Infestação de escorpiões
Condomínio em Brasília convive com espécimes venenosos
Moradores da 209 Sul estão preocupados com infestação de escorpião
Funcionário de uma telefônica que fazia cabeamento na região e porteiro encontraram dezenas dos aracnídeos na área externa da quadra
Um porteiro do Bloco E e um funcionário de uma companhia telefônica encontraram dezenas de escorpiões durante um trabalho de cabeamento na 209 Sul. Os aracnídeos estavam em caixas de telefonia espalhadas pela região. Foram pelo menos cinco adultos e mais de 20 filhotes. Segundo técnicos da Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde, na região, o espécime urbano encontrado é o mais venenoso.
O porteiro Reginaldo Santos Nunes Junior, 33 anos, demonstrou preocupação. "Eles estavam nas caixas de telefonia, próximos aos blocos E, C e K. Tem muita criança na região que desce para brincar. Há risco. Não moro por aqui, mas minha filha, às vezes, vem para o trabalho comigo e também me preocupo por ela. Esses bichos são perigosos", afirmou.
Reginaldo acredita que, com a chuva, caixas de telefonia e outros bueiros da região ficaram mais úmidos e, com isso, os escorpiões podem ter se proliferado.
"Eram muitos. Já apareceram muitos aqui na quadra, mas tantos de uma vez só, eu nunca tinha visto", admitiu o porteiro.
O síndico do Bloco E também falou com a reportagem. Fábio Moura Sousa, 39, também demonstrou preocupação. "Os escorpiões não estavam no bloco. Mas ainda assim é um risco, principalmente, para crianças e idosos. No prédio, reforçamos a dedetização periodicamente", disse.
Fábio acredita que o GDF tem que ajudar a combater os escorpiões em outros locais da quadra, não apenas nos prédios.
"O que é do bloco, temos feito. Agora, na área externa, tem muitos bueiros e caixas que são de responsabilidade de concessionárias do serviço público e do GDF. Acho que eles precisam completar essa dedetização", afirmou.
Espécime venenoso
De acordo com o técnico da Vigilância Ambiental Luiz Gonzaga da Silva, o tipo de escorpião encontrado na cidade é o mais venenoso de todos. Apesar disso, ele afirmou que o aracnídeo não é agressivo e só pica se os seres humanos encostarem nele acidentalmente.
"No país, temos mais de 100 tipos de escorpiões, mas na região do DF, só encontramos três espécies, sendo que duas ficam apenas na zona rural. A terceira se adaptou para morar em bueiros e caixas telefone e de luz", explicou.
De acordo com Luiz Gonzaga, a espécime urbana vive em encanamentos e só sai à noite, pois morre se ficar muito tempo exposta ao sol. "Era pra se alimentarem de cupim, mas se adaptaram e comem barata e grilo, e têm essa fonte de alimento dentro do bueiros. Eles procriam o ano todo e não tem época certa para aparecer. Quando se multiplicam demais, o alimento fica escasso e eles cometem canibalismo e logo a população diminui e não temos grandes infestações", contou.
"Eles gostam de locais quentes, úmidos e escuros. Eles nunca atacam. Os acidentes acontecem por descuido nosso, com itens pessoais como roupas, toalhas, travesseiros, almofadas, calçados e luvas. Sempre com esses objetos. Também pode acontecer de pisarmos em um, mas é raro. As pessoas tem que saber que não existe isso de cor. Cada espécie pode ter várias cores. Mas as que ficam na cidade tem a peçonha mais forte. Eles se autofecundam e tem um ovo interno. Depois, os filhotes nascem e sobem nas costas da mãe", detalhou Gonzaga.
Ainda segundo o técnico, é mais comum encontrá-los em áreas de prédio pois são locais com muito mais caixas e bueiros que outros tipos de residência. Para evitá-los, o melhor é vedar os espelhos dos interruptores e as passagens de fio de telefone e TV a cabo.
"Eles morrem com inseticida, mas só na primeira aplicação. Não são como os insetos. O habitat dele é naquela caixa. O que não pode ter é fresta para o escorpião sair", recomendou.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br