Florianópolis ganha primeiro estacionamento controlado por robôs do Brasil
Edifício possui 19 robôs que fazem o trabalho de guardar e retirar os veículos
A promessa é de poucos minutos para deixar ou retirar um veículo no Centro de Florianópolis, mas a espera da população para que isso aconteça já tem mais de cinco anos. A empresa responsável pela construção do polêmico edifício deve apresentar oficialmente o primeiro estacionamento-garagem completamente automatizado do país nesta quinta-feira.
O local tem 256 vagas para veículos e promete desafogar parte da demanda por vagas de estacionamento na região central da Capital. A previsão para abertura para população é às 7h de sexta-feira. No entanto, um pedido de liminar apresentado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pede a suspensão da abertura.
O terreno de 1.300 m², localizado ao lado da Catedral Nossa Senhora do Desterro, deveria permitir o alojamento a cerca de 52 carros, mas no prédio de oito andares, além de térreo e subsolo, a capacidade passou para 256 vagas. Para André Iasi, presidente da Estapar no Brasil, empresa que faz a gestão do empreendimento, os benefícios do projeto vão além do número de vagas disponíveis:
— Ao todo, serão 19 robôs que farão esse processo completamente automatizado de levar o veículo até a vaga e depois trazê-lo de volta. É uma obra inovadora no país, que contou com boa parte de sua produção no Estado de Santa Catarina.
De acordo com o Iasi, o edifício robotizado de Florianópolis é o primeiro do Brasil. Apenas cinco funcionários devem trabalhar no prédio, sendo dois técnicos em robótica. No começo da operação, a empresa informa que funcionários extras devem trabalhar na entrada do edifício para orientar os usuários como utilizar o serviço de estacionamento. A empresa preferiu não revelar o valor investido no empreendimento. Até o ano passado, o valor divulgado era de aproximadamente R$ 14 milhões.
A empresa informou que o custo por hora no estacionamento será de R$7, sendo R$ 35 a diária e R$ 400 o valor mensal. O local só abriga veículos até 1,9 metros de altura e 2,5 toneladas.
Na mira do MPSC
Do processo licitatório até a liberação de alvará para a construção do prédio, são vários os problemas questionados pelo MPSC que tramitam na Justiça desde 2010, quando a área que pertence ao Governo do Estado foi concessionada para a I-Park Estacionamentos Inteligentes por 30 anos. Poucos meses após o pregão, a empresa teve 70% de seu capital vendido para a Estapar, multinacional do setor. O tipo de licitação, a venda de parte da empresa e a construção do prédio serviram de argumentos para uma ação civil pública da 26º Promotoria da Defesa da Moralidade Administrativa da Capital.
— A empresa ganhou uma licitação sem o Governo ao menos checar se ela teria condições financeiras de construir o prédio. E também não havia projeto para um edifício de oito andares tão próximo de um patrimônio histórico como a Catedral, muito menos com fachada de vidro, que reflete a luz sobre a igreja. O próprio alvará concedido pela prefeitura é cheio de falhas, que estão em outro processo movido pelo MPSC - explica o promotor Aor Steffens Miranda, que protocolou uma ação cautelar na quarta-feira para impedir a inauguração do estacionamento.
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