Mão de obra qualificada encarece valores de condomínios na região
Há dificuldade para contratar porteiros e zeladores multitarefas. Salários pagos a esses profissionais têm reflexos para os condôminos.
Em São Carlos (SP) e região contratar bons porteiros e zeladores aptos a desempenhar funções de eletricista, encanador, entre outras, está cada vez mais difícil. Por isso, muitas administradoras de prédios têm aumentado o salário desses profissionais, o que acarreta um custo maior nos condomínios. Um levantamento do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário (Secovi-SP) revela que o valor da conta aumentou 103% nos últimos dez anos no estado.
O professor Antônio Pizani mora em apartamento e sente no bolso o aumento a cada ano. Em 2006, ele pagava R$ 547,81 de condomínio, valor que subiu para R$ 826,37 este ano. “E não é um condomínio de alto luxo. Se tivesse piscina e outras regalias, os valores seriam bem mais elevados”, disse.
Segundo o levantamento feito pelo Secovi-SP, os aumentos se devem principalmente aos custos gastos com mão de obra, que registraram maior alta, de 8,3% no ano passado, e 123% desde 2003.
Um porteiro na cidade ganha em média R$ 910 e um zelador R$ 950. Em busca de melhores salários, muitos buscam outras oportunidades, gerando uma rotatividade de mão de obra. “A consequência disso é ter pessoas não tão qualificadas, por isso não é fácil encontrar bons profissionais no mercado”, disse Arnaldo Sanchez, síndico de um prédio na região central.
A situação é ainda mais complicada para preencher vagas para zeladores. “É impossível contratar alguém por esse piso salarial hoje em dia”, afirmou João de Almeida, diretor de uma empresa de segurança. “É o cargo mais difícil porque requer algum conhecimento na parte hidráulica, elétrica e até na jardinagem”, completou Sandro Azevedo, administrador de condomínio.
O zelador João José da Silva é um desses profissionais difíceis de encontrar. Há dois anos, foi promovido de porteiro a zelador. Ele faz de tudo: atua como pintor, encanador, eletricista, jardineiro. Trabalhou como pedreiro na construção do prédio onde continua empregado, conquistou a confiança dos moradores e cresceu profissionalmente. Agora até recusa propostas de empregos. “Tem empresas que já me chamaram, mas eu não abandono o lugar que estou. Aqui me sinto valorizado”, disse.
Investir em cursos
Fiscalizar a entrada e saída de inúmeras pessoas ao mesmo tempo, verificar as câmeras de vigilância, ser cordial, estar atento a tudo que acontece. Estas são apenas algumas das várias tarefas cumpridas pelos porteiros e zeladores em sua rotina de trabalho. Mas o salário pago a esses profissionais é baixo, segundo João de Almeida, diretor de uma empresa de segurança.
“O ideal para o mercado hoje seria que o porteiro tivesse um salário de R$ 1,2 mensais mais os benefícios, o que faria com que esse profissional se fidelizasse no contrato dele. A rotatividade prejudica a operação. Como mo mercado está aquecido, os porteiros trabalham 15 dias, um mês e a hora que começam a conhecer a atividade eles migram para outra área”, explicou.
Almeida disse ainda é que esses profissionais devem investir em cursos para que consigam melhores oportunidades dentro do próprio local de trabalho. “É importante ter aulas de atendimento ao público, noção de informática, mas o melhor seria fazer um curso de vigilante, que engloba um bom conteúdo de tudo isso”, declarou.
Fonte: http://g1.globo.com
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