Moradores têm medo de voltar para prédio no Rio onde houve explosão
'Só de entrar pra pegar as coisas a gente fica com medo', diz moradora.Explosão deixou 5 mortos e 9 feridos, nesta segunda, em Coelho Neto.
Basta um barulho mais alto dos destroços sendo recolhidos no edifício Santana, no conjunto habitacional em Fazenda Botafogo, em Coelho Neto, do Subúrbio do Rio, para os moradores ficarem sobressaltados.
Eles afirmaram, nesta terça-feira (5), ao G1, que estão com medo de retornar ao prédio. Uma forte explosão de gás na segunda-feira (4) no local deixou cinco pessoas mortas.
Aline Muniz, analista de recursos humanos, afirmou que não conseguiria dormir novamente em casa. "Só de entrar pra pegar as coisas a gente fica com medo, não ia conseguir dormir tranquila. Foi um estrondo muito grande, sentimos o prédio tremer", afirmou.
Maria de Fátima Carvalho, representante comercial, passou a noite na casa de parentes e também afirmou que não tem condições de voltar pra casa. "Eu vou esperar a poeira baixar pra resolver, mas pra lá eu não volto. Ainda não sei se vou vender ou se vou alugar", contou.
Fátima elogiou o comportamento do prefeito Eduardo Paes diante do ocorrido. "Ele deu toda a atenção do mundo para os moradores. Foi nota mil, mas eu só quero saber se ele vai continuar tratando assim este caso", questionou.
A estudante Kelly Cristina mora no edifício Santana com o marido. Com o pé machucado, ela buscava informações em frente ao edifício nesta quarta.
O prédio será liberado novamente para os moradores tirarem outros pertences às 14h desta quarta-feira.
Vistoria preventiva se tornou emergencial, diz morador
Moradores vizinhos ao edifício Santana temem que haja problema na tubulação de gás nos outros prédios. Segundo Paulo dos Santos, que está desempregado, a vistoria da CEG precisa ser minuciosa.
"O que era pra ser preventivo, se tornou emergencial. Não precisava acontecer uma tragédia dessa pra todo mundo sair correndo pra fazer a fiscalização. Lá no outro prédio eles [CEG] sempre disseram que estava tudo bem. A vizinha da parte de trás diz que no meu prédio também tem cheiro de gás. Eu não tenho pra onde ir, então temos que aguardar", afirmou Santos, que mora há 30 anos no bairro.
"A tubulação que passa debaixo disseram que estava pobre, então eles tem que fazer vistoria em todos. A vistoria de hoje não é garantia de nada", reforçou.
Em nota, a CEG informou que está mantendo suas equipes no local e testando cada um dos ramais de cada prédio da Rua Omar Fontoura, onde ocorreu a explosão. "Assim que esse trabalho seja concluído, o abastecimento de gás para a rua poderá ser restabelecido. Além disso, as equipes estão também dando apoio à Polícia, Defesa Civil e aos Bombeiros, na apuração das causas do acidente. A Ceg lembra que dos 40 apartamentos do prédio onde houve a explosão só 19 utilizavam o gás canalizado e que no dia 21 de dezembro de 2015 fez uma vistoria na rede de gás do condomínio e não foi encontrada nenhuma anomalia", diz a nota.
Polícia investiga responsabilidade sobre a explosão
O delegado Fábio Pacífico, da 40ª DP (Honório Gurgel), abriu uma investigação para apurar a responsabilidade individual e penal pelo vazamento de gás que causou uma explosão que destruiu o primeiro andar de um prédio de 40 apartamentos na Fazenda Botafogo, em Coelho Neto, no Subúrbio do Rio, na madrugada de terça. A explosão deixou nove feridos e cinco mortos — a maioria será enterrada nesta quarta-feira, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte da cidade.
O delegado disse nesta quarta, que a informação de que gases formados a partir do acúmulo de esgoto num bolsão embaixo do prédio também está sendo investigada. Em incidentes como esse, segundo Pacífico, é o perito quem consegue detectar o que causou o problema. Moradores contaram que acordaram com esgoto dentro de casa.
“A gente busca a responsabilidade individual, a responsabilidade penal, porque o dever de indenizar é objetivo. A Polícia Civil trabalha em cima de provas técnicas. Então, precisamos do laudo da perícia para conjugar com os depoimentos que vamos colher para chegar a alguma conclusão. Vamos contatar os moradores, um de cada vez, para que nos contem o que aconteceu, antes e durante a explosão”, disse o delegado.
Dois moradores de prédios vizinhos já foram ouvidos, mas segundo o delegado, os depoimentos não foram muito precisos, já que eles não viram a explosão.
Fonte: http://g1.globo.com/
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