Desabamento de prédio
Bombeiros encerram buscas após identificação de nona vítima
[23/10 - G1]
Laudo sobre desabamento de prédio em Fortaleza deve ser concluído em 10 dias
Edifício de sete andares desabou na terça-feira (15). Nove pessoas morreram e sete foram resgatadas com vida
A Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) iniciou as investigações das causas do desabamento do Edifício Andrea. Os trabalhos iniciaram no sábado (18), após o Corpo de Bombeiros resgatar as últimas vítimas e encerrar o resgate, e serão concluídos em 10 dias. A corporação militar também colaborará com a investigação, disse nesta segunda-feira (21) o comandante-geral coronel Luís Eduardo Holanda.
O edifício residencial Andrea, localizado no Bairro Dionísio Torres, desabou em 15 de outubro, matando nove pessoas. A edificação tinha sete andares e estava com problemas nas colunas, segundo vídeo feito por moradores na noite anterior ao desabamento.
Eduardo Holanda, que coordenou a operação de buscas por pessoas sob os escombros, informou que o Corpo de Bombeiros vai ficar "na retaguarda", caso a perícia precise de informações de quem realizou os resgates das vítimas.
“A investigação passa a cargo da Perícia Forense, que assim que nós liberamos a área da situação de resgate, já começou os procedimentos de investigação", afirmou. E reforçou dizendo que o Corpo de Bombeiros ficará "numa retaguarda, caso os peritos precisem de algum tipo de informação que possamos fornecer", afirmou.
Nesta segunda-feira, equipes recolheram objetos pessoais retirados sob os escombros para devolver aos moradores.
Outros prédios em alerta
Segundo Holanda, depois da tragédia com Edifício Andrea, o nível de atenção tanto do poder público, como de síndicos e de moradores ficou elevado e todos juntos devem redobrarem a atenção.
“Nosso nível de percepção de alerta de segurança deve ser elevado a partir dessa tragédia. Principalmente nas edificações verticalizadas", ressaltou. "Ele reforça que essa deve "ser uma preocupação de todos. Não só uma preocupação do poder público apenas, nem tampouco do síndico. Deve ser de toda a comunidade, que todos aqueles que habitam naquela edificação tenham a responsabilidade”.
Moradores hospitalizados
Três pessoas feridas no desabamento seguem hospitalizadas nesta segunda-feira:
- Antônia Peixoto Coelho, 72 anos, está internada em um hospital particular em estado grave;
- Cleide Maria da Cruz Carvalho, 60 anos, está no Instituto Doutor José Frota (IJF) com ferimentos no corpo e apresenta quadro de saúde estável;
- Gilson Gomes, 53 anos, quebrou as duas pernas enquanto trabalhava próximo ao local do desabamento e também recebe atendimento no IJF. Ele segue com quadro de saúde estável.
O que se sabe até agora
- Edifício Andrea desabou às 10h28 do dia 15 de outubro
- Nove pessoas morreram e sete foram resgatadas com vida
- O prédio ficava no cruzamento na Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli, a cerca de três quilômetros da Praia de Iracema, região turística da capital cearense
- A prefeitura disse que a construção do prédio foi feita de maneira irregular e ele não existia oficialmente, mas o G1 localizou o registro do imóvel em um cartório da capital: a existência do edifício é conhecida desde 1982
- Testemunhas contaram que o edifício estava em obras
- Vídeo mostra que as colunas de sustentação estavam com situação precária
- Ruas no entorno do edifício foram bloqueadas e sete imóveis próximos ao local do desabamento foram interditados
- O engenheiro técnico apontado como responsável por reforma no edifício esclareceu à polícia que começaria as obras no prédio no último dia 15 de outubro, data em que a edificação desabou.
Falhas na estrutura
A síndica do edifício solicitou, um mês antes do desabamento, um orçamento para recuperação estrutural. No dia de 19 de setembro, a vistoria técnica da empresa detectou pelo menos 135 pontos com falhas estruturais na área do pilotis.
O orçamento pedido pela síndica foi entregue no último dia 30, mas a proposta foi recusada dois dias depois, porque uma concorrente ofereceu o serviço com menor custo.
Durante a visita técnica, eles diagnosticaram rachaduras nos pilares, concreto soltando da armação e ferros soltos. Na casa de bomba, onde é feito o transporte da água da cisterna para a caixa, Alberto Cunha revela que o ambiente concentrava a maior parte das falhas.
