Conflito em Recife
Moradores impedem companhia de cortar energia
Moradores impedem corte de energia em prédio no Recife e companhia registra queixa na polícia
Desligamento ocorreria na tarde desta segunda-feira (18) por medida de segurança, segundo a Companhia Energética de Pernambuco. Edifício Holiday fica em Boa Viagem, na Zona Sul
Moradores impediram o desligamento da rede de energia elétrica no Edifício Holiday, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na tarde desta segunda-feira (18). A medida ocorreria por causa de riscos iminentes na fiação do edifício, de acordo com a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), que registrou queixa na Polícia Civil por causa do impedimento.
A suspensão do fornecimento de energia para todo o edifício seria feita em um poste localizado na Rua Ribeiro de Brito e a Polícia Militar (PM) foi acionada para acompanhar a ação. Revoltados, moradores colocaram obstáculos ao redor do ponto de entrega de energia, como pneus, colchões e uma estante de metal.
Segundo o síndico Rufino Neto, a reclamação era de que o desligamento pegaria todos de surpresa. "Não tivemos nenhum aviso prévio sobre o desligamento da energia. Tivemos reuniões sobre isso e os técnicos da Celpe informaram que nós seríamos notificados para tirar as pessoas com deficiência e crianças. Hoje, por volta das 15h20, recebi a notificação já dizendo que a energia seria cortada", afirma.
O edifício Holiday tem 63 anos de fundação e, no local, há 476 apartamentos, divididos em 17 andares, onde moram, segundo o síndico, cerca de 3 mil pessoas. No térreo, funcionam dezenas de pontos comerciais, que também seriam afetados pela suspensão da energia elétrica.
A Celpe informou que realizou uma vistoria no local e verificou o risco de incêndio na parte elétrica do prédio. De acordo com Fábio Barros, gerente de transmissão da Celpe, o desligamento ocorreria para evitar acidentes no edifício. A companhia diz que metade dos apartamentos têm irregularidades na rede elétrica.
"Fizemos uma visita no local e identificamos riscos de acidentes, como ligações clandestinas, emendas mal executadas e condutores com isolamento degradado. Isso tudo traz risco iminente de incêndio por curto-circuito. No momento em que identificamos isso, é nosso dever efetuar o corte, para não pôr em risco os moradores e quem passa por perto", afirma.
A dona de casa Cassiana Maria Bezerra mora no Holiday há mais de 20 anos. Ela questionou o desligamento da energia elétrica.
"Trocaram meu contador velho por um digital, paguei R$ 270. Todo mês eles vêm tirar a leitura da minha conta, que chega a R$ 130, e eu pago e agora vão cortar assim, do nada? Quero saber onde é que está a justiça para isso. Cadê a lei para isso? Eles não viram a fiação quando vieram tirar a leitura do contador? Quem lucra com a instalação não é a Celpe? Ela que lucra todo mês", afirma.
Segundo Fábio Barros, para regularizar a situação, o condomínio precisa contratar uma empresa para fazer um projeto elétrico. "Nossa responsabilidade é até o ponto de entrega. O condomínio precisa contratar uma empresa, fazer um projeto e apresentar à Celpe. Sendo aprovado, nós acompanhamos a instalação em campo", diz.
Por meio de nota, a Celpe informou que a equipe da concessionária foi "ameaçada e hostilizada por moradores" durante a tentativa de suspensão do fornecimento de energia. A empresa afirmou que "o artigo 170 da resolução 414, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determina que, em caso de risco de acidente, o fornecimento deve ser efetuado de imediato".
Fonte: g1.globo.com