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Convivência

Especial coronavírus

Estadão traz histórias de moradores de condomínio e tira dúvidas

sexta-feira, 24 de março de 2023
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Vidas em condomínio

Ações entre vizinhos ajudam a manter a harmonia durante o período de isolamento, mas as regras de convivência do condomínio continuam valendo. Veja histórias de solidariedade e tire suas dúvidas sobre o que é permitido ou não fazer enquanto a quarentena não acaba

Isolamento social não quer dizer solidão. Vizinhos de condomínios em várias cidades do País descobriram que a união é a maneira mais fácil de enfrentar esse período, especialmente difícil para os idosos que vivem sozinhos. Ações de solidariedade começaram com bilhetinhos pregados nos elevadores, oferecendo ajuda para compras e outros serviços para os mais velhos, e logo se transformaram em grandes correntes do bem.

No Alameda Morumbi, condomínio de 1.600 moradores na zona sul de São Paulo, moradores montaram “kits de sobrevivência” para os idosos, confeccionaram máscaras para quem precisava, ofereceram reforço escolar, passeios para os pets e música coletiva, para deixar a quarentena mais suave. Até as crianças se envolveram nas ações e escreveram cartinhas para os mais velhos, explicando que eles não estavam sozinhos logo agora.

Em Perdizes, na zona oeste, uma moradora muito especial programava comemorar seus 80 anos no Chile. Não deu. Em vez disso, celebrou o aniversário com os vizinhos de longa data, na sacada do prédio.

As ações, dizem especialistas, são bem-vindas, mas devem respeitar as regras dos condomínios e precisam ser combinadas com o síndico. E por falar em regras, tire suas dúvidas sobre algumas que devem ser seguidas para manter a harmonia da vida coletiva neste momento em que todos estão tão longe e, ao mesmo tempo, tão perto.

SOLIDARIEDADE ENTRE VIZINHOS

Condomínio no Morumbi se une para enfrentar o isolamento e a solidão provocados pela pandemia do novo coronavírus

Gilberto Amendola

Quando Vera Lúcia Pinho Caruso, de 75 anos, abriu a porta do apartamento 71, deparou-se com um singelo botão de rosa. O presente foi deixado por um dos vizinhos, em um gesto de apoio. "Pela minha idade, sou do grupo de risco. Até chorei quando vi a rosa que deixaram para mim. Esse condomínio é como uma grande família", contou Vera.

Ela mora no condomínio Alameda Morumbi, na zona sul de São Paulo, composto por duas torres de 28 andares cada - e oito apartamentos por andar, em um total de 448 unidades. Lá vivem aproximadamente 1.600 pessoas, moradores das mais diversas profissões, idades e experiências de vida. O que os une, agora, além do espaço físico do condomínio, é a vontade de transformar esse período de quarentena e o combate ao novo coronavírus em uma prova de amor e solidariedade entre vizinhos.

"Nossa organização começou com conversas pelo grupo de WhatsApp do condomínio. Logo, percebemos que tínhamos muitos idosos e muitos deles vivendo sozinhos, sem parentes próximos", disse o síndico do Alameda Morumbi, Paulo Sérgio Werneck, de 42 anos.

O grupo de WhatsApp passou a tratar quase que exclusivamente de temas relacionados ao coronavírus e mudou de nome. Desde o início da crise, chama-se "Ajuda Corona Alameda". "Ali debatemos as primeiras ações e as questões práticas, como a compra de álcool em gel, a assistência completa ao idoso - que não precisa mais sair do apartamento para pegar encomendas, comprar remédio ou levar o lixo para fora - e a vacinação contra a gripe, feita no prédio...", enumerou Werneck.

Nesse mesmo grupo foi definido o fechamento das áreas comuns do condomínio, exceto um espaço para os pets. "Colocamos regras, como a utilização por no máximo cinco pessoas de cada vez e sempre com os cães nas guias", contou a moradora Cristiane Muller Costal, de 41 anos. "Ainda assim, uma passeadora que mora no condomínio está tratando de levar os cães dos idosos", completou.

