Condomínios do Vista Bela sofrem com alta inadimplência
Um dos problemas apontados pelos síndicos, ouvidos pelo JL, é o baixo rendimento mensal das famílias que moram nos apartamentos
Há vários meses uma moradora do Residencial Vista Bela (empreendimento do programa Minha Casa, Minha Vida), zona norte, não paga a taxa de condomínio. “O valor é muito alto [entre R$ 170 e R$ 180]. Vivo com um salário mínimo e moro com meus quatro filhos. Preciso da ajuda da minha mãe e dos meus irmãos para sobreviver”, afirma. A condição da moradora, que não quis se identificar, é a mesma de muitos outros que engrossam a inadimplência nos dez condomínios de apartamentos construídos no bairro. Em alguns, embora venham conseguindo reverter a situação, entre 50% e 60% dos moradores têm débitos.
A síndica do Vista Bela V, Marisa Souza, conta que dos 224 apartamentos, 80 estão inadimplentes este mês. Segundo ela, o valor médio pago por condômino é de R$ 120, mas alguns estariam pagando até R$ 190.
“Os que consomem mais água e gás pagam mais caro”, justifica. Devido a inadimplência, a síndica afirma que foi acumulada dívida de mais de R$ 44 mil com gás, encargos de funcionários e água.
A vice-síndica do Vista Bela II, Sandra Aparecida da Silva, conta que há alguns meses a inadimplência era de 56%. Quando ela e o novo síndico assumiram começaram um trabalho para reverter essa situação e conseguiram baixar para 10%, em média.
“Conversamos muito com os moradores e começamos a fazer melhorias no prédio. Colocamos mais iluminação, arrumamos o interfone, vamos comprar trava eletrônica para a entrada dos blocos”, conta. Em assembleia, eles fixaram o valor da taxa de condomínio em R$ 150. “Colocamos esse valor por um ano para pagarmos algumas dívidas anteriores. Em novembro faremos uma nova assembleia para baixarmos esse valor.”
Cleuza Dave, síndica do Vista Bela VII, também conseguiu reduzir a taxa de inadimplência de 60% para 30%, mas com um método mais radical. “Conseguimos na promotoria pública o direito de cortar a água daqueles que não pagam o condomínio”, diz. Cleuza e Marisa afirmam que muitos moradores têm renda muito baixa, com isso não conseguem pagar as taxas. Das 144 famílias do Bela Vista VII, Cleuza diz que pelo menos 30 praticamente não têm nada dentro de casa. No Bela Vista V, Marisa afirma que este número gira em torno de 40. Ambas ressaltam que estas famílias deveriam ter sido encaminhadas para as casas construídas no residencial e não em apartamentos.
O presidente da Cohab, José Roberto Hoffman, afirma que o processo de seleção (para encaminhar as famílias para apartamentos e casas do empreendimento) não contemplou algumas situações que hoje causam esses problemas. Como o programa Minha Casa, Minha Vida atende pessoas com faixa salarial de 0 a 3 salários mínimos, para os próximos empreendimentos, uma forma de evitar essas situações, segundo ele, será escolher para os apartamentos aqueles que estão próximos da maior faixa salarial.
Hoffman destaca ainda que existe também a dificuldade de administração de alguns síndicos. Por isso, a Cohab, em parceria com o Senac, ofereceu um curso de formação para síndicos durante cinco sábados.
Fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br/
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