Custos do condomínio
É importante saber como se compõem os gastos
Taxa de condomínio: uma luta mensal
Os caminhos para um condomínio que tenha consciência ecológica
E quando o custo é superior à inflação, o que fazer? Semanalmente se divulga um indicador de inflação, IGP-M, IPCA, IPCA-15, IPC, IGPD-I, entre outros, no entanto, a realidade do consumidor na feira, no supermercado ou nas lojas é distante, os preços sobem mais que os índices divulgados. Economicamente, explica-se sempre que deve ao fato dos indicadores medirem médias de ajuste de preços.
Nos condomínios, os custos também seguem essa linha. O morador fica espantado, muitas vezes faz contas, busca explicação. Por que a taxa sobe mais que a inflação, o IGP-M (que também é muito utilizado para alugueis). Os fatores que mais pesaram foram as tarifas públicas, controladas pelo governo, mas o síndico, o gestor do condomínio, pode ser eficiente em outras áreas, para minimizar o impacto na taxa no final do mês.
O morador de prédio sempre desconfia dos custos apresentados na fatura do condomínio. Esse descontentamento não pode virar desconfiança. O gestor do prédio precisa ser transparente, saber levar a todos – ou pelo menos ao conselho de moradores – cada detalhe, orçamentos e opções, antes de tomar decisões.
Os grupos de mensagens, hoje comum nos prédios, são outra fonte de esclarecimento, mas é um debate, quando muito amplo a todos moradores, improdutivo, pois a retomada constante, por exemplo, de temas que precisam de assembleia ou recursos que o prédio não disponibiliza, alonga conversas e críticas ao gestor.
Voltando a questão dos índices de variação de preço, o IGP-M fechou 2017 em deflação de 0,52%. Preços controlados pelo poder público, com energia, gás e água, além de salários e custos operacionais (manutenção, conservação e limpeza), subiram bem acima desta realidade. Em média, nos demais indicadores, o reajuste médio foi acima de 3% – sendo que alguns serviços subiram acima de 10%.
É fato que cada prédio tem um modelo de gestão e uma realidade, por conta de equipamentos piscina, jardim, número de colaboradores, número de unidades no prédio, inadimplência e terceiros, entre outros.
Mas, morador reclamando da alta dos valores da taxa, em todo lugar é igual. O pior é que, na maior parte dos casos, são aumentos incontroláveis – como serviços públicos (que representa cerca de 11% dos gastos) e dissídios trabalhistas. Quando muito, pode-se trocar prestadores de serviço e buscar mais em conta, mas sempre perdendo em qualidade.
O primeiro ponto a se preocupar em gestão de condomínio, neste ambiente de inflação baixa versus custos em alta, é adotar uma política de transparência. Jogar aberto e apresentar detalhes da gestão, para que percebem ao esforço de economizar e colaborem nas políticas internas de economia, principalmente, nos serviços coletivos.
Aliás, estas políticas internas podem ser adotadas frequentemente, alguns chamam de campanhas, e envolver moradores, divididos em comitês, tratando de redução de custos, busca de receitas, conscientização dos moradores, entre outros temas internos.
Sobre redução de custos, o caminho menos doloroso é cortar desperdício. Traçar, em um modelo de gestão participativa, uma meta de redução de 10% a 20% nos custos de água e energia.
São metodologias eficientes, com premiação para alcançar cada meta ou punição, sempre acertada previamente com os participantes e envolvendo itens e serviços do próprio condomínio. Além de inibir a cultura do desperdício, se integrará mais os envolvidos e novas e interessantes ideias serão coletadas, muitas delas, se aplicadas com sucesso, repassadas a outros grupos.
Nestas ações e campanhas do condomínio, a conscientização sobre uso de descargas, banhos longos, lavagem de calçadas, lâmpadas ligadas durante o dia e o tempo todo. Os caminhos para um condomínio que tenha consciência ecológica e educação financeira estão colocados, basta começar.
(Sílvio Coutinho, contador, com especialização em gestão de condomínio, e diretor da Lukro Desenvolvimento Contábil – www.lukrocontabilidade.com.br)
Fonte: www.dm.com.br