[23/10 - G1]
Quatro colunas foram destruídas antes de queda de prédio, diz filha da síndica ao depor
Edifício de sete andares desabou e matou nove pessoas; sete foram resgatadas com vida.
Um dia antes do desabamento do Edifício Andrea, quatro colunas já haviam passado por intervenção, segundo depoimento de Anita Grazielle Rodrigues Barbosa à Polícia Civil. Grazielle é filha da síndica do condomínio, Maria das Graças Rodrigues, uma das nove vítimas do colapso do prédio. Na reforma, um pedreiro destruiu o concreto que reveste a parte metálica nas colunas de sustentação.
Em depoimento, Grazielle informou que constatou a intervenção nas colunas em 14 de outubro, data de início da obra, por volta de 15h30, quando ela percebeu que a estrutura já estava com revestimentos retirados e ferros expostos. Na manhã seguinte (15), o condomínio ruiu, deixando nove mortos e sete feridos.
A filha revelou que no dia do desabamento chegou a falar a mãe às 8h30 por telefone, ocasião em que a síndica respondeu estar esperando a chegada do responsável técnico para ser feito o escoramento do prédio. Contudo, vídeo obtido pelo G1 mostra um funcionário do engenheiro José Andresson Gonzaga dos Santos quebrando uma das colunas do pilotis naquela data.
Orçamento mais barato
Três orçamentos discutidos em assembleia para reformas estruturais no Edifício Andrea foram apresentados à Polícia Civil por ela. A empresa Ceará Inspeção ofereceu proposta no valor de R$ 35.412, enquanto a MH Construções calculou a obra em R$ 25.261. Os condôminos, porém, optaram pela oferta da Alpha Engenharia, que apresentou a menor oferta (R$ 22.200) para recuperação e pintura de 14 pilares e vigas.
Ainda durante o depoimento, Anita Grazielle Rodrigues Barbosa esclareceu que o pagamento da intervenção foi dividido em quatro vezes de R$ 4.400. Um extrato da conta do condomínio entregue à polícia comprova o repasse da primeira parcela à conta da Alpha Engenharia. As outras três foram pagas com cheques pré-datados a serem compensados no dia 14 do meses de novembro, dezembro e janeiro de 2020.
A filha de Maria das Graças Rodrigues deixou ainda a cópia da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para ser anexada nos autos do processo. O documento confirma a versão dela mostrando que a obra começou no dia 14 de outubro, contrariando a versão de José Andresson Gonzaga dos Santos. O engenheiro alegou que o serviço começou somente no dia 15 último.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que 21 pessoas já foram ouvidas no inquérito para apurar as causas do acidente e que segue com as oitivas.
“Parte dos bens recuperados entre os escombros – aparelhos celulares, tablets, joias, perfumes, artigos pessoais – estão sendo restituídos às vítimas ou familiares que procuram a delegacia com o intuito de receber o bem. A Polícia Civil segue com as oitivas que podem ajudar a elucidar as causas do desabamento”, completa.
[21/10 - UOL]
Bombeiros localizam corpo de síndica nos escombros de prédio em Fortaleza
Resgates foram encerrados após identificação de nona vítima
A síndica do prédio que desabou em Fortaleza, na última terça-feira (15), foi encontrada morta no final da tarde de hoje pela equipe de resgate do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, no quinto dia de buscas nos escombros do edifício Andrea. Maria das Graças Rodrigues, 53, é a nona e última vítima fatal do desabamento. Sete pessoas foram resgatadas com vida dos escombros da edificação.
Com a localização do corpo de Maria das Graças, as equipes de resgate do Corpo de Bombeiros deram por encerrada as operações e fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas fatais do desabamento do prédio.
Maria das Graças Rodrigues estava no térreo acompanhando a reforma do prédio quando a edificação ruiu. O zelador do prédio Francisco Rodrigues Alves, 59, que também estava observando os reparos conseguiu correr e não morreu. Ele quebrou um braço e teve outros ferimentos pelo corpo.
Imagens do circuito interno do edifício Andrea mostram um homem quebrando uma das pilastras e outros dois observando o serviço. Segundo a polícia, um deles é o engenheiro da obra, José Andreson Gonzaga dos Santos, proprietário da empresa Alpha Engenharia. Ele prestou depoimento à polícia e disse que as ferragens das pilastras do prédio estavam com nível alto de corrosão. A obra de reparo foi orçada R$ 22 mil.
