Livro de construção sustentável é lançado pelo Secovi-SP
Versão digital de “Tornando nosso ambiente construído mais sustentável – Custos, Benefícios e Estratégias”, do norte-americano Greg Kats, foi apresentado durante evento no dia 30/4. A publicação está disponível para download gratuito no site do Sindicato
Foi lançado nesta quarta-feira, 30/4, na sede do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), o livro “Tornando nosso ambiente construído mais sustentável – Custos, Benefícios e Estratégias”, do norte-americano Greg Kats, uma das maiores autoridades da atualidade no estudo dos aspectos econômicos relacionados ao ciclo de vida de empreendimentos imobiliários sustentáveis. A versão digital da obra em português foi viabilizada pelo Sindicato, cujo download gratuito pode ser feito no portal www.secovi.com.br/downloads.
“Uma das missões do Sindicato é democratizar a informação, tornando-a acessível a todos. Confiamos que é pela informação que as coisas se transformam. Esta é mais uma obra que produzimos e representa um importante degrau nesse processo”, disse Ciro Scopel, vice-presidente de Sustentabilidade do Secovi-SP, na abertura do evento, ocasião em que representou o presidente da entidade, Claudio Bernardes. O Secovi-SP tem em seu repertório de publicações nesta área o caderno Condutas de Sustentabilidade no Setor Imobiliário, feito em parceria com o CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), e os Indicadores de Sustentabilidade, com a Fundação Dom Cabral.
Por videoconferência, Kats demonstrou satisfação em ter o seu livro traduzido para o português e de a versão eletrônica ser distribuída para um mercado tão grande como o brasileiro. “Está se tornando arriscado não construir prédios sustentáveis. Nos EUA, 50% dos prédios públicos construídos são verdes. A edificação de edifícios sustentáveis, que são mais eficientes, saudáveis e que oferecem mais qualidade, pode transformar o Brasil”, disse.
O livro foi apresentado pelo diretor de Sustentabilidade da entidade, Hamilton de França Leite Junior. Um dos principais dados, resultante de uma pesquisa com mais de 170 edifícios certificados, é que, em média, a construção de um prédio sustentável custa apenas 2% a mais que um convencional. “A percepção das pessoas é que esse custo adicional é de 17% - uma percepção errada”, afirmou. E este custo adicional é superado em quatro vezes pelos benefícios diretos (economia de água e energia, saúde etc.) proporcionados aos ocupantes da edificação.
Nas escolas verdes pesquisadas, houve incremento de 3% na produtividade, aprendizado e performance e redução de 3% no turnover de professores, 15% em pessoas com resfriado e gripe e 25% em asma. Já nos edifícios comerciais, os ganhos fora na valorização dos imóveis: a taxa de ocupação é 5% maior, o ganho com aluguel cresce 35% e o valor do imóvel aumenta em 64%, em comparação com os convencionais.
“O livro mostra que todo mundo ganha ao construir prédios sustentáveis, desde o loteador até o morador. Mas por que mais prédios verdes não são construídos?”, questionou Hamilton, já emendando a resposta baseada em sua pesquisa de mestrado sobre o mesmo tema: “Conflitos de interesses entre incorporador e usuário; visão de curto prazo do incorporador, cujo papel vai só até a entrega das chaves, ficando para os usurários usufruir os benefícios proporcionados pelo tipo de construção, entre outros”.
Em seus comentários durante o evento, o professor Cláudio Alencar, da Poli-USP, lamentou a falta de uma base de dados consistente e rigorosa em construção sustentável no Brasil, que permita a realização de pesquisas e trabalhos acadêmicos. “É preciso organizar mecanismos de produção dessas informações de forma sistematizada, para que ocorra a sua disseminação. O Secovi-SP é um dos agentes, mas há outros que podem coletar e fornecer essas informações”, disse. Ele ainda destacou, do livro, dois importantes parâmetros: agregação de custo na fase de implementação, e economia de custo na ocupação.
José Moulin Netto, do Green Building Council Brasil, enfatizou a importância de não se olhar somente os custos da construção, mas todo o ciclo, que chega a durar 50 anos na ocupação de um edifício, período em que os benefícios serão usufruídos.
As vantagens para a saúde e qualidade de vida dos ocupantes dos edifícios sustentáveis apontados no livro foram destacados por Marcelo Takaoka, do CBCS, e por Luiz Ceotto, da Tishman Speyer. “Todo Governo deveria olhar atentamente para o ambiente mais saudável proporcionado por esses prédios. Isso impacta diretamente o sistema de saúde das cidades”, ressaltou Takaoka. “O impacto dessas construções na vida do ser humano é um ponto pouco explorado no Brasil, e sempre ganha cunho político, pouco científico”, lamentou Ceotto.
Qualidade da informação e metodologia adotada na pesquisa realizada pelo autor do livro foram destacadas por Rafael Tello, pesquisador da Fundação Dom Cabral. “Precisamos de informações para dar sentido à construção sustentável. O livro serve de parâmetro para Brasil”, afirmou. Ele elogiou a transparência com que as informações são mostradas na obra de Kats.
“Se a construção sustentável traz benefícios, é necessário quebrar barreiras para ser mais adotada. É possível ter empreendimentos sem custo adicional. Basta escolher os requisitos”, disse. Em concordância com Tello, Greg Kats adicionou que “construções que não são sustentáveis estão ultrapassadas”.
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