Medida polêmica
Corte de árvores sem consulta prévia revolta condôminos no DF
Síndica manda derrubar árvores e moradores se revoltam na Asa Sul
Segundo moradores do bloco G da SQS 305, duas mangueiras foram derrubadas de forma irregular no último domingo (20/11)
Moradores do bloco G da 305 Sul estão indignados com a derrubada de duas mangueiras da área verde localizada entre área comercial e o prédio residencial no último domingo (20/11). De acordo com o grupo que se formou após a polêmica, a medida ocorreu sem consulta prévia. A síndica alegou ter cortado as árvores em função “dos danos que ela fazia na calçada” e também por “questão de segurança”.
De acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), é de responsabilidade do órgão os serviços de poda e cortes de árvores, tendo necessidade de vistoria de um engenheiro florestal, mediante a solicitação da comunidade.
“A síndica contratou, no domingo, por volta das 8h, um jardineiro por conta própria para tirar as árvores. Não comunicou ninguém. Nelas apareciam muitos miquinhos e a gente entendeu como uma depredação do meio ambiente”, reclamou a servidora pública Janaína Camilo, 49.
Segundo a moradora, as plantas têm entre 7 e 9 anos e serviam como rota de passagem para vários micos, muito comuns na Asa Sul. Além de darem frutos e serem motivo de carinho dos residentes.
Uma foi cortada por inteiro e a outra, de três troncos, perdeu dois deles, como mostrou a moradora do prédio há 15 anos. “Nós ficamos muito sentidos”, lamentou outra servidora pública, Morine Mughabghab, 50, moradora há 41 anos do residencial.
Simone Guidacci, 55, também servidora pública, conta que a mãe viu a cena da janela do apartamento do 2º andar. “Começamos a gritar para que ele parasse, tanto que ainda sobrou um tronco”, relata. A familiar é moradora do edifício há mais de 30 anos, mas tem 4 anos que Simone passa a semana no local para cuidar da mãe.
Momentos após o ocorrido, Janaína questionou a síndica sobre o motivo da retirada das árvores. “Ela mandou tirar porque estava estourando a calçada. Ela disse que não tinha autorização porque não era preciso. Também não tinha avaliação do estado calçada. Tem todo um rito que ela não cumpriu”.
A moradora registrou um boletim de ocorrência e um protocolo na ouvidoria do GDF.
Moradora reclama da ação
Procurada, a síndica do prédio, Fernanda Ming, disse que podou as mangueiras porque elas estavam danificando a passagem de concreto.
“A mangueira estava rompendo a calçada e fiquei com medo de acontecer como em outro bloco, que não passa cadeira de rodas e já vi idosos tropeçando. A área estava muito escura e algumas pessoas se escondiam à noite”, explicou.
A síndica ainda reforçou que, desde o ano passado, faz alterações na área verde. “Fiquei impressionada com o que aconteceu. Para questão do jardim, nunca foi exposto nada. Outras plantas foram retiradas do jardim e nunca foi foi falado nada”, pontua.
Ela reforça ter feito um pedido à Novacap para poda de árvore geral no ano passado, mas não foi atendida. Para a ocasião do último domingo, não havia entrado com o protocolo.
“Uma moradora conversou comigo e parecia que o pai dela havia plantado a árvore. Eu pedi desculpas e pedi para parar o serviço”, afirma.
O que diz a Novacap
Acionada, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) informou, por meio de nota, que a intervenção feita no endereço não foi realizada pelo órgão e que somente a Novacap pode fazer esse tipo de ação em área pública. Uma equipe foi enviada para averiguar a situação.
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