Criminalidade em condomínio
Promotor comenta ação policial em Lajeado
“Constrói, entrega e se afasta: esse é o grande problema”, afirma promotor, sobre criminalidade em condomínios
Diefenbach diz que Operação Ipê Amarelo, deflagrada nos residenciais Novo Tempo I e II em Lajeado, visa o combate às organizações criminosas, garantir o direito à moradia e assistência às famílias
Após a Operação Ipê Amarelo, realizada na madrugada e manhã do último domingo (5) no Novo Tempo I e Novo Tempo II, o promotor de Justiça Sérgio Diefenbach realizou vistorias em apartamentos ditos abandonados em residenciais no Bairro Santo Antônio, em Lajeado, durante toda a terça-feira (7) e a manhã desta quarta-feira (9).
Conforme ele, a intenção do trabalho é garantir o direito fundamental à moradia, limitado pela atuação de organizações criminosas que atuariam nos locais. O Ministério Público objetiva reintegrar as propriedades e, caso estejam inutilizadas, cedê-las a outras pessoas.
Diefenbach explica que o Estado pretende, a partir da deflagração da operação, devolver aos moradores dos residenciais a tranquilidade e a assistência em serviços essenciais. O promotor lamenta um padrão seguido pelo Estado com condomínios habitacionais edificados país afora. “Constrói, entrega e se afasta: esse é o grande problema”, afirma.
A ação policial — a segunda maior do Estado no ano — contou com a participação de mais de 400 agentes de segurança. Dezoito pessoas foram presas (algumas foram liberadas posteriormente) nos condomínios, e drogas e munição foram apreendidas.
“Dentro daquelas 1,5 mil pessoas [que moram no Novo Tempo I e II], há um número muito grande, vou te dizer umas 95% delas, que trabalham e querem trabalhar. São pessoas de confiança, mas que são frágeis, vulneráveis, estão expostas”, analisa o promotor.
“Aí a necessidade de uma ação conjunta, seja na repressão ao crime, seja na observação de quais fações e organizações criminosas que estão explorando ou coagindo essas pessoas. O outro aspecto é identificarmos quais as necessidades que eles têm e quais necessidades que precisam ser atendidas”, percebe.
“O que nós temos lá não é nada diferente do que já tínhamos em nossos bairros mais periféricos de Lajeado”, afirma Diefenbach. “São famílias e pessoas com muitas dificuldades, dificuldades de toda ordem. Por outro lado, percebi pessoas muito satisfeitas com aquele empreendimento, por terem um espaço para morar, embora apertado, empoleirado. Há pessoas que nunca tiveram um espaço privado para morar”, pondera o representante do Ministério Público.
“É claro, que no momento que se unem famílias distintas, esses conflitos se tornam agudos e, quando não há uma presença efetiva de outros serviços para garantir necessidades básicas, ali surge um espaço para a ilegalidade proliferar e tomar conta”, lembra TS.
Fonte: http://independente.com.br