Curto-circuito
Moradores reclamam de prédio em reforma já há cinco meses
Fora de casa há 5 meses, moradores alegam demora na reforma de prédio
Construtora responsável informou que reparos serão concluídos em abril. Edifício Sunset Boulevard, em Cuiabá, pegou fogo após curto-circuito. Fora de casa há cinco meses, os moradores do edifício Sunset Boulevard, no Bairro Araés, em Cuiabá, reclamam da demora na entrega da reforma do prédio após incêndio causado por um curto-circuito, no mês de outubro do ano passado. Eles alegam que a construtora responsável pela edificação e também por reparar os danos causados pelo incêndio já prorrogou o prazo de entrega por três vezes e que o último prazo dado é abril.
A construtora Plaenge confirmou que irá entregar a reforma no final de abril, mas negou ter estabelecido os prazos anteriores para a conclusão da obra. A área comum do prédio que tem 92 apartamentos em 23 andares está prevista para ser entregue no dia 27 do mês que vem, como informou a assessoria da empresa. No entanto, depois disso, os moradores deverão acionar a seguradora para a reforma interna dos apartamentos. Nos imóveis pouco afetados pelo fogo, os moradores poderão retornar a partir dessa data. O tempo de entrega tem causado desgaste às famílias que esperam voltar para casa ou até mesmo decidir se continuarão vivendo no prédio ou não. Após a mudança, alguns passaram a morar de aluguel e outros foram para a casa de parentes.
Uma dessas famílias é a do advogado Bruno Oliveira Castro, que perdeu toda a mobília no incêndio. "Perdi tudo, móveis, eletrodomésticos, roupas e tudo mais", afirmou. Além da perda material, os filhos dele, um casal de gêmeos que hoje está com nove meses, passou a ter problemas respiratórios e um deles tem tido crises constantes de bronquite asmática. "Em um mês, ele emagreceu 1,5 kg após uma crise recente de bronquite", disse Bruno sobre o filho, que, na época do incêndio, tinha quatro meses.
Segundo ele, em outubro, logo após o incidente, a construtora Plaenge, responsável pela obra do edifício, pediu prazo de 60 dias para fazer os reparos no prédio, mas após esse período pediu mais dois meses para a conclusão, o que também não ocorreu. Daí, em fevereiro, prometeu entregar o prédio em abril. "A situação é absurda, porque esse valor [de R$ 3,5 mil] que eles [construtora] estão pagando não resolve todos os problemas que esse incêndio nos causou", reclamou. Desde o ocorrido, ele está morando na casa dos sogros com a mulher e os filhos.
Outra moradora que vive momentos de aflição é a também advogada Gisele Nascimento, que morava no 19º andar. Mãe de trigêmeos, de 5 anos, ela disse que o que mais incomoda é a instabilidade, porque, segundo ela, mesmo se a construtora entregar a reforma da área comum, será preciso fazer reparos no interior do apartamento. "O que me incomoda e me preocupa é que não sabemos quando voltaremos. Estamos desorientados, sem rumo", afirmou. Ela está morando em uma casa alugada. A princípio, o imóvel tinha sido emprestado, mas, como a situação se prolongou, a família o alugou e agora a proprietária pediu a casa, já que irá precisar dela. "Ela [dona] mora no interior, mas agora vai precisar da casa porque irá fazer um tratamento de saúde e não sei o que fazer ainda porque os locatários não gostam de alugar sabendo que não temos intenção de ficar por muito tempo. Ainda tem o contrato de locação por prazo determinado, mas não sabemos quanto tempo ainda precisaremos ficar fora de casa.
Estamos vivendo uma situação de incerteza e instabilidade", declarou a moradora.
Em janeiro deste ano, um laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) constatou que o incêndio foi acidental em decorrência de um curto-circuito na prumada elétrica (local em que se concentram os cabos de energia que vão para os apartamentos). Constatou também que uma norma técnica estabelece que alguns dispositivos da parte elétrica do prédio deveriam ser de material incombustível, o que não ocorreu no Sunset, e teriam permitido a propagação de chama e calor. O resultado do laudo foi encaminhado à Polícia Civil.
Em nota, a Plaenge informou que em dezembro do ano passado ficou definido em uma reunião com a seguradora e os moradores que os reparos seriam feitos pela construtora, que é a responsável pela edificação. Durante esta semana, a construtora informou que encontram-se em execução a pintura do teto e paredes da escada, pintura dos halls, finalização de aplicação do gesso no teto e gesso na parede.
Incêndio
No dia 14 de outubro do ano passado, os moradores do edifício Sunset Boulevard foram acordados no início da manhã com uma fumaça que se espalhou pelo edifício. Alguns não conseguiram deixar os apartamentos devido à fumaça e foram retirados do local pelo Corpo de Bombeiros por meio de cordas em uma técnica conhecida como rapel, pela escada Magirus e até de helicóptero.
Fonte: http://g1.globo.com/