Gata desaparecida
Caso de condomínio em Brasília é investigado pela polícia
Gata desaparecida vira caso de polícia em Brasília
Tutora acusa vizinho de ser responsável por sumiço do animal no último dia 5, mas homem nega que tenha relação com o fato
Animais domésticos desaparecidos geram sempre sofrimento e angústia para seus tutores, mas, no caso da gata Berinjela, o fato virou também um caso de polícia.
É que a dona da felina, Marianna Burlamaqui, 25 anos, decidiu registrar um boletim de ocorrência para denunciar o que considera ser um caso de maus-tratos a animais recorrente no condomínio em que mora, em Vicente Pires, Brasília (DF).
Tudo começou quando Marianna deu falta da Berinjela, no último sábado (5/9). De acordo com a mulher, a casa em que mora tem um quintal grande em que os gatos tomam sol pela manhã e no fim da tarde. "Eu abro a porta para eles irem para o quintal pela manhã e, por volta das 17h, coloco-os para dentro de novo. Neste dia notei que a Berinjela não voltou", relata.
Ela diz ainda que, na casa dos fundos, há dois senhores que gostam dos animais e, por isso, eles costumam ir até a residência brincar. "Mas, na divisa com a casa desses senhores, tem essa outra propriedade. Não sei por que os gatos foram até lá, talvez estivesse tendo alguma oferta de comida, não sei”, questiona.
Segundo ela, foi nessa segunda propriedade que a Berinjela entrou logo antes de desaparecer e a questão se complica porque o condomínio tem uma "gatoeira", espécie de gaiola com um alçapão usada para capturar felinos e outros animais como saruês e gambás.
"A síndica comprou a gatoeira com dinheiro do condomínio, não nos consultou. Nunca houve votação, simplesmente compraram. Eles começaram a usar a armadilha nas áreas comuns e, logo em seguida, disponibilizaram para que fosse emprestada a qualquer morador", informa.
Marianna recorda que sua primeira atitude foi indagar a síndica sobre onde e com quem estava a gatoeira para que ela fosse procurar a Berinjela, mas a solicitação foi negada. "Depois que eu abri o boletim de ocorrência, ela me contou em que casa estava a armadilha. Fui até lá, eles me mostraram a gatoeira, mas a Berinjela não estava lá. Eles negam ter sumido com a minha gata, mas eu não confio em ninguém", diz.
Depois de insistir, a tutora conseguiu que o técnico desse a ela acesso às câmeras da rua. "Consegui ver a Berinjela entrando na casa dos vizinhos que estavam com a gatoeira e, logo depois, o carro da família saiu", coloca. Ela diz que tem medo de que os vizinhos tenham dado sumiço na gata. O caso foi registrado na 38ª Delegacia de Polícia, em Vicente Pires.
O outro lado
Procurado pelo Correio, o dono da casa em que Berinjela foi vista pela última vez se defendeu, mas preferiu não se identificar.
"O problema é que os gatos estavam entrando na nossa casa e arranhando nossos carros. Procurei a síndica para que o condomínio tomasse alguma providência, mas ela me disse que só poderia fazer alguma coisa se eu conseguisse tirar fotos e provar que foi mesmo o gato que fez esses danos. Eu nunca machucaria nenhum animal. Só queria tirar uma foto para poder pedir o ressarcimento dos danos ao meu patrimônio", comenta.
O homem diz ainda que já vendeu um dos carros — "esse prejuízo eu já levei" — e que, agora, só queria ter uma prova de que os gatos danificavam o outro veículo para poder cobrar da responsável.
"Ela diz que eu sumi com o gato dela, mas eu sou o maior prejudicado com o desaparecimento desse animal, porque assim nunca vou conseguir a prova de que é ele que vem aqui arranhar o nosso carro. Eles ficam soltos na rua, mexem em lixo de outros vizinhos, tem muito problema aqui com isso", argumenta.
Segundo ele, a gatoeira “é apenas uma gaiola” e não tem nada lá dentro que pudesse fazer mal à Berinjela ou a qualquer outro animal.
“Eu até coloquei comida lá dentro, mas esses gatos são acostumados com ração, ela não entrou, não consegui pegar. Essa gaiola não é minha, foi emprestada pela síndica do condomínio, foi a solução que me apresentaram”, reforça.
O vizinho ainda diz que tem medo de represálias.
“No começo, ela foi educada comigo, então fui educado também. Abri a porta da minha casa, mostrei para ela onde está a gaiola, mostrei que não conseguimos pegar o gato. Ela foi embora, mas depois voltou totalmente transtorna. Ela chegou ‘derrubando’ o portão (batendo muito forte), aí não deixei. A gente é educado com quem é também conosco. Agora, eu falo com quem quiser me ouvir porque não sumi com esse gato, só não quero divulgar meu nome porque até eu provar que as coisas não são como ela está dizendo, os protetores de animais vão pra cima de mim, vão ficar achando que eu sou uma pessoa má”, justifica.
Outras ocorrências
Este não foi o primeiro problema que Marianna teve com gatos na região. Segundo ela, um animal, até então de rua, foi atingido por outro morador com uma arma de chumbinho.
Na época ela também registrou ocorrência e acabou adotando o gato que, hoje, já está recuperado. "O que tem acontecido aqui é que há muitos gatos de rua e as pessoas têm reclamado, aí encontraram essa solução de comprar a gatoeira, mas é uma irresponsabilidade. A gente não conhece as pessoas. Vão capturar esses gatos e fazer o quê?", questiona.
Procurada pela reportagem, a síndica não respondeu aos contatos. Reforçamos que o espaço está aberto para que ela se manifeste. Enquanto isso, a gata Berinjela segue desaparecida e a tutora espalhou cartazes que oferecem até uma recompensa de R$ 500 pelo animal.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br