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Condomínios populares atraem moradores de diferentes perfis

quarta-feira, 22 de maio de 2013
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 Condomínios populares unem pessoas de diferentes culturas

Pessoas que eram acostumadas com a lida do campo ou moravam em grandes casas alugadas abriram mão de tudo isso
 
As mudanças na economia mundial, aliadas aos programas sociais criados pelo Governo Federal, nos últimos 10 anos, alteraram o perfil econômico das famílias e possibilitaram a aquisição de imóveis a milhares de brasileiros. Criou-se um novo cenário para o Brasil, o encontro, no mesmo espaço, de pessoas com culturas e hábitos muito diferentes.
 
Em Lages, somente nos últimos dois anos, mais de 650 famílias realizaram o sonho do imóvel próprio ao adquirirem apartamentos em condomínios residenciais, subsidiados pelo Governo Federal. Nestes locais há famílias vindas de lugares muito diferentes. Algumas moravam nas proximidades do prédio, outras vieram de bairros distantes e tem ainda aqueles que se mudaram do interior para morar na cidade.
 
A auxiliar de serviços gerais Viviane Silva da Cruz Santos, 30 anos, nasceu e se criou na localidade de Gramados, no interior de Lages. Desde dezembro de 2011, ela, o marido e três filhos deixaram uma casa de 74 metros quadrados, com um galpão e um grande terreno, para viver em um apartamento com 48 metros quadrados, no Residencial Aristorides Machado de Melo (Lili), bairro Várzea.
 
No sítio, ela acordava às 6 horas, ordenhava as vacas da família, fazia queijo, limpava o terreno e cuidava da horta que tinha para sustento próprio. As crianças, quando não estavam na aula, podiam brincar no pátio livremente.
 
“A gente veio pra cidade por causa do emprego do meu marido. Sinto falta do sítio, mas lá se a gente não tiver uma renda fixa é muito difícil para criar os filhos”, lamenta.
 
No apartamento, a família se adapta a uma nova rotina: o pai sai para trabalhar cedo, a mãe cuida das crianças, leva para o colégio e vai para o trabalho. Quando não estão na aula, Maria Eduarda, 12 anos, José Manuel, 9, e Gabriel, 5, passam a maior parte do tempo dentro de casa. “Aqui na cidade não é seguro pra eles ficarem sozinhos lá fora”, comenta a mãe. 
 
As mudanças de hábito foram inúmeras e Viviane garante sentir falta de ter liberdade dentro da própria casa (uma vez que barulhos mais altos atrapalham os vizinhos) e da lida diária na terra.
 
“Eu me desestressava caminhando no campo, plantando no quintal ou mexendo no meu jardim. Aqui não tenho nada disso”.
 
Viviane se diz satisfeita por ter realizado o sonho da casa própria, mas garante, assim que o marido se aposentar, a família volta a morar no interior, onde a lida com o campo e com os animais lhe traz satisfação.
 
Por 12 anos, a cuidadora de idosos Marislene Campos, 46 anos, pagou aluguel no bairro Brusque. Ela relutou em se mudar porque toda a sua família mora naquele bairro. Mas quando foi sorteada pela Secretaria da Habitação para morar em um dos apartamentos do Residencial Valentim Elisboa Anacleto (Tozzo), no bairro Pró-Morar, ela não pensou duas vezes. Hoje mora com o marido e um filho em um apartamento.
 
Quando se mudou para seu apartamento, Marislene estava pagando R$ 400,00 em uma casa alugada. Hoje em dia, contabilizando a prestação do apartamento, condomínio, luz e gás, ela garante que não gasta mais que R$ 200,00 mensais. “Com a diferença, consegui comprar coisas que sempre quis ter na minha casa, como um micro-ondas, máquina de lavar roupas e um jogo de sofá”.
  
Para Marislene a maior dificuldade ao se mudar para um apartamento foi acostumar por não ter mais um pátio onde podia cuidar do próprio jardim e a distância da família. “No começo, eu não conhecia bem os vizinhos e passava a maior parte do tempo dentro do apartamento. Minha família toda continua na Brusque, sinto falta deles mas acho que vale a pena porque conquistei algo que sempre sonhei”, completa.
 
Os condomínios possuem área de uso coletivo, que se diferenciam das encontradas em casas, onde o morador praticamente segue suas próprias regras. A vida em apartamentos exige disciplina constante das pessoas para evitar atritos entre vizinhos. Quem mora em casas é habituado a espaços generosos e geralmente estranha a vida dentro de quatro paredes.
 
Lucia realizou um sonho, mas não gostou da mudança
  
Lucia Vendramin, 50 anos, é auxiliar de serviços gerais e, por quase 30 anos, morou pagando aluguel no bairro Popular. Assim como Marislene, quando se mudou para o Residencial Tozzo, ela deixou de pagar aluguel e pôde investir em outras coisas para a casa.
  
Ela realizou o sonho de ter um imóvel próprio, mas admite não estar muito feliz com a mudança, pois não acha o condomínio seguro para a neta brincar e não gosta da proximidade que tem com os vizinhos, por isso, passa bastante tempo dentro de casa. “Antes eu sempre fazia caminhadas pelo bairro, conhecia todos os vizinhos e me dava bem. Aqui é tudo diferente e muito longe, não dá pra sair caminhar”, queixa-se.
 
Secretaria faz trabalho de socialização entre os moradores
 
Para conhecer todos os moradores e analisar as diferenças sociais existentes, uma vez que as famílias que ocupam os residenciais populares são provenientes de culturas diferentes, a Secretaria da Habitação em parceria com a Caixa Econômica Federal, desenvolverá um trabalho técnico social dentro de cada um dos residenciais.
  
O primeiro a receber o serviço foi o Aristorides Machado de Melo (Lili), no bairro Várzea. De acordo com a assistente social da Secretaria de Habitação, Jozimara Pereira, o trabalho consiste no desenvolvimento de atividades de cunho educativo e informativo. Temas como educação financeira, ambiental e patrimonial, além da organização do condomínio e a integração entre os moradores, são debatidos.
 
“Trabalhamos principalmente a diferença entre morar em uma casa e um apartamento, para que as famílias tenham mais qualidade de vida dentro do empreendimento”, diz. Segundo Jozimara, trabalho semelhante já havia sido desenvolvido em 2011 por uma empresa terceirizada da Caixa, mas como não surtiu efeito e conflitos começaram a surgir, o banco liberou recursos para que a ação fosse desenvolvida pelo município, através da Secretaria de Habitação.
 
Jozimara afirma que a procura dos moradores ainda é pequena. No Residencial Lili o trabalho deve encerrar em outubro. No Madruguinha a ação já foi aprovada mas ainda não tem previsão para começar  e o projeto do Tozzo e Pedro Filomeno (conjunto de casas em fase de construção), está em fase de elaboração.

Fonte: http://www.clmais.com.br/

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