Isolamento na pandemia
Alguns moradores seguem sem respeitar regras
Isolamento muda rotina em condomínios e gera 'denúncias' entre vizinhos em Ribeirão Preto
Síndico de um condomínio predial afirma que principais reclamações são de pessoas que seguem frequentando áreas comuns. Controlar as crianças também é desafio
O isolamento social para combater o novo coronavírus mudou a rotina nos condomínios. Áreas comuns, como parquinhos, praças e salões de jogos esvaziaram e um dos desafios é conseguir controlar as crianças. Há, no entanto, reclamações de moradores que seguem sem respeitar as regras momentâneas e emergenciais.
Vitor Luis Lobo da Silva é síndico de um condomínio de Ribeirão Preto (SP) que tem cerca de 5 mil moradores divididos em 1.248 apartamentos. O tamanho equivale e até supera cidades inteiras da região.
Silva explica quais as novas regras durante a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. “Não sair para qualquer coisa, deixar as crianças dentro dos apartamentos. A gente comunicou os moradores e deu certo”, avalia o síndico.
“A principal reclamação que eu tive foi de moradores 'entregando' outros vizinhos que estavam nas áreas comuns do condomínio, que não estavam em casa. Nós solicitamos à nossa segurança interna para que abordasse esses moradores e que eles voltassem aos apartamentos”, explicou Silva.
Rotina dentro do apartamento
A regra durante o isolamento na casa de Anne Krissia Medcalf e Marcos Fonseca é a divisão de tarefas. Anne, que é confeiteira, usa da profissão para distrair o filho.
“Um dia vamos para a cozinha fazer bolo, fazer brigadeiro. Um dia a gente coloca uma toalha na sala para fazer pinturas. A gente tenta amenizar a situação, mas para ele ficar mais tranquilo, ‘né’?”.
O vendedor Marcos Fonseca é quem sai para fazer compras quando necessário. “Em casa nós só andamos descalços, sapatos sempre tirados quando a gente retorna e colocar no fundo para higienizar”.
Dificuldades
Em outro condomínio, de 120 apartamentos, as regras de isolamento são as mesmas. Áreas comuns fechadas, como parquinhos, o que tira das crianças a chance de brincar em grupo.
São cerca de 100 crianças que precisam passar pelo isolamento no condomínio.
“Eles pensam que são imunes, mas são caminhos para levar para vizinhos pais, tios, avós. Então a gente tem essa preocupação de controlar as crianças dentro de casa”, explica o subsíndico Ermis Argolo.
Moradora do condomínio, a faxineira Soraya Junqueira tem problemas maiores do que lidar com crianças. Asmática, ela não sai da residência na para fazer os próprios tratamentos e, como está desempregada, espera com aflição pelo fim da pandemia.
“Estou sem desempregada, sou faxineira, e estou sem fazer nada, não tem renda. Tem que esperar passar, mas aí até quando vai esperar passar, né?, questiona.
Fonte: https://g1.globo.com/