A questão dos moradores mais velhos era o que se impunha com mais urgência. "Tinha uma senhora que chorava todos os dias. Aí, começamos a ligar no interfone dela com regularidade para conversar e acalmá-la",  lembrou Cristiane.

A partir daí, outras ações foram sendo imaginadas. O analista de sistemas Fábio Alberto Pereira Sedo foi uma das pessoas que pensaram no chamado "kit de sobrevivência" para os idosos. "A gente foi reunindo aquilo que cada um do prédio poderia oferecer", disse.

Um microempresário, por exemplo, contribuiu com empanadas, outra pessoa mandou revistinhas de palavras-cruzadas, sucos de caixinha e outros mimos. Mas faltava uma coisa...

"A gente pensou em escrever um texto falando da situação e explicar a necessidade de ficar em casa, mas meu filho de 11 anos, o Guilherme, quis participar. Com ele, nasceu a ideia de as crianças do condomínio escreverem cartinhas para os idosos, explicando, do jeito deles, o que estava acontecendo e dizendo que eles não estavam sozinhos", disse Sedo.

As cartinhas e os kits emocionaram e conscientizaram os idosos das duas torres. "No condomínio todos são amigos. Existem muitos gestos de solidariedade mútuos. Nós idosos somos muito gratos por tudo isso. Só tenho a agradecer", disse Terezinha Valente, de 78 anos.

Máscaras

Mas a iniciativa que fez do condomínio Alameda Morumbi uma referência em solidariedade foi a confecção de máscaras. Ao menos três moradoras estão se dedicando à produção e à entrega do material (entrega sem contato físico; muitas vezes as máscaras são deixadas em cabides nos andares para a retirada dos vizinhos).

Daiane Magnabosco, de 39 anos, tem uma produtora de eventos - principalmente festas infantis. "Naturalmente, por causa do meu trabalho, tinha muitos tecidos em casa, muito material guardado. Foi assim que pensei nessa produção de máscaras", contou. Nas últimas três semanas, ela calcula que já tenha feito algo em torno de 300 máscaras - pelo menos 15 ou 20 por dia de trabalho.

Além disso, produziu outras 120  para doar a um lar de idosos. "Faço sacolinhas com três máscaras cada e deixo nos andares. No começo, era só para os idosos. Agora, já abriu para todo mundo. Até para crianças nós fazemos máscaras", disse. Além de Daiane, as máscaras também estão sendo produzidas por outras duas moradoras, a Priscila de Oliveira Medeiros Martins e Daniela Hamamura Lippi.

"Vamos todos sair mudados desse período. Veja o meu caso. Eu tinha armários com um monte de tecido e panos que não usava nunca, coisas que eu nem tocava. Por quê? A gente tem de aprender a doar e pensar no próximo", falou Daiane.

Educação e lazer

Priscila, que também está colaborando com a confecção das máscaras, é professora. "As escolas estão iniciando agora as aulas a distância, online, então pensei em dar minha colaboração nesse sentido. Ofereci aulas de reforço para os ensinos fundamental e médio, além de aulas de inglês", contou. O reforço também será online e de graça.

Com o isolamento social, momentos de lazer são cada vez mais especiais - principalmente momentos compartilhados entre amigos.

No Alameda Morumbi, a fotógrafa Claudia Almeida Santos decidiu levar música aos vizinhos. "Existe uma área comum no prédio. Conversei com o síndico e comecei, aos sábados, a levar a caixa de som para baixo. Acho que a gente está precisando liberar o estresse", disse.

Cláudia é cristã e optou, a princípio, por tocar músicas de louvor. Com o passar das semanas, os moradores também sugeriram outras músicas (não religiosas), que são escolhidas por meio de votação no WhatsApp. "Na última semana, eu toquei uma canção do Queen que foi um sucesso, muitos vizinhos cantaram junto de suas sacadas. A música foi We Will Rock You.”

"Tem sido superaceito. Tenho depoimentos de pessoas que se emocionaram, choraram… Essa é uma forma de enriquecer a vida da gente nesse momento. Eu me envolvo mesmo. Aproveito para dançar e orar durante as músicas", disse Cláudia.

