Gestão de resíduos
Condomínios em Salvador apostam em coleta seletiva
Reciclagem reduz lixo em condomínios em até 80%
Salvador gera cerca de 2.490 toneladas de lixo todos os dias, mas apenas 1% do montante é reciclado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para mudar essa realidade e contribuir com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que prevê medidas para o aumento da reciclagem e correto descarte de materiais, condomínios passaram a reduzir até 80% do lixo residencial por meio de ações com cooperativas de catadores e empresas.
No Edifício Praia Ville, na Barra, o mau cheiro do lixo que ficava acumulado na lateral do prédio era o principal motivo de reclamações dos moradores. Para solucionar o problema de gestão dos resíduos residenciais gerados no local, a síndica Elba Ornellas firmou parceria com a Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava (Caec) e a Prisma, empresa júnior de engenharia química da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
"Após conhecer o serviço de gestão de resíduos sólidos da Prisma e o trabalho da Caec, encontrei a oportunidade de implantar um projeto ambiental e resolver de uma vez os problemas criados pela quantidade de lixo, reduzida em 80% com as ações nas 86 unidades do Praia Ville", conta Elba.
Entre as ações em execução pela parceria com a Prisma, a análise da forma como é realizada a coleta dos resíduos gerados pelos moradores, obtida por meio de questionários, é a base para a correta administração do lixo residencial.
"A gente vai no prédio e faz uma visita diagnóstica. Nela, é feito o dimensionamento da quantidade de lixo gerado no local e da rotina dos moradores do prédio. Depois dessa etapa, aplicamos um questionário junto aos moradores. Por fim, ocorre a capacitação para a manutenção e a seleção dos resíduos sólidos por eles", explica Vinicius Santos, coordenador de vendas da Prisma.
Dentro de um espaço na garagem do Praia Ville, coletores são organizados pelo tipo de material que será reciclado. Ao menos uma vez por semana, a Caec vai até o Praia Ville e faz o recolhimento de resíduos, como papéis, plásticos, metais, vidros, óleo e eletrônicos.
Os catadores são responsáveis por mais de 50% do material recolhido e encaminhado às cooperativas, de acordo com o Sindicato da Habitação da Bahia (Secovi-BA).
Apesar de o número destacar a importância dos catadores na cadeia de reciclagem, cooperativas como a Caec encontram dificuldades financeiras e operacionais para o trabalho de coleta.
"Personagens principais"
"Aqui, os personagens principais são os catadores. São eles que fazem tudo funcionar, mesmo com o desafio que estamos enfrentando com a queda de preço de recicláveis. Para suprir as despesas com o transporte de resíduos e operação dos materiais, passamos a atuar com uma ajuda de custo de R$ 100 mensais para a coleta semanal no condomínio", conta Otávio Leme, assessor técnico da Caec.
Além dos catadores, os moradores são engrenagens essenciais para o processo de gestão dos resíduos sólidos residenciais. Segundo Leme, nas palestras realizadas pela Caec em condomínios da cidade, a adesão dos moradores é baixa, fato que faz com que os assuntos sejam apresentados para um público formado majoritariamente por funcionários do setor de limpeza.
Para Kelsor Fernandes, presidente do Secovi-BA, na administração do material que pode ser reciclado e no processo do correto descarte dos dejetos produzidos pelo condomínio, o síndico entra como outra peça-chave importante no incentivo aos moradores e empreendimentos vizinhos.
"Apesar de importantes, as medidas de gestão de resíduos sólidos ainda são tímidas, estão em fase de implantação. Por isso, cabe ao síndico o papel de trocar conhecimentos com os moradores e colegas de profissão sobre a importância do correto descarte do lixo residencial, caso contrário, nada muda", explica Fernandes.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
Fonte: http://atarde.uol.com.br/