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Ambiente

Individualização de hidrômetros

Em Sorocaba (SP) concessionária de água divide custos com o condomínio

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
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Agora é cada um com seu hidrômetro

A assinatura de um convênio inédito coloca Sorocaba na vanguarda da individualização dos medidores de consumo em condomínios construídos antes da lei municipal de 2008
 
Carla de Campos
Agência BOM DIA
 
Pagar apenas pelo que cada um consome de água era a grande luta dos moradores de dois blocos residenciais do Jardim Brasilândia, na zona Norte. Na sexta-feira, a briga chegou ao fim graças à assinatura de um convênio inédito entre o Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e os condomínios, um acordo que beneficia cerca de 350 pessoas.
 
O pioneirismo na busca de uma solução deve  ser transformado em modelo para Sorocaba e para o estado, aposta o diretor do Saae, Geraldo Caiuby. “Eu desconheço qualquer iniciativa deste gênero em São Paulo e mesmo no Brasil”, afirma o engenheiro.  
 
A discussão para individualização dos hidrômetros nos dois dos 10 blocos de apartamentos do  Jardim Brasilândia começou há cerca de dois anos. Pelo acordo firmado na sexta-feira, cada condomínio    vai arcar com 50% do valor do projeto de individualização, cujo valor total estimado é de  R$ 14 mil, segundo os moradores. A outra metade do valor será paga pela autarquia. Mas este complemento financeiro  vindo do  Saae também terá que ser pago   pelos moradores, dividindo o valor em  24 vezes lançado  nas contas mensais de água.
 
Coube à equipe da autarquia elaborar todo o projeto de individualização. O Saae também será responsável pela licitação, que deve ocorrer dentro de um prazo de 90 dias, e pela fiscalização da obra.  A expectativa é de que ela seja concluída em 30 dias, com a instalação dos hidrômetros no pátio interno de cada bloco de apartamentos. 
 

Projeto

 
A briga dos moradores, que gerou protestos, abaixo-assinados e momentos de atrito, passou por várias fases de elaboração. O ineditismo também foi responsável pela morosidade em sua aplicação, além dos trâmites burocráticos, explica o diretor do Saae. Uma das exigências para amparar legalmente a parceria com os moradores foi justamente a criação de uma lei, aprovada pelos vereadores.
 
A lei nº 9.242, de 20 de julho de 2010, de autoria do prefeito Vitor Lippi, autoriza o Saae a celebrar convênio com as Associações de Moradores dos Conjuntos Habitacionais de Interesse Social.
 
Isso é equivale a dizer, lembra Geraldo Caiuby, que qualquer condomínio que esteja nestas condições deve procurar o Saae para a regularização dos hidrômetros. “Estamos aqui prontos para orientar. E agora já temos um modelo de convênio”, diz.
 
Inadimplência /A falta de individualização dos hidrômetros obriga os moradores a ratear o valor total cobrado pelo consumo de água. Como uns gastam mais, outros menos, a situação  gera muito conflito na hora de pagar a conta. A falta de acordo, geralmente, resulta em inadimplência.
 
Com a separação das contas, o Saae ganha um novo mecanismo de cobrança, mais justo inclusive. Antes, a autarquia não podia cortar a água de um prédio inteiro só porque alguns deixaram de pagar a conta.
 
“Se uma  pessoa não paga, a outra também para de pagar  e não  podemos  cortar. A gente fica de mãos atadas. Agora, consigo agir somente em cima  daquela unidade que está inadimplente”, explica o diretor.
 
A  partir de agora, as dívidas dos conjuntos habitacionais podem ser negociadas com parcelamentos de longo prazo.  O Saae não consegue precisar o número de condomínios que ainda não possuem  hidrômetros individualizados em Sorocaba. Nesta terça-feira (21), a assessoria de imprensa da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) informou que faria um levantamento dos prédios nestas condições. Mas é certo que eles são os mais antigos, construídos antes de 2008, quando uma lei do vereador Jessé Loures de Moraes passou a exigir a instalação dos equipamentos de medição isolada.
 
Nas obras de responsabilidade do CDHU a individualização dos hidrômetros já acontece desde 2005. Em Sorocaba o  residencial Tulipas, no Jardim Tulipas,  é um exemplo disso.
 

Faltam oito blocos

 
Dois dos 10 blocos do CDHU no Jardim Brasilândia optaram por procurar o Saae e pedir a individualização dos hidrômetros. Saíram na frente os edifícios Fênix e Esperança.
 

320

é o  número de apartamentos da rua Xavier Toledo. Cada conjunto possui 32 apartamentos, construídos em 1998
 

Saae orienta projetos

Os conjuntos habitacionais de interesse social que quiserem se informar sobre  sistema de medição devem procurar o Saae.
 

Separação de conta parte de moradores

A conta única, rateada entre os apartamentos, incentivava a  inadimplência nos condomínios; dívida de um deles já  chega a R$ 100 mil
 
Os moradores dos dois blocos de apartamentos do Jardim Brasilândia estão comemorando a individualização das contas, prevendo uma relação mais justa com o Saae. A moradora Abiud Martinez é síndica de um dos blocos, onde mora desde a inauguração do conjunto habitacional, em 1998. “Vai nos livrar de uma grande dor de cabeça. Todos estavam cobrando por isso”, diz. Em seu condomínio, a inadimplência com o Saae está praticamente zerada e a última conta  foi de R$ 819,19. Dividindo entre os 32 apartamentos, a despesa é de  R$ 25,59 cada.
 
Do outro lado da rua, no bloco onde moram Luiz César Santos e Reinaldo de Almeida Muniz, a situação é bem diferente e a dívida com o Saae soma aproximadamente   R$ 100 mil. A conta de água acompanha o ritmo e chega a R$ 1.600 por mês. 
 
A grande inadimplência incentiva outros moradores a pararem de pagar suas contas. “Se os hidrômetros fossem independentes ninguém ficaria carregando o outro nas costas. Tem gente que abusa muito e gasta demais e com isso nosso bloco é um dos maiores devedores da rua toda”, completa Luiz César.
 
Após dois anos de mobilização e cobrança, os moradores contemplados com o benefícios das contas de água separadas lembram que chegaram a pedir o corte de água nos blocos de apartamentos para tentar alertar os inadimplentes sobre a dívida crescente. “Chegou uma época em que a gente não sabia mais o que fazer. Mas precisamos reconhecer o empenho do Saae, que agora resolveu a questão”, afirma  Luiz César. 
 
A aposentada Cleusa da Silva, 59, comemora a boa notícia enquanto se dedica às tarefas domésticas. “Agora vai dar para economizar de verdade”,diz.

Fonte: http://www.redebomdia.com.br

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