A área em comum do condomínio tem servido para pequenos gestos, como um parabéns coletivo (cada um na sua sacada) para uma aniversariante. Possivelmente, nesse domingo de Páscoa, o Alameda Morumbi dará outro exemplo de solidariedade. "Provavelmente vamos ter música para todos", falou Werneck.

PELA SACADA DO PRÉDIO, O PARABÉNS PELOS 80 ANOS DE ALICE

Em vez de viagem de comemoração ao Chile, aniversário teve videochamada com a família e surpresa preparada pelos vizinhos

Carla Miranda

Quando o Edifício Terracota ficou pronto, em 1987, ela foi uma das primeiras moradoras. As feições daquele trecho entre Pompeia e Perdizes, na zona oeste de São Paulo, eram bem diferentes na época. Os prédios, poucos. A decisão de trocar sua casa, também na região, por um apartamento foi tomada com cautela. Para ter a certeza de que de fato queria viver em condomínio, Maria Alice de Souza Pimenta Bueno decidiu primeiro morar no edifício ao lado. Assim, acompanhou a construção do Terracotta.

Em um lugar já repleto de histórias para ela, a aposentada conta ter passado neste 30 de março mais um momento marcante de sua vida. Das varandas do Terracotta, vizinhos dos 18 andares do prédio cantaram juntos Parabéns para Você, comemorando seus 80 anos.

“Foi uma surpresa. Eu não esperava isso de jeito nenhum”, conta Alice, síndica do prédio por 17 anos, em diferentes períodos. O aniversário que ela e sua família haviam planejado desde o ano passado teria sido muito diferente. Estariam juntas, nove pessoas, em Santiago. Filhos, sobrinhos, neta. “Estava tudo certo, mas tivemos de cancelar por causa do coronavírus”, diz. “Toda a programação, os passeios a vinícolas, os jantares.”

A viagem não aconteceu. Mas a família estava presente na festa - e não apenas na videochamada. “Além do bolo, minha filha mandou fazer pirulitos com fotos de todos para o parabéns, que foi às 19 horas. Queria jantar em seguida, mas minha filha falou para esperar, que alguém podia ligar.”

Só que em vez de um telefonema, o que aconteceu foi o Parabéns na varanda. “Saí e estavam todos nas sacadas”, lembra Alice. Como o condomínio tem dois blocos, muitos cantavam também nas janelas da área interna.

Cena que foi gravada de vários ângulos, inclusive do prédio ao lado, onde a aposentada morou na década de 1980. “Acabou sendo muito mais emocionante do que se tivesse ido para o Chile. Passei com a família em uma sala virtual e com os amigos que conheço metade da minha vida.”

Atual síndica do Terracotta, a advogada Maria de Lourdes Severino Guedes, de 55 anos, foi uma das que organizaram a comemoração. “A Alice estava superfeliz com a viagem desde o ano passado”, conta. “Com o coronavírus, ela não pode mais viajar, mas não eu não queria que uma data tão importante passasse em branco. Tinha de ser algo que ficasse marcado para o resto da vida.”

O Parabéns, segundo Maria de Lourdes, era também uma forma de reconhecimento do prédio, por toda a dedicação que Alice sempre teve como síndica. “As pessoas neste momento estão cada qual em sua casa, se falando pelo WhatsApp. Mas não podemos perder o calor humano”, acredita a advogada. “Temos de permanecer unidos, mesmo sem nos tocarmos.”

AÇÕES TÊM DE SER ACERTADAS COM SÍNDICO, DIZEM ESPECIALISTAS

Elas precisam respeitar regras do prédio e devem ser feitas em horários adequados

Gilberto Amendola

A história do Alameda Morumbi é reconfortante. Ainda assim, especialistas na área condominial têm algumas observações. Por exemplo, os grupos de WhatsApp foram, indiscutivelmente, fundamentais para a organização do Alameda, mas como será que eles são usados em outros condomínios?

Para a síndica profissional Natachy Petrini, diretora da associação Condomínio Profissional, os grupos de WhatsApp têm ajudado e atrapalhado. “Eles podem ser usados para ações incríveis, mas também ser contaminados pelo maniqueísmo político e pelas fake news. Quando isso acontece, esses grupos atrapalham muito a organização dos edifícios", afirmou.

