Entrega atrasada
Compradores sofrem com obra parada desde 2016
Com entrega atrasada há um ano, famílias lutam por conclusão de condomínio em Pouso Alegre, MG
Apartamentos deveriam ser entregues em março de 2017, mas estão com as obras paradas desde fevereiro de 2016.
Um condomínio inacabado virou dor de cabeça para 48 famílias em Pouso Alegre (MG). Os apartamentos foram financiados pela Caixa Econômica Federal, mas não ficaram prontos na data prevista, em março de 2017, já que a construtora abandonou a obra.
Os imóveis deveriam ser entregues há um ano, mas, segundo os donos, a construtora alegou falta de verbas para concluir a construção, orçada em mais de R$ 7 milhões. A obra do condomínio, chamado de Green View, está parada desde fevereiro de 2016.
Segundo os proprietários, a Caixa Econômica Federal, que financia a obra e acompanhava todas as etapas para liberar o dinheiro, só ficou sabendo do abandono porque os moradores perceberam que os trabalhadores sumiram.
“A Caixa disse que essa diminuição de funcionários na obra era comum. E que eles estavam fiscalizando e que o dinheiro era suficiente para terminar a obra”, afirma o advogado Luiz Felipe Requejo do Amaral.
Com R$ 500 mil ainda do orçamento e mais R$ 1,4 milhão do seguro, a Caixa abriu um novo processo de licitação para entregar os apartamentos, mas a empresa que venceu essa licitação, disse que a quantia não daria para terminar a obra e que precisaria de R$ 3 milhões.
Segundo uma comissão formada pelas 48 famílias, a Caixa disse que não tinha como completar o restante que faltava. Com isso, o banco mantém oito seguranças armados, que tomam conta dos prédios inacabados 24 horas.
“Hoje, a Caixa Econômica gastou mais de R$ 1,3 milhão com segurança armada na obra. E até agora não trouxe resultado nenhum. Então realmente é uma coisa que a gente fica preocupado. Por que gastar tanto dinheiro com segurança e não terminar a obra e entregar os imóveis para pessoas que confiaram na Caixa Econômica Federal?”, questiona o advogado.
Mesmo com a obra parada, os donos dos apartamentos têm permissão para entrar no prédio. Eles dizem que faltam detalhes para terminar a construção, como a instalação de lâmpadas e interruptores. Segundo os proprietários, a Caixa disse que falta apenas 5% da obra, e que são as área da piscina com churrasqueira e a garagem.
O sonho da assistente administrativa Juliana Angelucci era ter a casa própria. Para isso, usou o fundo de garantia dela e do marido, vendeu os dois carros e usou o dinheiro pra comprar um apartamento. Agora espera pelo andamento da obra.
“Toda expectativa que a gente tinha, o sonho de vida de uma casa própria, a gente investiu tudo aqui. É uma tristeza. Uma tristeza imensa que a gente carrega e espera solução”, lamenta.
Já a professora Cássia Tomazoli já tinha uma casa própria, mas queria morar em um imóvel melhor, aí resolveu vender o apartamento em que morava pra comprar outro, também no condomínio. Só que atualmente, esta pagando de aluguel.
“Os planos era morar aqui. Agora eu já não tenho tanta certeza mais. Eu estou torcendo para que a obra seja entregue. A gente até está meio sem perspectiva de que isso aconteça. Mas eu acredito que eu não venha mais morar aqui”, conta.
Em nota, a Caixa afirmou que atua como agente financeiro no empreendimento e que os repasses foram liberados à construtora de acordo com o cronograma após as verificações de cada etapa da obra.
Ainda segundo o comunicado, a segurança tem o papel de proteger o empreendimento até que uma nova construtora, necessária para o andamento do serviço, seja contratada.
A EPTV Sul de Minas, afiliada da Rede Globo, tentou contato com a House Construtora e Incorporadora, que era responsável pela construção, mas até a publicação desta reportagem não havia obtido um retorno.
Fonte: g1.globo.com/