Gestão de resíduos
Dá para ganhar dinheiro com coleta seletiva no condomínio?
Por Alexandre Furlan Braz*
Síndicos, gestores e moradores!
Gostaria de esclarecer esse assunto que é sempre recorrente nas assembleias e reuniões de condomínio.
Felizmente, temos uma situação atual em que a maioria dos condôminos querem implementar a coleta seletiva.
A a pergunta que sempre surge no planejamento é. Quem vai coletar? Posso ganhar dinheiro com os recicláveis?
Para responder essas questões, vou citar abaixo alguns dados e informações:
Dados alarmantes da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) de 2016 sobre a geração de resíduos no país revelam que mais de 3.300 municípios ainda continuam a usar instalações inadequadas e lixões.
Se pensarmos na coleta seletiva, é ainda mais desanimador. Um serviço que é pouco prestado nos municípios, e quando presente, atende um pequeno percentual da população, como é o caso de São Paulo, que tem somente 3% de todo o resíduo gerado destinado à reciclagem.
Então, se não for com a coleta seletiva da prefeitura, com quem o condomínio pode contar?
- Empresas
- Cooperativas
Atualmente existe uma grande demanda de consumidores com reais intenções em fazer a coleta seletiva e pouca oferta de empresas realizando o processo industrial de transformação da matéria-prima o que gera um baixo valor do material reciclável.
Para vocês terem uma ideia, o valor do Kg comercializado de vidro é de R$ 0,13 e o do papelão, R$ 0,38. O único material que tem o valor mais alto é a lata de alumínio que é vendida por R$ 3,20 o Kg.
Sem grandes apoios da prefeitura, as cooperativas de reciclagem que coletavam gratuitamente os materiais nos condomínios, vão perdendo a motivação pelo alto custo da logística como também devido ao fato de o condomínio vender a latinha e deixar o que não tem valor agregado às mesmas.
Qual síndico nunca ouviu de uma cooperativa ou empresa “Não vale mais a pena coletar”.
Resta contratar aquela kombi caindo aos pedaços, que irá coletar somente o papelão e a latinha e deixar o condomínio na mão a qualquer momento, ou contratar uma empresa profissional que realize a logística.
É por isso meus amigos que, a ideia de ganhar algum dinheiro com os recicláveis é ultrapassada e a responsabilidade da geração de resíduos é sua e o dever de achar uma solução também.
(*) Alexandre Furlan Braz, graduado em bacharelado em Gestão ambiental pelo Centro Universitário Senac em 2009; Pós-Graduado pela faculdade ESPM em Gestão de projetos e liderança de equipes em 2012; Master em conforto ambiental pela ong ANAB em 2010. Em 2009 fundou o Instituto Muda, empresa esta que trabalha com gestão de resíduos em condomínios da cidade de São Paulo. Já ganhou 3 premiações internacionais e 2 nacionais e teve como resultados: a implementação da metodologia em diversos condomínios; conscientização e treinamento de mais 10.000 famílias, 30.000 pessoas; reciclagem de mais de 2.500 toneladas de material reciclável; geração de renda total de R$ 750.000,00 à 6 cooperativas de reciclagem da cidade de São Paulo beneficiando diretamente cerca de 100 famílias de cooperados e indiretamente, 400 pessoas. É colunista no portal SíndicoNet