A advogada Juliana Raffo, especialista em Direito Civil, também considera positivas as ações de solidariedade promovidas pelos vizinhos mas, assim como acontece no Alameda Morumbi, elas precisam ser acertadas com o síndico e com a administração. "As ações são bonitas, mas precisam ser discutidas. Se você vai colocar uma caixa de som na sacada ou em uma área comum, faça isso dentro das regras, conversando com todos. Além disso, prefira os fins de semana e os horários mais adequados", disse.

Natachy também ressalta como positiva a conexão entre moradores, que além do alento em período de quarentena, pode fazer bem ao bolso dos condôminos. "Se você tem uma vizinha que faz ovos de Páscoa, esse é o momento de comprar o produto de quem mora perto de você. Existe toda uma microeconomia dentro de um condomínio que pode ser incentivada."

19 questões respondidas por especialistas

Quais cuidados devo tomar nos elevadores? O condomínio deve contratar uma empresa para desinfetar áreas comuns? Posso me exercitar nas escadas? O síndico é obrigado a informar se há casos positivos de infecção pelo novo coronavírusno prédio? Veja as principais dúvidas sobre a vida em condomínio em tempos de pandemia, respondidas por especialistas em Direito Imobiliário, consultores condominiais e médicos infectologistas.

PERGUNTAS & RESPOSTAS

1 - Como deve ser a limpeza do condomínio?

Segundo o médico infectologista da Faculdade de Medicina da Unesp Carlos Magno Fortaleza, é preciso ter uma rotina regrada de limpeza em condomínios. “A limpeza deve ser frequente e principalmente em áreas que são muito tocadas pelos moradores, como maçaneta e botões de elevador”, orienta. Marco Aurelio Safadi, infectologista da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, também explica que não há necessidade de o condomínio contratar uma empresa de desinfecção para higienizar as áreas comuns: “Costuma ser um serviço caro. O vírus é desativado com produtos relativamente normais, como álcool 70% e água sanitária. Uma boa limpeza, com frequência, já é o suficiente”.

2 - Posso fazer exercícios nas escadas?

Para os médicos ouvidos pelo Estado, se a pessoa não estiver infectada ou com suspeita da doença, não há problema em fazer exercício nas escadas neste momento. “A orientação de isolamento pode mudar daqui a algumas semanas, mas por enquanto é possível se exercitar nas escadas. Porém, é preciso atenção: não tenha contato com outros moradores e higienize bem as mãos”, afirma o infectologista Marco Aurelio Safadi, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

3 - Quais são as regras para uso do elevador?

Especialistas consideram o elevador um lugar de risco de contaminação. “Se puder usar mais a escada e menos o elevador, melhor”, diz o médico infectologista Carlos Magno Fortaleza, da Unesp. Entretanto, o condomínio pode estabelecer algumas medidas para evitar contaminação, como determinar limite de uso para uma pessoa ou apenas para moradores de determinado apartamento, uma vez que eles já estão em contato dentro de casa. “É interessante também colocar um dispenser de álcool em gel na entrada do elevador”, diz o médico infectologista Marco Aurelio Safadi, da Santa Casa de São Paulo.

4 - É uma boa ideia levar cotonete ou lenços para apertar os botões do elevador?  

Segundo os médicos ouvidos pelo Estado, a melhor forma de evitar contágio nos elevadores é a boa e velha higienização das mãos. “Há o risco de a pessoa usar o cotonete e não descartá-lo direito, colocando-o no bolso, por exemplo. Nada substitui a lavagem das mãos”, diz  Marco Aurelio Safadi, médico infectologista da Santa Casa de São Paulo.

5 - Um condômino contaminado ou no grupo de risco pode ser impedido de usar o elevador?

“Não há respaldo legal para impedir uma pessoa de usar o elevador, mesmo se ela estiver contaminada”, afirma Gustavo Kloh, professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas. Especialistas em condomínio destacam que o elevador é um meio de transporte, e é direito dos moradores usá-lo. “Não há como bloquear o uso. A pessoa pode estar usando o elevador para ir ao hospital, por exemplo”, diz Stefan Jacob, consultor condominial da Rachkorsky Condomínios.

