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Filmou em condomínio

Síndico do edifício Master, no RJ, lamenta morte de Eduardo Coutinho

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
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 Rio: moradores do edifício Master lamentam a morte de cineasta

"Ele tinha um jeitinho especial de entrevistar. Para você arrancar as coisas das pessoas como ele fez tem que entender muito do ser humano", reflete o síndico 
 
Síndico do edifício Master, prédio que ficou famoso após ter parte da história de seus mais de 250 moradores relatada no documentário homônimo de Eduardo Coutinho, Sérgio Casaes passou a manhã atendendo telefonemas sobre a morte do documentarista. Entre uma ligação e outra, ele se emocionou ao lembrar do cineasta, que seguiu visitando o prédio da zona sul do Rio que ajudou a tornar personagem, em 2002.
 
“Ele tinha um jeitinho especial de entrevistar. Para você arrancar as coisas das pessoas como ele fez tem que entender muito do ser humano”, reflete o síndico, há 16 anos à frente do Master e formado em magistério e psicologia.
 
À época da gravação, Coutinho e sua equipe chegaram a morar no prédio por três semanas, e o cineasta ficou conhecido pelos moradores pela gentileza e bom humor com que tratava a todos. “O filme me ajudou a conhecer moradores por trás das portas, entender o problema de cada um”, disse o síndico.
 
Casaes conta que Coutinho planejava gravar outro documentário no edifício, tratando das mudanças pelas quais o prédio, a uma quadra da praia de Copacabana e composto por 276 quitinetes de 37 metros quadrados, passou ao longo dos últimos 12 anos. Se antes ele era conhecido pelas prostitutas e traficantes que o habitavam, levando o síndico com frequência à delegacia para resolver problemas com os moradores, hoje o valor de um apartamento no local bate na casa dos R$ 700 mil e virou objeto de desejo.
 
“O Coutinho foi a mola propulsora, ele levou o Master para o mundo”, afirma Casaes, ao citar os festivais nacionais e internacionais de que ele teve notícia de que o documentário passou. “Hoje você não acha lugar para morar aqui. Quem vendeu, vendeu bem, e quem mora não quer sair.”
 
A florista Suzy Adenize de Jesus, 65 anos, que vive no Master desde 1982, e esteve entre os 37 moradores que participaram do documentário, conta que ficou sem ação quando descobriu pelo noticiário que Coutinho havia sido assassinado. “Eu não sabia se chorava, se gritava. A gente sentia como se ele fosse um parente, um amigo. Ele não merecia isso”, diz.
 
Também parte do documentário, a aposentada Maria do Céu, 76 anos, conversou com Coutinho pela última vez na metade do ano passado, quando ele veio a sua casa falar dos planos de voltar a filmar o Master. Há 43 anos no edifício, ela conta que foi às lágrimas com a notícia da morte e considera que parte  da comoção gerada pelo filme se deve a uma das principais características de Coutinho: saber ouvir.
 
“Ele só queria que eu falasse, me dizia para falar, e eu falava, ria. Ele gostava que eu risse, nós dois ríamos, ele dizia para eu seguir contando as histórias - mas também não contei tudo, se não ia dar um dia e meio e a gente não ia ter parado de falar”, diz. “Ele era um homem tão bonito, tão especial. Perdemos uma pessoa muito importante.”
 
Coutinho foi encontrado ontem em seu apartamento no Jardim Botânico, zona sul do Rio, morto a facadas. O principal suspeito é o filho, Daniel, que sofre de esquizofrenia. Ele era considerado um dos maiores documentaristas do Brasil. Além de Edifício Master ele é autor, entre outros filmes, de Cabra Marcado para Morrer, Babilônia 2000 e Jogo de Cena. Entre as diversas premiações internacionais e nacionais que recebeu, o documentarista é vencedor do Kikito de Cristal, tido como a mais importante premiação do cinema nacional, pelo conjunto de sua obra.
 
Entenda o caso
 
O cineasta Eduardo Coutinho, 81 anos, considerado um dos principais documentaristas do Brasil, foi assassinado a facadas neste domingo, dentro de casa, no bairro da Lagoa, zona sul do Rio Janeiro. A mulher do documentarista, Maria das Dores de Oliveira Coutinho, 62 anos, também foi ferida e encaminhada em estado grave para o hospital Miguel Couto.
 
O filho do documentarista, Daniel Coutinho, 41 anos, que tem esquizofrenia, confessou ser o autor do crime. Ele foi preso em flagrante pela polícia, e a Justiça decretou a prisão preventiva.
 
De acordo com o delegado e diretor da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, "o que aconteceu por volta das 11h é a expressão genuína da palavra tragédia. Filho atinge mortalmente seu pai a facadas o matando. Posteriormente a isso, se dirige à mãe e a atinge. Ela correu para um cômodo, provavelmente o banheiro, se trancou e acionou o outro filho pelo telefone", descreveu Barbosa.
 
O delegado ainda disse que Daniel, ensanguentado, bateu nas portas dos vizinhos e falou palavras desconexas: "libertei meu pai e tentei libertar minha mãe e eu. Tentando, me furei duas vezes e nada acontece". Depois, ele aguardou a chegada dos bombeiros no apartamento onde morava com os pais e abriu a porta voluntariamente.
 
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Maria foi esfaqueada duas vezes na região da mama, três no abdômen e sofreu também lesões no fígado. Ela foi operada e seu estado de saúde é grave. O filho do cineasta também foi encaminhado ao hospital Miguel Couto, com dois ferimentos provocados por faca na região abdominal. Ele foi operado e seu estado de saúde é considerado estável. 
 
Coutinho era considerado um dos maiores documentaristas do Brasil. Entre outros filmes, ele é autor de Cabra Marcado para Morrer, Babilônia 2000, Jogo de Cena e Edifício Master. Entre as diversas premiações internacionais e nacionais que recebeu, o documentarista é vencedor do Kikito de Cristal, tido como a mais importante premiação do cinema nacional, pelo conjunto de sua obra.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/

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