Contra o crime
Condomínio em Lajeado ainda é fiscalizado
Apartamentos do Novo Tempo, em Lajeado, voltam a ser alvo de vistoria
Dois meses após a Operação Ipê-amarelo, os apartamentos dos residenciais Novo Tempo I e II, nos bairros Jardim do Cedro e Santo Antônio, em Lajeado, continuam sendo fiscalizados pelas autoridades. Na época, algumas residências foram encontradas em situação de abandono ou ocupadas por terceiros. Para coibir as fraudes, a Caixa Econômica Federal e a prefeitura fazem vistorias. Nesta quarta-feira (10) ocorreu a segunda ação, que culminou na troca de pelo menos 18 fechaduras.
As averiguações ocorreram a partir de denúncias, que podem ter sido feitas pelos próprios moradores. Os dois conjuntos habitacionais somam 488 apartamentos. Com a apuração in loco, síndicos, representantes do banco e da administração foram a todas as residências com suspeitas. As aberturas foram mudadas apenas nas casas abandonadas. Aquelas que têm móveis poderão ser visitadas para a retirada.
Foi a primeira vez que o Novo Tempo I recebeu a vistoria. Em maio, apenas o Novo Tempo II foi fiscalizado. A síndica do Novo Tempo I, Rosa Maria de Morais, relata como foi o dia de visita. “Foi calmo, tranquilo. Eles trocaram algumas fechaduras onde não tinha ninguém. O pessoal que está irregular foi notificado”. Ela estima que nove aberturas tenham sido trocadas. O banco não confirma a informação e diz que repassará os números oficiais da ação amanhã, quinta-feira (11).
A Força Tática da Brigada Militar (BM) acompanhou o trabalho dos fiscalizadores, no sentido de promover a segurança dos envolvidos. A operação se desenvolveu das 10h às 15h. Para a síndica, não havia a necessidade da participação dos militares. “Ninguém iria fazer nada, pois todos sabiam que isso iria acontecer. Não teve qualquer resistência”, pontua. O grupo de três policiais foi aos dois residenciais.
No segundo conjunto habitacional, o número de fechaduras trocadas igualmente não foi divulgado pelo banco, que financiou os imóveis. No entanto, a síndica Elisabete Silva estima que tenham sido nove casos, assim como no I. “Acontece em função de os apartamentos estarem vazios, sem moradores e sem uso”, coloca.
A Caixa fixou nos locais um termo de reintegração de posse, o que torna o banco proprietário dos respectivos imóveis. A síndica Elisabete diz que o dia de averiguação foi calmo no Novo Tempo II. “Essa não foi a primeira vez que aconteceu, foi a segunda. Então no momento em que eles veem as viaturas, já estão acostumados”. Dois servidores públicos da Secretaria municipal de Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sthas) acompanharam os trabalhos desta quarta-feira.
Receio do futuro
Depois que a operação Ipê-Amarelo ocorreu, em maio, o apartamento 103 do Bloco 9 do Novo Tempo I foi abandonado. Diante disso, Patrícia Cardoso Clos, 43 anos, levou a sua família para residir no local. “Eu estava sem moradia e como o apartamento estava abandonado eu vim. Tinha a intenção de regularizar e colocar no meu nome”, conta. Ela mora com seis pessoas, entre elas uma idosa e crianças.
Patrícia recebeu nesta quarta-feira um comunicado que trata da reintegração do imóvel. Ela se diz preocupada com o futuro e não sabe para onde irá. “Fiquei bem apavorada. Desde às 4h30 eu estou acordada”, relata. Segundo a moradora, a Caixa deu prazo de cinco dias para que ela e a família deixem o apartamento.
Saiba mais
Conforme o banco, a reintegração de posse é emitida após 105 dias da primeira comunicação pedindo esclarecimentos sobre a titularidade e eventuais incoerências no cadastro dos proprietários ou mesmo no pagamento do financiamento. Pelo menos três correspondências teriam sido enviadas ao endereço. Para que a retirada dos moradores seja efetivada, é necessário que o banco tenha ordem judicial.
A tendência é que mais fiscalizações ocorram. As ações deverão partir de denúncias feitas à prefeitura, que posteriormente serão remetidas ao banco. O empréstimo está com a unidade da Caixa em Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos. Nos casos de inconformidades, suplentes de programas habitacionais na Sthas serão chamados.
Uma senhora, que era suplente, ocupa um apartamento no Novo Tempo II há cerca de um mês. Outras dez famílias aguardam liberação para morar nos residenciais.
Fonte: https://independente.com.br