Hoje, os bombeiros também localizaram a oitava vítima fatal. O corpo do cuidador de idosos José Eriverton Laurentino Araújo, 44, foi resgatado às 10h40. Ele estava no apartamento 501 com o casal de idosos Vicente de Paula Vasconcelos de Menezes, 86, e Izaura Marques Menezes, 81.
Desde ontem, devido aos dias que se estenderam o regate, maquinários de maior porte começaram a auxiliar os bombeiros na retirada dos escombros para localizar a síndica do prédio.
A SSPDS (Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social) informou que 135 homens do Corpo de Bombeiros se concentraram na "zona quente" em busca do corpo da última vítima do desabamento, após a retirada do oitavo corpo na manhã de hoje. Ao todo, cerca de 500 pessoas trabalharam no resgate.
Cinco cães farejadores atuaram no trabalho de localização das pessoas que estavam no prédio. Dois deles participaram das buscas em Brumadinho.
[21/10 - G1]
Família que morava na cobertura do Edifício Andrea deixou prédio 15 minutos antes de desabamento
Ana Maria Ramos é a primeira moradora do edifício. Moradora disse que observou as colunas danificadas antes de deixar o prédio.
A família que morava na cobertura do Edifício Andrea, que desabou no dia 15 de outubro, em Fortaleza, contou à polícia que deixou o condomínio 15 minutos antes da tragédia. Em depoimento à polícia, Ana Maria Ramos, primeira moradora do imóvel, estava em uma agência do Banco do Brasil, na Avenida Barão de Studart, com o esposo, Clotário Sousa Nogueira, no momento do desabamento que deixou oito mortos e sete feridos.
Em depoimento, a moradora contou que residia no número 701, no sétimo andar do condomínio, desde 1983. A mulher afirmou que soube do desabamento através da ligação de um conhecido que havia visto a notícia pela internet. Imediatamente, o casal se dirigiu ao local e confirmou o ocorrido.
Colunas danificadas
Ana Maria confirmou a versão do porteiro e de outros moradores do Edifício Andrea que, no dia 14 de outubro, havia observado que a maioria das colunas estavam “descascadas”, sem o reboco e com as ferragens expostas.
Às 10h15 da terça-feira, ao sair do prédio com o esposo para ir ao banco, Ana Maria conta que observou quase totalmente sem reboco e com os ferros encurvados, como se não estivessem suportando o peso do prédio. Ela ainda ressalta que não havia nenhuma escora na obra.
Além de Ana Maria e do marido, moravam no apartamento a filha do casal, Katia Ramos Nogueira, o genro do casal, Jorge de Castro Bomfim, e a neta, Naiara Nogueira Bonfim. Nenhum dos moradores do apartamento estavam no local no momento do ocorrido.
Vídeos gravados por câmeras do circuito interno de segurança mostram um pedreiro fazendo reparos nas colunas do Edifício Andrea minutos antes do prédio desabar. Quatro das cinco pessoas que aparecem nas imagens conseguiram sobreviver. A síndica, que acompanhava as obras, ainda é considerada desaparecida.
[21/10 - O Povo]
Em depoimento, engenheiro diz que Edifício Andréa desabou 20 minutos após síndica ter acesso à autorização da obra
O proprietário da Alpha Engenharia afirmou, em depoimento, que o prédio tem mais de 40 anos e já deveria ter passado por manutenções preventivas
O engenheiro proprietário da Alpha Engenharia, José Andreson Gonzaga dos Santos, afirmou, em depoimento à Polícia Civil, no 4º Distrito Policial, que o Edifício Andréa desabou 20 minutos após informar para a síndica Maria das Graças Rodrigues, 53, que estava com a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) – documento que autorizava a obra. O edifício localizado no bairro Dionísio Torres desabou na última terça-feira, 15. A empresa era a responsável pela intervenção no local.
No depoimento, o engenheiro diz ainda que "o prédio tem mais de 40 anos que foi construído e que já deveria ter passado por manutenções preventivas".
Santos informou à Polícia que foi procurado há dois meses pela síndica e foi até o local no último dia 21 de agosto para verificar as condições do condomínio. A síndica, conforme o depoimento, teria dito que o serviço de recuperação dos pilares havia sido executado anteriormente por outro pedreiro, mas o engenheiro notou que foi feito de maneira errada, com materiais que não condizem com os que deveriam ser utilizados.
