Imobiliária investigada
Empresa intermediava locações, mas não repassava valores
Imobiliária de Porto Alegre é investigada por intermediar locações e não repassar valores
Denúncias foram feitas por pessoas que negociaram com a empresa. Segundo o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-RS), a imobiliária atua de forma ilegal. Polícia Civil também investiga o caso
Uma imobiliária é investigada em Porto Alegre por intermediar locações e não repassar valores. Denúncias foram feitas por um grupo de pessoas que relatam problemas semelhantes nas negociações. Segundo o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-RS), a empresa atua de forma ilegal. A Polícia Civil também investiga o caso.
A defesa do proprietário da Zinirat, Rodrigo Gubert Carvalho, enviou uma nota à RBS TV em que informa que os problemas relatados já foram resolvidos ou estão em fase de resolução. Sobre a investigação realizada pela Polícia Civil, diz que, no prazo legal, apresentará defesa.
O comerciante Sandro Gonçalves é um dos lesados. Ele conta que recebeu ligação de um representante da imobiliária e fez contrato de dois imóveis. Recebeu o primeiro mês "pingado" depois de "procurar insistentemente a imobiliária" e, depois, os problemas aumentaram.
"Eles disseram que tinham clientes bem no perfil dos meus imóveis. Prometeram e alugaram rápido, em menos de uma semana. Tive que fazer modificações, mas conseguimos fechar negócio. Até achei legal, bem ágil. Mas depois do primeiro mês, começou a dificuldade de cobrança, sempre pingado com descontos indevidos. Repassou a primeira vez, pingado. Depois, passou R$ 950, R$ 900 na outra e, depois, não recebi", diz.
Uma mulher, que prefere não se identificar, também foi procurada pela Zinirat sobre o imóvel que colocou para alugar. Era feriado de carnaval e ela estava viajando. Então, acabou autorizando que um representante da imobiliária mostrasse o imóvel na sua ausência.
Quando retornou, foi surpreendida.
"Chegando lá, verifiquei que ele já tinha dado posse do imóvel sem minha autorização, na segunda de carnaval. Eles mostraram imóvel no sábado, tiveram acesso à chave só para mostrar o imóvel, sendo que convenceram a porteira a entregar a chave sob a alegação que teria alugado. A porteira entregou e, na segunda, o inquilino deles tomou posse do imóvel", conta.
O dinheiro do aluguel nunca chegou para a dona do imóvel, como ela relata. Ela diz que, toda vez que alguém cobrava a imobiliária, a resposta era sempre a mesma: que o dinheiro iria entrar "amanhã" ou "essa semana".
"Fiquei com prejuízo de dois meses porque uma pessoa morou no meu imóvel sem pagar IPTU, condomínio, e ainda deixou o imóvel depredado", afirma.
A imobiliária oferecia o serviço, cobrando taxas de mercado: 10% do valor do aluguel todo mês e, no primeiro mês, uma taxa de 50% a 100% do valor do aluguel. O diferencial era que os representantes já chegavam com o inquilino.
O Creci-RS diz que já recebeu seis denúncias contra a Zinirat, sempre com o mesmo motivo. Desde fevereiro, a imobiliária é fiscalizada. Nesse período, ficou constatado, entre outras coisas, que a imobiliária não tem registro para atuar.
"Junto a essas formalizações, houve reclamação de exercício ilegal da profissão, onde a fiscalização do Creci, por algumas vezes, já empreendeu diligência fiscal em dois endereços, onde constatou 14 casos. Além da empresa, que não está apta a atuar no mercado imobiliário, ela não está cadastrada no Creci", destaca o coordenador de fiscalização do Creci-RS, Rodrigo Cabral Macedo.
Nas redes sociais, a empresa anuncia serviços como administração de condomínio, aluguel, compra e venda e síndico profissional.
O Creci ainda descobriu que a imobiliária encontrava anúncios de imóveis na internet e passava a anunciar no seu próprio site, sem autorização dos donos.
Ao buscar pelo site da imobiliária na internet, a página não abre. A mensagem que aparece é que está em manutenção. Nas buscas, aparece um número de registro no Creci. Mas, segundo o Conselho, é de um corretor que é amigo de um dos donos da Zinirat. Essa situação também passou a ser investigada.
"As denúncias formais por ele ser profissional registrado, estamos canalizando para o registro dele. Ele vai ter que esclarecer", diz Macedo.
Quanto à regularização junto ao Creci, a defesa do proprietário da Zinirat informa que foi notificada e, no prazo legal, apresentou a defesa assinada pelo seu corretor responsável. Afirma ainda que ele é o dono do Creci.
Na Polícia Civil, o delegado que investiga o caso prefere não dar mais detalhes para não atrapalhar o andamento do caso.
Dicas para se prevenir de golpes
- Verificar se a imobiliária ou corretor são registrados;
- Procurar ter cautela com ofertas muito interessantes e contrato vantajoso que fuja dos padrões;
- Ter contato presencial, conhecer empresa.
- Como denunciar
- No site do Creci-RS há uma seção para fazer denúncias. A página também tem uma lista de fiscais pelo estado.
Em outra área, é possível pesquisar pelo número de Creci.
Fonte: g1.globo.com