6 - Posso descer na área comum só para tomar um sol?

Aqui é um caso semelhante aos exercícios em escadas: é possível, desde que o morador não esteja infectado ou com suspeita, e que tome alguns cuidados. “Precisa ficar a mais de dois metros de distância de outras pessoas e higienizar bem as mãos, principalmente por causa do elevador”, diz Carlos Magno Fortaleza, médico infectologista da Unesp. Na visão dele, os condomínios também podem estabelecer algumas regras: “O síndico pode determinar horários para grupos pequenos frequentarem as áreas comuns. Vale a criatividade”, afirma.

7 - Posso aproveitar esses dias para fazer uma reforma?

Além de as reformas exigirem que pessoas de fora entrem no prédio, o barulho das obras pode ser um problema, uma vez que muita gente está trabalhando em esquema de home office, explicam especialistas. “O síndico tem autonomia para dar advertência em caso de reforma nesse período. Mas o morador pode recorrer em um segundo momento”, explica Stefan Jacob, consultor condominial da Rachkorsky Condomínios.

8 - Por quanto tempo é razoável deixar uma encomenda na portaria?

“O ideal é retirar a encomenda o quanto antes”, orienta Rodrigo Ferrari Iaquinta, advogado especialista em Direito imobiliário. Se antes já era um problema as portarias virarem estoques de produtos, agora com a pandemia deve-se prestar mais atenção a isso, diz Iaquinta. “É importante evitar que os porteiros fiquem em contato com muitas embalagens que podem estar contaminadas.”

9 - Meu prédio só tem funcionários mais velhos, o que fazer?

Se os funcionários forem de uma empresa terceirizada, deve-se solicitar a substituição neste período, explicam os especialistas. Entretanto, se eles forem do condomínio, pode ser mais complicado: “Se o prédio tiver recursos financeiros suficientes, o ideal é colocar os funcionários de férias e contratar temporariamente terceirizados para prestar o serviço”, afirma Stefan Jacob, consultor condominial da Rachkorsky Condomínios. Em último caso, se não houver outra saída, os cuidados básicos devem ser redobrados, oferecendo principalmente equipamentos de proteção, como máscaras e luvas.

“Recomendo também manter as portarias sempre com a porta fechada, limitando o acesso apenas ao porteiro. Além disso, é importante limitar os atendimentos do zelador apenas pelo WhatsApp, evitando contato pessoal com moradores”, diz Jacob. Em todos os casos, o funcionário que apresentar sintomas relacionados ao vírus deve ser afastado imediatamente.

10 - Como fazer na hora do delivery? Posso pedir para o porteiro receber por mim?

Segundo especialistas em condomínios, é possível, sim, pedir para os porteiros receberem o pedido de delivery, mas é preciso cuidado para não desviar o foco do funcionário, que é na segurança do controle de acesso ao condomínio. Entretanto, do ponto de vista da saúde, os médicos ouvidos pelo Estado concordam que não há diferença entre um porteiro pegar o delivery, ou o próprio morador - desde que ele não esteja infectado.

“O importante é não se aproximar muito do entregador e higienizar bem as mãos. Se o porteiro pegar a comida e colocar no chão do elevador, também há risco, porque a embalagem ficaria em contato com um solo possivelmente infectado”, afirma Carlos Magno Fortaleza, médico infectologista da Faculdade de Medicina da Unesp.

11 - Se eu estiver contaminado ou com suspeita, devo pedir para o porteiro retirar o lixo na porta da minha casa?

Sim. Segundo os médicos, pessoas infectadas ou com suspeita não devem circular pelo prédio. “É importante que a pessoa que recolha esse lixo esteja de luvas”, orienta o médico infectologista Carlos Magno Fortaleza, da Unesp.

12 - Estou em isolamento, com suspeita de infecção pelo novo coronavírus, mas moro sozinho e preciso pegar encomendas na portaria. Como fazer?