O depoimento informa que "ao chegar (José Andreson) presenciou que os pilares já demonstravam as ferragens com nível de corrosão muito alto, oportunidade em que a sessão de aço estava completamente comprometida com ferrugem, que no contato passou o orçamento de R$ 22,2 mil para recuperação dos pilares e das vigas do condomínio". E diz ainda que "além desses pilares e vigas, o declarante visualizou e informou à síndica que deveria ser feita a recuperação de varandas que apresentavam o aço danificado. Porém essa parte ela ia fazer posteriormente devido à falta de dinheiro".
O engenheiro afirmou que na segunda-feira, 14 – portanto, um dia antes da tragédia –, foram deixados no prédio os materiais e equipamentos para executar o serviço. Ele e funcionários retornaram ao local no dia seguinte "para executarem a obra". "Às 10h07min informou à síndica que havia tirado o ART hoje (terça-feira) que autorizava o serviço para ser realizado hoje e 20 minutos depois aconteceu o desabamento". Eles aparecem em vídeo que mostra pedreiros quebrando coluna do Edifício Andréa minutos antes da queda do prédio.
Ainda afirmou que seus funcionários, identificados como Carlos e Amauri, estavam no térreo quando o prédio desabou. Eles e o próprio engenheiro sofreram diversas escoriações.
[18/10 - G1]
Empresa detectou 135 'pontos críticos' em prédio um mês antes de desabamento
Desabamento do edifício Andrea matou ao menos seis pessoas. Sete pessoas foram resgatadas debaixo dos escombros e quatro seguem desaparecidas
A síndica do Edifício Andrea solicitou, um mês antes do desabamento, um orçamento para recuperação estrutural. Maria das Graças Rodrigues, de 53 anos, que continua desaparecida entre os escombros, havia entrado em contato com a CAC Engenharia por meio de telefone. No dia de 19 de setembro, a vistoria técnica da empresa detectou pelo menos 135 pontos com falhas estruturais na área do pilotis. O prédio desabou na manhã de terça-feira (15), deixando, até a última atualização desta reportagem, seis pessoas mortas. Outras quatro seguiam desaparecidas e sete foram resgatadas vivas.
O número foi repassado ao G1 por Alberto Cunha, engenheiro e presidente da empresa. O orçamento pedido pela síndica foi entregue no dia 30 último, mas a proposta foi recusada dois dias depois, porque uma concorrente ofereceu o serviço com menor custo.
“Quando o meu funcionário ligou, ela disse que a nossa proposta não foi aceita em assembleia, porque nosso preço tinha sido muito caro e o outro tinha sido 30% abaixo da nossa proposta, e a pessoa ainda dava a pintura do pilotis”, alega.
Durante a visita técnica, eles diagnosticaram rachaduras nos pilares, concreto soltando da armação e ferros soltos. Na casa de bomba, onde é feito o transporte da água da cisterna para a caixa, Alberto Cunha revela que o ambiente concentrava a maior parte das falhas.
“Tem uma área da casa de bomba que já estava muito crítica. As ferragens estavam todas expostas se deteriorando, combogós e pilares comprometidos”. Ainda conforme o engenheiro, Maria das Graças Rodrigues já tinha ciência dos riscos. “Ela estava se mostrando preocupada e queria resolver isso logo e que nós mandássemos orçamento o quanto antes”.
Vítimas identificadas
O Governo do Ceará divulgou a identificação das seis pessoas mortas. Nesta quinta-feira, foram identificados e retirados os corpos de Antônio Gildasio Holanda Silveira, de 60 anos, e da filha dele, Nayara Pinho, de 31 anos.
Antônio Gildasio foi identificado pela Perícia Forense por meio da necropapiloscopia, técnica específica realizada por meio da coleta da impressão digital do corpo e o confronto da impressão digital contida em um documento da pessoa.
No fim da noite, foram reveladas as identidades de Maria da Penha Bezerril Cavalcante, de 81 anos, e de Rosane Marques de Menezes, de 56 anos, que também foram retiradas sem vida dos escombros. Rosane é mãe de Fernando Marques, de 20 anos, o primeiro sobrevivente resgatado do desastre e filha de Izaura Marques Menezes, de 81 anos, que também morreu no desastre. O pai de Rosane, Vicente de Paula Vasconcelos de Menezes, de 87 anos, segue desaparecido.
A primeira morte foi confirmada foi de Frederick Santana dos Santos, de 30 anos, entregador que estava em um mercadinho que funcionava ao lado do prédio.