Uma semana após explosão, 29 prédios de condomínio têm gás cortado por vazamento
Moradores suspeitam de novo vazamento e têm medo de nova explosão
Quase uma semana após uma explosão num dos prédios do condomínio Fazenda Botafogo, em Coelho Neto, Zona Norte do Rio, causar cinco mortes e deixar nove feridos, na última terça-feira (5), 29 dos 86 blocos desse conjunto habitacional estão com o gás cortado. O motivo, segundo a Companhia Estadual de Gás (CEG), é que foram identificados escapamentos de gás nas instalações internas dos edifícios. Não há previsão para o retorno do serviço.
Moradora do bloco 470, Kelen Cardoso, de 26 anos, está sem gás desde sexta-feira. Sem poder cozinhar, ela, que mora com a mãe e dois filhos, está substituindo o almoço e jantar por lanches ou por quentinhas compradas.
— A gente não tem dinheiro para comprar quentinha todos os dias e a CEG já disse que não vai custear estas despesas. Como vamos comer? — questiona Kelen.
Já a aposentada Daria Barbosa, de 63 anos, teve que levar a neta, que mora com ela num apartamento do condomínio, para comer na casa da tia — na sua casa, não tinha como cozinhar:
— O pior é que a gente nem tem prazo para ter a cozinha funcionando de novo. A gente vai ficar se alimentando de comida congelada todos os dias?
Depois da explosão, os moradores não conseguem dormir sossegados, por receio de novos problemas com o gás. O que eles querem é que todos os 86 blocos sejam vistoriados pela CEG.
— Todo mundo está com medo de morrer, estamos em cima de uma bomba relógio. Já cansamos de sentir cheiro de gás e queremos uma vistoria em tudo, para a nossa segurança — desabafa Kelen.
A CEG informou que a manutenção das instalações internas é de responsabilidade do condomínio e do usuário. “Quando detecta escapamento na canalização interna, o fornecimento de gás é interrompido e o cliente é orientado a realizar o reparo contratando uma empresa qualificada no mercado”, disse a companhia. O gás só será restabelecido “após a realização de uma inspeção periódica, por empresa habilitada pelo Inmetro”.
A companhia informou, ainda, que está fazendo a verificação da instalação comum do condomínio em todos os prédios, embora “não seja de sua responsabilidade”.
Sobre o ressarcimento de custos com alimentação devido à falta de gás, a Ceg não informou se serão feitos, só disse que teve uma reunião na última quinta-feira com a Defensoria Pública e propôs “amparo social para as famílias afetadas pelo acidente”, sem esclarecer o que isso significa.
Vazamento em outro condomínio
No condomínio Ouro Preto, na Freguesia, Zona Oeste do Rio, um problema parecido assusta os moradores. Após sentirem um forte cheiro de gás, eles chamaram a CEG, que fez a vistoria na sexta-feira, sem tomar providências. A empresa prometeu voltar no dia seguinte, mas, até este domingo, não tinha tomado providências.
— Não é a primeira vez que relatamos o problema de cheiro de gás. A CEG vem e não faz nada. Vão esperar uma explosão para agir? — diz o analista Brener Araújo, de 37 anos, que fez a denúncia pelo WhatsApp do EXTRA (21 99644-1263).
A CEG disse que o vazamento “não implica em risco para os moradores e, por isso, não houve necessidade de corte no fornecimento de gás”. Após ser procurada pelo EXTRA, a companhia enviou neste domingo uma equipe ao local para tentar resolver o problema.
Fonte: extra.globo.com
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