. Mandamos para Cruzeiro do Sul também ", concluiu.
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