Assim como na situação do lixo, o condomínio deve ajudar esse morador para que ele não tenha contato com áreas comuns do prédio. “O ideal é que algum funcionário deixe a comida na porta do apartamento dessa pessoa. O infectado deve se restringir ao máximo ao seu local de isolamento”, afirma o médico infectologista Carlos Magno Fortaleza, da Unesp.

13 - O síndico ou a administração do condomínio são obrigados a avisar em caso de coronavírus no prédio?

“Não há uma obrigação porque não existe uma lei específica sobre isso. Mas é importante que o síndico e o condomínio avisem, pensando no bem dos moradores”, afirma Rodrigo Karpat, advogado especialista em Direito imobiliário. Entretanto, o recomendado é não expor a identidade do infectado, por um questão de preservação da intimidade.

14 - O condomínio pode barrar visitantes?

Segundo os especialistas, o condomínio não tem poder de barrar visitantes porque isso fere o direito de propriedade dos moradores. “Aglomerações como festas, porém, podem ser barradas”, afirma Gustavo Kloh, professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas.

15 - A decisão de fechar ou abrir áreas comuns pode ser unilateral, por parte do síndico?

Um artigo do Código Civil estabelece que o síndico deve zelar pelos interesses comuns dos moradores e, na interpretação dos advogados ouvidos pelo Estado, isso permite que ele, em tempos de pandemia, tome decisões unilaterais para evitar aglomerações nos condomínios, seguindo diretrizes de distanciamento social. Além disso, foi aprovado no Senado neste mês um projeto de lei que dará mais expressamente esse poder ao síndico - o texto está em análise na Câmara dos Deputados.

16 - Como ficam outras decisões de condomínio, já que não se pode fazer reuniões?

Uma das possibilidades é fazer reuniões virtuais para consultar os moradores, dando a cada um o direito de se expressar, com falas cronometradas. Entretanto, na visão do advogado Rodrigo Karpat, esse modelo pode não funcionar para condomínios muito grandes. “Uma assembleia desorganizada pode ser bastante ineficiente. Em alguns casos é melhor ter um síndico que centralize as medidas e em um segundo momento preste contas”, afirma Karpat.

17 - Noto que alguns moradores têm comportamento que coloca os demais em risco neste momento. Falo com ele diretamente? Falo com o síndico?

Para Rodrigo Ferrari Iaquinta, advogado especialista em Direito imobiliário, a melhor maneira é falar diretamente com o síndico. “É importante criar um canal remoto com o síndico neste momento, como um email ou mesmo o WhatsApp. Falar com o outro morador pode criar desgastes interpessoais e gerar mais conflitos”, diz.

18 - Meu prédio quer contratar uma empresa especializada em desinfecção. E não realizou nenhum tipo de consulta. Preciso arcar com esse gasto extra?

Há divergência entre os advogados neste ponto. Na visão de Gustavo Kloh, professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas, trata-se de uma despesa ordinária que o síndico pode determinar sozinho. Porém, para Rodrigo Ferrari Iaquinta, advogado especialista em Direito imobiliário, se a decisão for tomada sem a consulta dos moradores os condôminos podem questionar a medida em um segundo momento.

19 - Meu salário foi reduzido por causa da pandemia. O que faço se precisar atrasar o condomínio?

Agora é importante haver um diálogo aberto e transparente entre o condomínio e os moradores, diz Rodrigo Ferrari Iaquinta, advogado especialista em Direito imobiliário. “O credor e o devedor precisam estar dispostos a fazer concessões. A principal sugestão que eu dou para o morador é buscar uma possibilidade de parcelamento da conta”, afirma.

Mas Stefan Jacob, consultor condominial da Rachkorsky Condomínios, faz um alerta: “Atrase outra conta, mas pague o condomínio. O condomínio é basicamente uma ‘vaquinha’, uma arrecadação de recursos para o pagamento de contas comuns. Se as pessoas deixarem de pagar a cota condominial, o síndico estará em maus lençóis. Em pouco tempo o dinheiro não será suficiente para o pagamento das despesas”.

Link da matéria do Estadão aqui.

Fonte: https://www.estadao.com.br/

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