Rachaduras em prédio ameaçam moradores de condomínio na zona sul.
Rachaduras gigantes, pelas quais é possível passar um braço inteiro. Piso esburacado e desnivelado, inacessível para cadeirantes. Um prédio interditado pela Defesa Civil. Nessas condições sobrevivem os cerca de 150 moradores do condomínio Guarapiranga, vizinho ao terminal de ônibus de mesmo nome, na estrada do M’ Boi Mirim, na zona sul de São Paulo.
Entregue há dez anos, o prédio, encomendado pela prefeitura e executado pela construtora OAS, uma das investigadas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, foi interditado pela Defesa Civil no dia 3 de março. No entanto, sem opção, as famílias continuam morando no prédio, de três andares.
Antigas moradoras da favela Ferreira Viana, uma área de risco na mesma região, elas mudaram para o prédio em 2005, e agora enfrentam riscos como antes. Cada família paga R$ 60 de prestação à prefeitura. O prédio foi construído em um terreno que pertencia à SPTrans (empresa que gerencia o transporte municipal).
Rachaduras em condomínio na zona sul de SP
A dona de casa Maria de Lourdes Pocaia, 56 anos, conta que os problemas estruturais começaram ainda na época da inauguração, e revela o martírio dos vizinhos em busca de uma solução.
“Já falamos com todo mundo. SPTrans, OAS, Subprefeitura do M’Boi Mirim, Secretaria Municipal da Habitação. Ninguém resolve nada. Há alguns anos já havia muitas rachaduras e saímos do prédio, com auxílio-aluguel. Voltamos com a promessa de que tudo estaria resolvido, mas logo depois os buracos apareceram de novo”, afirma.
Como última saída, os moradores colocaram uma faixa no edifício em que pedem ajuda. “Socorro! Socorro! Socorro! Esse prédio está caindo e a prefeitura não faz nada”, diz a mensagem.
A obra começou na gestão Marta Suplicy (2001-2004) e foi entregue em junho de 2005 pelo então prefeito José Serra (PSDB). À época, o custo da obra foi de R$ 2,2 milhões.
Em meio à situação precária dos moradores, um dos piores imóveis é o de Alexandre Manuel da Silva, 35 anos. Enquanto mostra crateras nas paredes da sala e dos quartos, por onde é possível passar um braço inteiro, ele critica o projeto da obra que, segundo ele, já começou com falhas.
“A planta inicial era diferente, bonita, previa duas torres e estava a cargo de outra construtora. Depois resolveram dar a obra para a OAS e eles entregaram esse caixote horroroso”, diz.
Segundo ele, foram usados materiais de “péssima qualidade”. “Tenho medo de morrer aqui dentro e moro com a minha mãe. Não consigo dormir bem à noite.”
Síndico do condomínio, o porteiro Edinaldo Araújo Leite, 52, revela outros sustos que já levou em casa, além dos buracos nas paredes.
“Eu já ouvi estalos dentro de casa, e sei que estalo é sinal de que o prédio pode desabar. No mês passado, uma das rachaduras cresceu tanto que derrubou um quadro da parede.”
OUTRO LADO
A SPTrans, dona do terreno onde o prédio foi construído, afirmou em nota que contratou uma empresa para fazer laudos técnicos das condições do condomínio Guarapiranga. Assim, disse, serão definidas as providências a serem tomadas.
A previsão é de que os laudos sejam concluídos em junho. A empresa confirmou ter encomendado a obra em 2003, na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), e entregue para as famílias em 2005. Ela fazia parte de um pacote para região que incluiu a construção do corredor de ônibus Guarapiranga.
A Secretaria Municipal da Habitação afirmou que se reuniu com a SPTrans e vai procurar as famílias nos próximos dias para auxiliá-las. Procurada, a construtora OAS não se pronunciou.
Fonte: http://boainformacao.com.br/
Matérias recomendadas