SP: cresce consumo de água, apesar do baixo nível dos reservatórios
Um em cada cinco moradores de São Paulo aumentou o consumo de água em agosto. Entre os gastadores, mais da metade pagou multa.
Os reservatórios que abastecem as maiores cidades brasileiras continuam vazios, alguns em situação pior do que no ano passado. Mesmo assim, muita gente insiste em não economizar água.
O tempo está fechado, vem chuva por aí. Mas, nesse momento, nada pode ser motivo para gastar mais água. E foi exatamente o que a cidade de São Paulo fez no mês passado: o calor de um agosto mais quente que o normal bastou para a economia cair. Um em cada cinco moradores aumentou o consumo. Entre os gastadores, mais da metade pagou multa.
Um condomínio ia pelo mesmo caminho: o bônus conquistado em março foi pelo ralo e a conta aumentou em R$ 4 mil. O síndico foi radical: cortou a água dos apartamentos três dias por semana, durante a tarde.
Sônia Marques não gostou. “Eu cheguei em casa assim louca para tomar um banho e não tinha. Você não pode dar uma descarga, não pode lavar a mão, então fica bem complicado mesmo”, afirma a advogada.
O síndico acompanha o consumo diariamente e percebeu que - nos dias do rodízio - o gasto de água aumentou: “As pessoas acabaram armazenando água no apartamento e acabou não tendo o retorno que a gente acredita”, explica Vicente Mendonça.
Nenhum síndico vai ganhar concurso de popularidade porque fez racionamento no prédio e, quando o corte de água é no bairro, os moradores vão ficar com raiva das autoridades. Do mesmo jeito que os filhos não gostam quando levam bronca dos pais porque o banho está demorado demais. Mas não tem jeito, tem que fazer isso.
Os reservatórios que garantem o banho da gente estão vazios. O Sistema Cantareira, o maior manancial da Grande São Paulo, está com apenas 16% da capacidade, ainda no volume morto. O reservatório Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro, chegou a 7%. O Paraopeba, que leva água para a Região Metropolitana de Belo Horizonte, está com 28%.
A coordenadora da Aliança Pela Água lembra que a responsabilidade é de todos. Das empresas e também dos cidadãos e das autoridades. “É possível a gente começar a instalar equipamentos redutores de consumo, mudar a questão da perda, do desperdício de água e começar a aproveitar essa água das chuvas que cai, causa enchentes e transtornos nas cidades. Isso requer a gente começar a avançar no que seria uma nova cultura de cuidado com a água”, afirma Marussia Whately.
Fonte: http://g1.globo.com/
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